China critica e desaprova tarifas aplicadas ao Brasil pelos Estados Unidos
Pronunciamento chinês cita trecho da Carta das Nações Unidas em posicionamento contra as tarifas impostas ao Brasil pelo governo norte-americano

Por meio da porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, o país asiático teceu duras críticas sobre decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. O posicionamento chinês classifica a medida tomada pelo mandatário americano como uma forma de coerção e intimidação no comércio internacional.
O princípio da soberania
Durante coletiva de imprensa ocorrida na última sexta-feira (11), Mao Ning declarou que o princípio da soberania e a não interferência em assuntos internos são pilares fundamentais da Carta das Nações Unidas. A porta-voz disse ainda que ignorar isso é um ato que fere diretamente as normas básicas das relações internacionais.
Pequim já havia se manifestado sobre o tema quando, no início da semana, os Estados Unidos começaram as movimentações para elevar as taxas impostas sobre países parceiros, incluindo o Brasil, naquele momento a China chamou a ação de “protecionismo prejudicial”. Mao destacou que guerras comerciais não produzem vencedores e que políticas tarifárias dessa natureza afetam negativamente os envolvidos.
Pronunciamento da China sobre tarifas (Vídeo: reprodução/YouTube/@uol)
Causa da tensão internacional
O assunto ganhou força e causou tensão internacional após o presidente norte-americano, Donald Trump, comunicar oficialmente ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, por meio de carta, a aplicação da nova tarifa a partir de primeiro de agosto. Em sua justificativa, Trump faz menção direta ao fato de o ex-presidente Jair Bolsonaro ter sido tornado réu pelo Supremo Tribunal Federal brasileiro, sob a acusação de tentativa de golpe de estado.
Reações do governo e especialistas
O presidente Lula reafirmou a soberania nacional e prometeu responder à medida valendo-se da Lei de Reciprocidade Econômica. O Brasil pretende, também, apresentar uma queixa formal à Organização Mundial do Comércio (OMC), em busca de reverter a decisão dos Estados Unidos.
Com a repercussão do assunto, alguns especialistas têm apontado que a decisão de Trump está ligada ao recente fortalecimento do Brics. Fato notado durante a cúpula do bloco realizada no Rio de Janeiro, o presidente americano já havia sinalizado que países alinhados ao grupo poderiam ser alvos de novas sanções tarifárias.