Fundo florestal idealizado pelo Brasil receberá apoio financeiro da China

Os ministros das finanças da China e do Brasil estiveram reunidos nesta semana e criação de fundo para preservação de florestas receberá apoio chinês

05 jul, 2025
Floresta antes e depois de um incêndio florestal devastador | Reprodução/Artur Debat/Getty Images
Floresta antes e depois de um incêndio florestal devastador | Reprodução/Artur Debat/Getty Images

No encontro entre Brasil e China ocorrido no Rio de Janeiro, o ministro das Finanças da China, Lan Fo’an, indicou que o país asiático pretende contribuir com o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). A iniciativa, que está em fase de construção, é liderada pelo governo brasileiro e prevê o financiamento da preservação de áreas verdes em várias partes do mundo.

A reunião dos ministros

Diante da urgência do assunto, a proposta, apresentada pelo Brasil em fóruns internacionais, visa criar um modelo de investimento sustentável sem a dependência exclusiva das doações de países desenvolvidos.  Na reunião, não foi definido o valor da contribuição, mas segundo fontes envolvidas na negociação, a manifestação de apoio feita pelo chefe da pasta financeira chinesa Lan Fo’na, ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi interpretada como um sinal político claro de que a China está disposta a colaborar com a proposta.

A sinalização chinesa acontece num momento em que o Brasil articula para cooptar recursos não apenas de economias desenvolvidas, mas também das emergentes que apresentam um potencial financeiro significativo, como os países do Oriente Médio e do Sudeste Asiático. Com isso o Brasil busca permitir que essas contribuições ocorram de maneira voluntária, sem vínculo com as formalidades impostas pelo Acordo de Paris aos países ricos, apontados, historicamente, como os maiores responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa.


Imagens da reunião entre ministros de Brasil e China (Foto: reprodução/Instagram/@min.fazenda)

Estrutura e proposta de arrecadação

Apurações feitas junto a fontes ligadas ao planejamento do TFFF, dão conta de que o fundo será estruturado como um instrumento financeiro com grau de investimento elevado (AAA), com retorno anual que gira em torno de 3% e 4%. Operação que estima um investimento de US$ 4 por hectare na preservação ambiental. Cálculo estimado a partir da diferença entre o retorno previsto e os rendimentos mais altos dos bonds adquiridos, algo em torno de 8%.

De início, a proposta brasileira prevê uma captação de US$ 25 bilhões junto a governos e fundos soberanos, mas o objetivo futuro prevê atrair até US$ 100 bilhões em aportes privados. Outros países já demonstraram interesse na iniciativa, entre eles estão a Noruega, Alemanha, Reino Unido, França, Cingapura e Emirados Árabes Unidos.

A ideia de manter o fundo fora das negociações oficiais do clima, deve-se a crença do governo brasileiro em poder atrair novos tipos de investidores no futuro, em especial aqueles que demonstram interesse em projetos associados a valores éticos e ambientais. De acordo com fontes ligadas ao projeto, o propósito é que haja um alinhamento entre retorno financeiro e o impacto positivo, se valendo da tendência mundial de investimentos ESG.

 

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