Usuários reclamam da queda no sistema do Pix

Na manhã desta segunda-feira (29), o sistema de pagamentos instantâneos Pix apresentou instabilidade em diversos bancos brasileiros e deixou usuários sem conseguir fazer transferências ou completar pagamentos. A falha parece ter início por volta das 11h, quando começaram a surgir registros de quedas e interrupções no serviço.

O que aconteceu

Relatos em redes sociais e notificações em plataformas que monitoram falhas, como o Downdetector, apontam que o problema afetou várias instituições ao mesmo tempo. Alguns usuários afirmam que nem conseguem abrir suas carteiras digitais ou iniciar uma transferência, enquanto outros veem mensagens de erro nos aplicativos dos bancos quando tentam usar chave Pix ou pagar contas.


Usuário utilizando o Pix (Foto: reprodução/Shutterstock/SeuDinheiro)

Bancos envolvidos e amplitude do problema

Segundo comentários, clientes de bancos como Nubank, Banco do Brasil, Santander, Inter e Bradesco foram alguns dos mais afetados. A instabilidade não parece concentrada em um banco apenas, mas sim em todo o sistema de pagamentos que depende da infraestrutura do Banco Central, o que sugere que a falha possa estar ao nível de rede ou de comunicação do sistema.

Reações dos usuários

Nas redes sociais, as queixas foram imediatas: muitas pessoas disseram que estavam com compras prontas ou contas para pagar e encontraram erros no Pix. Há registros de pessoas que tiveram constrangimento em filas, lojistas que não puderam fechar vendas, e transferências importantes que ficaram pendentes. Frases como “Pix fora do ar”, “não consigo pagar nada”, “meu banco não entende” foram repetidas em publicações.

Como está sendo resolvido

Por enquanto, não há confirmação pública de um prazo específico para normalização. Alguns usuários relatam que começaram a conseguir usar o sistema novamente por volta do meio-dia, mas o retorno ainda não é uniforme. Instituições bancárias e órgãos responsáveis pelo sistema, como o Banco Central, devem se pronunciar ou já estariam investigando a origem da queda.

MC Daniel surpreende vendedores de pipoca com pix de R$ 500 em Brasília

O funkeiro paulista, Daniel Amorim Nicola, mais conhecido como Mc Daniel, causou comoção nas redes sociais na última terça-feira (23), ao fazer um PIX de R$ 500 para dois jovens vendedores de pipoca em um semáforo perto da rodoviária do Plano Piloto, no Eixo Monumental, em Brasília. O gesto de solidariedade foi registrado e viralizou na internet. A situação toda aconteceu enquanto o cantor estava parado no trânsito da capital do Distrito Federal e decidiu registrar o trabalho dos rapazes.

Gesto de generosidade

O cantor, conhecido como Falcão do Funk, fez questão de registrar o momento, que aconteceu, enquanto estava parado em um semáforo, perto da rodoviária do Plano Piloto. O artista observou dois jovens vendedores de pipoca trabalhando com rapidez. Enquanto um deles colocava o pacote no retrovisor, o outro corria para pegar e recolher antes que o semáforo abrisse.

Ele perguntou a um dos jovens se ele já tinha comido naquele dia, e ouviu um pedido: “Leva tudo pai, pra ajudar nós”. Então o cantor perguntou quanto eles ganhariam vendendo tudo que tinham, eles responderam que precisavam de R$ 100 para cada um, para cumprirem a meta do dia. A princípio, o cantor disse que daria R$ 200 para cada. Mas logo mudou de ideia e enviou R$ 500 para que eles repartissem entre si.


Mc Daniel ajuda vendedores de pipoca em Brasília (Foto: reprodução/Instagram/@mcdaniell)

Os dois jovens ficaram extremamente felizes e agradecidos. Um deles reconheceu o cantor e reagiu surpreso “Oxe, é o Fafá, Mentira, Fafá”. O vídeo compartilhado por Mc Daniel em suas redes sociais viralizou rapidamente, com mais de 360 mil curtidas e muitos comentários parabenizando o artista pela ação. O cantor comentou sobre ter aprendido uma lição com a experiência: “Parece que tô ajudando duas pessoas, mais foi eu que aprendi mais uma vez…”, refletiu.


Mc Daniel comemora 7 meses do filho, Rás (Foto: reprodução/Instagram/@mcdaniell)

Celebração do mêsversário e primeiras palavras do filho

Recentemente, Mc Daniel também compartilhou momentos emocionantes com seu filho, Rás, ao comemorar o mêsversário de sete meses de vida do pequeno, na última quinta-feira (18). O funkeiro também se derreteu de felicidade ao falar sobre as primeiras palavras do filho. Em um post em seu Instagram, na terça (23), ele compartilhou a emoção de ouvir o filho falar “tatai”, ao tentar dizer papai pela primeira vez. O pequeno é fruto do ex-relacionamento do cantor com a influenciadora digital, Lorena Maria.

Polícia Federal prende grupo suspeito de invadir sistema PIX de bancos

A Polícia Federal prendeu em flagrante, no início da manhã de sexta-feira, José Elvis dos Anjos Silva, Fernando Vieira da Silva, Rafael Alves Loia, Marcos Vinícius dos Santos, Klayton Leandro Matos de Paulo, Guilherme Marques Peixoto, Nicollas Gabriel Pytlak e Maicon Douglas de Souza Ribeiro Rocha, suspeitos de participarem de uma organização criminosa, que realizava ataques em sistema de bancos. O grupo teria desviado por volta de R$ 1,2 bilhão de contas bancárias.

Ao chegar no imóvel onde o grupo se reunia, a Polícia encontrou computadores que contava com dados privilegiados da Caixa Econômica Federal, onde realizavam os desvios de dinheiro, via PIX. Os suspeitos teriam retirado um computador de uma agência da Caixa, levando para a casa onde os suspeitos foram encontrados.

O início da operação

Foi identificado um ataque em junho, gerando um prejuízo de R$ 800 milhões ao BMP. Depois, foi identificado mais um ataque, onde foram desviados cerca de R$ 400 milhões, em outra plataforma.

Nas investigações, os agentes acompanharam os suspeitos transportando o computador para uma casa na zona leste de São Paulo, se reunindo com os outros integrantes do grupo para a realização das fraudes.


Grupo de hackers preso em São Paulo pela Polícia Federal (Vídeo: reprodução/YouTube/g1)

Ao chegar ao local, os suspeitos negaram as acusações, alegando estarem em reunião para uma festa. Foi apreendido um notebook, um pendrive e 12 celulares.

Os suspeitos respondem por dois crimes

Segundo a Polícia Federal, o grupo, que está em prisão preventiva, será julgado pelos crimes de organização criminosa e tentativa de furto qualificado por meio eletrônico. Há investigações para descobrir se ainda há mais envolvidos no esquema de ataques cibernéticos e se também teve a participação de funcionários dos bancos que sofreram com os prejuízos.

A advogada de dois suspeitos, Rafael Alves Loia e José Elvis dos Anjos Silva, disse ao canal GloboNews, que “não há indícios”, negando a participação de seus clientes em crimes citados pela Polícia Federal.

Governo brasileiro responde à investigação dos EUA e defende STF e Pix

O Brasil enviou nesta segunda-feira (18) uma manifestação oficial ao Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) em resposta à investigação aberta pelos Estados Unidos sob a Seção 301 da Lei de Comércio de 1974. No documento, o Brasil nega a adoção de práticas comerciais desfavoráveis, injustas ou limitantes e afirma que não há fundamentos legais ou factuais que justifiquem a aplicação de sanções por parte do governo norte-americano. O documento também foi utilizado para reiterar a legitimidade das decisões do STF e do sistema brasileiro de pagamentos instantâneos (Pix).

Posicionamento do governo brasileiro

O Itamaraty destacou que o comércio entre Brasil e Estados Unidos é mutuamente vantajoso, ressaltando que os EUA mantêm um saldo positivo histórico na balança bilateral. O governo brasileiro também enfatizou que já realizou reformas nos setores mencionados pela parte norte-americana, todas conforme as diretrizes do comércio internacional. “Não há prejuízo às empresas norte-americanas em comparação com companhias de outros países”, informa o documento. Na avaliação do governo brasileiro, a adoção de medidas unilaterais violaria os princípios da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Em relação ao Pix, o governo informou que o sistema de pagamentos instantâneos segue padrões de segurança e proteção ao consumidor, sem impor barreiras a empresas estrangeiras. Ressaltou ainda que o sistema ampliou a inclusão financeira, incentivou a competição no setor de pagamentos, obteve maior participação de empresas privadas, inclusive dos EUA, e foi elogiado por instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Sobre propriedade intelectual, o Brasil afirmou que cumpre normas internacionais e está alinhado aos acordos da OMC.

O governo salientou que países como União Europeia, Índia e até os EUA adotaram sistemas semelhantes ao Pix, citando o FedNow, do banco central americano, como exemplo, que segundo o documento, o sistema “oferece funcionalidades semelhantes ao Pix”.


Lula em discurso sobre política econômica (Foto: reprodução/EVARISTO SA/Getty Images Embed)

Brasil defende STF

O governo brasileiro assegurou que as decisões do STF e ordens judiciais não resultam em discriminação contra empresas americanas, nem afetam sua capacidade de competir no Brasil ou globalmente. Destacou que o uso de multas e medidas obrigatórias é comum em qualquer Estado de Direito, inclusive nos EUA, e que exigências legais para empresas estrangeiras são práticas normais. O Brasil negou que o artigo 19 da Lei do Marco Civil da Internet seja direcionado contra empresas dos EUA, defendendo que se trata de norma geral. Segundo o documento, a objeção americana parece questionar medidas legítimas do país para proteger direitos fundamentais e combater crimes online.

Governo brasileiro envia hoje resposta a Trump sobre investigação comercial

O Brasil enviará nesta segunda-feira (18) resposta oficial aos EUA sobre investigação comercial aberta por Washington contra o país. A informação foi dada pelo Ministério das Relações Exteriores. O documento será protocolado pela embaixada do Brasil em Washington e representa a posição do país diante das acusações levantadas pela administração do presidente Donald Trump. A investigação comercial instaurada pelos EUA questiona práticas comerciais brasileiras, entre os temas está o Pix, um sistema de pagamento instantâneo muito utilizado pelos brasileiros por sua rapidez e facilidade.

EUA alegam prática desleal do Brasil

A investigação comercial foi iniciada no dia 15 de julho pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR), após o governo norte-americano acusar que o Brasil estaria aderindo às práticas comerciais vistas como “desleais”, levando a impacto negativo sobre a economia dos EUA.  Com isso, o presidente Donald Trump autorizou a aplicação de uma tarifa de 50% sobre alguns produtos brasileiros exportados para o mercado americano, entre eles a carne bovina e o café.

Alguns produtos, como suco de laranja e derivados de aço, foram retirados da lista original e passaram a compor um grupo de exceções. Apesar dessa flexibilização, diplomatas brasileiros consideram que as negociações não evoluíram significativamente, pois o então presidente Donald Trump não teria delegado a nenhum assessor autoridade para negociar diretamente as tarifas, o que tem dificultado avanços concretos.

O governo brasileiro também impugna a alegação de que a balança comercial seria desfavorável aos Estados Unidos. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, os números mostram o oposto, nos últimos 15 anos, os EUA arrecadaram o valor superior a US$ 400 bilhões.


Pronunciamento do presidente Lula sobre taxação dos 50% (Vídeo: reprodução/Instagram/@itamaratygovbr)

Veja os detalhes da investigação

A investigação comercial dos Estados Unidos contra o Brasil tem como base legal a Seção 301 da Lei de Comércio norte-americana, de 1974, uma lei que autoriza o governo americano a investigar e reagir a práticas de outros países consideradas injustas ou prejudiciais aos interesses econômicos dos EUA.

Entre os principais alvos da investigação estão o funcionamento do sistema de pagamentos PIX, a concessão de tarifas preferenciais, o tratamento dado à propriedade intelectual e as políticas de comercialização do etanol brasileiro.

Caso a investigação conclua que o Brasil está adotando práticas comerciais desleais, o governo de Trump poderá aplicar novas tarifas, retirar benefícios já concedidos ao país e implementar outras formas de retaliação.

Pequenos negócios terão empréstimos simplificados com nova linha do PIX

O Banco Central está prestes a avançar na evolução do PIX com o desenvolvimento de uma nova funcionalidade que permitirá a oferta de crédito consignado para autônomos e empreendedores do setor privado. A iniciativa, anunciada pelo presidente Gabriel Galípolo, pretende democratizar o acesso ao financiamento, facilitando condições de crédito mais acessíveis e inclusivas.

PIX facilitará empréstimos para autônomos a partir de 2026

O presidente do Banco Central destacou que “O modelo do PIX como garantia se inspira no crédito consignado, mas é voltado a quem não tem carteira assinada. A proposta busca atender a crescente parcela da população que vive do empreendedorismo ou do trabalho autônomo, permitindo que parcelas de empréstimos sejam descontadas automaticamente dos recebimentos via PIX.”

Apesar da investigação conduzida pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR), o desenvolvimento da ferramenta não será prejudicado. O governo mantém planos de incluir novas funcionalidades, com previsão de lançamento da tecnologia para o público a partir de 2026

Saiba como vai operar o PIX Garantia

Na nova ferramenta, os valores que autônomos e microempresas têm a receber via PIX serão vinculados aos empréstimos como garantia, e o pagamento será descontado automaticamente da conta todo mês na data acordada.

A proposta é utilizar essas garantias para reduzir os juros dos empréstimos concedidos a empreendedores autônomos, assim como já ocorre com trabalhadores formais que utilizam o FGTS.

Dessa forma, os bancos têm maior segurança no recebimento, pois contam com um fluxo garantido de receita por meio do PIX. Esse modelo de garantia automática contribui para reduzir o risco de inadimplência, o que pode resultar na diminuição dos juros cobrados nos empréstimos para empresas.


Pix foi criado em 2020 pelo Banco Central do Brasil (Foto: Reprodução/MAURO PIMENTEL/Getty Images Embed)

Apesar das tensões com o tarifaço de Trump e as investigações sobre o PIX, o Banco Central segue aprimorando a ferramenta e promete novidades.

Avanços recentes:

  • PIX Agendado Recorrente: Implementado em outubro, o recurso possibilita agendar transferências mensais de valor fixo, uma solução prática para despesas como aluguel entre pessoas físicas.
  • PIX por Aproximação: Desde fevereiro, instituições financeiras passaram a oferecer a opção de pagamento por aproximação na maquininha, como já ocorre com cartões.
  • PIX Automático: Em junho, foi lançada a função que permite automatizar pagamentos recorrentes, como contas de luz, água, escola, condomínio e serviços por assinatura.

A próxima fronteira do PIX é o mundo e o Banco Central já está preparando o terreno. Já presente de forma limitada em países como Argentina, Estados Unidos e Portugal, a proposta visa viabilizar pagamentos diretos entre nações. Ainda sem data definida, a iniciativa promete transformar as transações globais.

Para setembro, está prevista a chegada do PIX Parcelado, que permitirá dividir compras diretamente pelo sistema de pagamentos. A novidade oferece uma alternativa de parcelamento para os brasileiros que não possuem cartão de crédito.

Lula diz que Donald Trump deveria experimentar o método do Pix

Durante a 5ª reunião plenária do conselho realizada nesta terça-feira (5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs a Donald Trump, então presidente dos EUA, que ele aproveitasse a infraestrutura digital de referência.

Além disso, afirmou que com os recentes acontecimentos vindos do poder dos EUA em relação ao aumento de tarifas imposto ao Brasil e à investigação comercial, o presidente Lula emitiu essa fala já que os Estados Unidos temem que o sistema do Pix possa se expandir globalmente e colocar em risco o modelo tradicional de cartão de crédito.

Investigação comercial contra o Brasil

Em junho, foi anunciado pelo USTR (Escritório do Representante Comercial dos EUA) uma investigação movida contra as práticas comerciais do Brasil. O Pix entrou na lista que o considera como uma ferramenta desleal para pagamentos, tendo em vista a grande movimentação do dinheiro.

Governo brasileiro apresentará uma resposta ao governo americano, já que ressaltou em reunião que as práticas são legítimas para o comércio. Em defesa do Pix, o presidente afirmou: “O Pix é um patrimônio nacional e referência internacional de infraestrutura pública digital e aqui eu gostaria que o presidente Trump fizesse uma experiência com o Pix nos EUA”.


 Investigação sobre o pix se baseia em seção de lei comercial do país (Foto: Reprodução/Instagram/@globonews)

O sistema de transferência entrou na visão do dos EUA, em julho deste ano, para as investigações. Em trecho do documento americano o pix é citado como “Serviços de comércio digital e pagamento eletrônico”, esse é o sistema de transferência do Brasil. Afirmou ainda em mais um trecho “se envolve em uma variedade de atos, políticas e práticas que podem prejudicar a competitividade das empresas americanas que atuam no comércio digital e em serviços de pagamento eletrônico”.

Práticas absolutamente legítimas

Mauro Vieira, Ministro das Relações Exteriores, comentou sobre a resposta que será encaminhada ao governo dos Estados Unidos, após o norte-americano questionar sobre método financeiro utilizado pela população brasileira.

A resposta anunciada pelo ministro é: “Sobre a investida da seção 301 da Lei de Comércio norte-americana, que questiona o nosso Pix e outras práticas brasileiras absolutamente legítimas, gostaria de informar que o Itamaraty está coordenando a preparação da resposta a ser apresentada pelo governo brasileiro no próximo dia 18 de agosto”.

O uso da ferramenta é responsável pelo pagamento instantâneo, incluindo a realização de transferências e pagamentos diretamente entre contas bancárias utilizando chaves cadastradas na agência do cidadão.


Mauro Vieira afirma que sanções são contra práticas legítimas brasileiras (Foto: Reprodução/Evaristo Sa/Getty Images Embed)

O Brasil segue agindo de forma política, buscando o diálogo internacional, porém sem renunciar aos seus interesses estratégicos e ao seu direito de inovar. O futuro do comércio mundial depende de soluções modernas, acessíveis e equitativas, como o Pix.

A expressão da capacidade de criar soluções que atendem às necessidades reais da população consolidou o Pix como um instrumento acessível, seguro e eficiente, promovendo inclusão financeira e facilitando a vida de milhões de brasileiros.

Moraes determina bloqueio de contas e bens de Eduardo Bolsonaro

Nesta segunda-feira (21), o cenário político brasileiro foi agitado pela notícia do bloqueio de contas bancárias e bens do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O próprio parlamentar confirmou a medida, classificando-a como um “passo natural de ditadura” e “tentativa de asfixia financeira como forma de chantagem“, e reafirmou sua intenção de continuar buscando sanções contra ministros do STF junto ao governo de Donald Trump nos Estados Unidos.

A estratégia de “asfixia financeira”

A decisão judicial de Alexandre de Moraes determinou o bloqueio de todos os bens móveis e imóveis de Eduardo Bolsonaro. A medida também inclui o congelamento de suas contas bancárias e chave Pix, além da retenção de seu salário como deputado federal. Essa decisão, proferida sob sigilo no último sábado (19), faz parte de um inquérito que investiga as atividades do parlamentar nos Estados Unidos.

Segundo o ministro Moraes, Eduardo Bolsonaro teria “intensificado a conduta ilícita” após a operação da Polícia Federal que teve como alvo seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

A investigação em curso sugere que Jair Bolsonaro teria transferido R$ 2 milhões para custear a estadia de Eduardo Bolsonaro nos EUA. Os elementos apurados indicam que ambos estariam operando em “parceria” visando incitar o ex-presidente Donald Trump contra o Brasil.

A finalidade dessa suposta articulação seria obstruir o progresso da ação penal referente à tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro, na qual Jair Bolsonaro figura como o réu principal e cujo julgamento se aproxima.


Eduardo Bolsonaro usa suas redes sociais para expor suas opiniões sobre Alexandre de Moraes (Video: reprodução/Instagram/@bolsonarosp)

As sanções buscadas contra autoridades brasileiras

Eduardo Bolsonaro e seus aliados, como o jornalista Paulo Figueiredo Filho, têm atuado em Washington desde o início do ano, buscando a aplicação de sanções contra a Suprema Corte brasileira. A principal ferramenta em foco é a Lei Magnitsky, uma medida do governo dos EUA que permite sanções contra indivíduos estrangeiros implicados em violações de direitos humanos ou práticas corruptas. Essas sanções podem incluir a negação de entrada nos EUA, o congelamento de bens e limitações nas relações comerciais.

Em 18 de julho, foi comunicada a suspensão de vistos de entrada nos EUA para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo o de Alexandre de Moraes. Essa medida foi apresentada como uma resposta direta às ações cautelares impostas a Jair Bolsonaro, entre elas, a determinação do uso de tornozeleira eletrônica. No entanto, apurações indicam que essa ação já estava sendo articulada há semanas por bolsonaristas junto ao governo de Donald Trump.

O objetivo mais amplo dessas sanções é pressionar o Congresso brasileiro a aprovar uma anistia “ampla, geral e irrestrita” para os envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023. Eduardo Bolsonaro afirmou que a suspensão de vistos era “só o início” de novas sanções, que poderiam incluir aumento de tarifas sobre produtos brasileiros, como a tarifa de 50% já imposta a partir de 1º de agosto, e até a exclusão do Brasil do sistema SWIFT (uma rede global que permite a troca segura de mensagens entre instituições financeiras em todo o mundo). Contudo, a efetividade dessas medidas mais drásticas depende de aprovação no Congresso Americano e colaboração internacional.

Motivo das investigações de Trump contra o Pix

Nesta terça-feira (15), o governo dos Estados Unidos anunciou que abrirá investigações comerciais contra o Brasil.

A comunicação de tais investigações foi oficialmente comunicada pelo USTR (Escritório de Representante Comercial dos Estados Unidos) e já havia sido mencionada na carta que Donald Trump enviou ao governo brasileiro na última semana, porém dentre os fatores desta investigação uma se destacou: a apuração de eventuais irregularidades no Pix.

O Pix na mira

Desenvolvido durante o governo de Michel Temer e lançado no governo de Bolsonaro, o Pix acabou muito bem aceito e se tornou muito popular entre os brasileiros.

No documento da USTR consta uma menção indireta ao Pix como sendo um dos motivos para investigação. Segundo o relatório, empresas norte-americanas que são do setor de pagamentos estariam sendo prejudicadas por um “sistema de pagamento” desenvolvido pelo governo brasileiro.

Um trecho deste documento menciona que o Brasil parece ter envolvimento com várias práticas desleais de pagamento eletrônico, mas não diz exatamente que práticas seriam estas.

Segundo a BBC News Brasil, especialistas afirmam que um dos motivos para a inclusão do Pix nas investigações tem a ver com a tentativa de proteção aos interesses das empresas de tecnologias e pagamentos dos EUA, chamadas de big techs, qual os principais diretores desses setores são apoiadores do governo de Donald Trump.


Investigação ao Pix (Vídeo: reprodução/YouTube/CNNbrasil)

A economista e professora da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas São Paulo), Carla Beni, diz que um dos motivos do governo americano se voltar para o Pix tem relação com o setor financeiro das empresas norte-americanas. Segundo ela, como o Pix é um sistema de pagamento gratuito, empresas do setor podem ter se “sentido prejudicadas”. Com o crescimento do Pix, as grandes empresas mundiais de cartão de crédito perderam espaço no mercado e conforme o Pix avança com Pix crédito e Pix parcelado, essas empresas continuarão perdendo. “O governo americano está fazendo uma varredura onde suas empresas podem estar sendo prejudicadas”, completou.

Já para Frederico Glitz, advogado especialista em direito internacional e doutor em Direito pela Universidade Federal do Paraná, o Pix diminuiu a dependência, tanto das empresas de bandeiras de cartões de crédito quanto das big techs, que são empresas majoritariamente americanas, e o resultado foi a ferramenta ter se tornado alvo da investigação.

A investigação é apenas mais um meio dos EUA pressionar o Brasil e dependendo do resultado do fim das investigações, as autoridades norte-americanas poderão até impor mais tarifas ao Brasil ou até mesmo proibir que alguns produtos sejam importados, frisou ele.

Segundo a BBC News Brasil, questionamentos ao USTR e a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) foram enviadas, mas não obtiveram respostas de nenhum dos órgãos.

Reações à investigação

Após a inclusão do Pix na investigação do USTR, houve reação nas redes sociais e também no governo do presidente Lula.

Durante uma entrevista coletiva nesta quarta-feira (16), Rui Costa, ministro da Casa Civil, disse que é inacreditável que Trump esteja preocupado com um meio de pagamento adotado pelo Brasil e que é totalmente aceito pela população, empresas e setor financeiro.

Já o perfil oficial do governo federal postou a seguinte frase: “O Pix é do Brasil e dos brasileiros. Parece que nosso Pix vem causando um ciúme danado lá fora, viu? Tem até carta reclamando da existência do nosso sistema seguro, sigiloso e sem taxas”.

A postagem foi feita na rede social X, antigo Twitter.

EUA inicia investigação contra Pix; Alckmin afirma ser sucesso

Nesta quarta-feira (16), o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, fez uma declaração afirmando que o Pix, um dos tópicos que vai ser investigado pelos Estados Unidos, é considerado um “sucesso”. De acordo com Alckmin, o que necessita ser esclarecido e resolvido é a questão dos EUA impor tarifas de 50% às exportações do Brasil.

Negociação

Alckmin falou sobre o assunto após o início de uma investigação comercial pelos EUA em desacordo com Pix, o principal questionamento seria sobre a desvantagem competitiva para estabelecimentos americanos do ramo financeiro. O governo atual do presidente Trump também aponta outros temas para o início da investigação, sendo eles a propriedade intelectual e o desmatamento. Os assuntos serão esclarecidos detalhadamente, segundo o vice-presidente.


Presidente Inacio Lula e Geraldo Alckmin (Foto:reprodução/EVARISTO SÁ/Getty Images Embed)

De acordo com Alckmin, essa não teria sido a única vez que os EUA iniciaram uma investigação comercial diretamente contra o Brasil, e, em momentos anteriores, o país esclareceu as perguntas referentes ao assunto e o processo foi finalizado. O ministro declarou ser a favor de uma resposta consistente e clara do governo brasileiro.

O governo do presidente Lula anunciou nesta quarta-feira (16) que mandou uma carta nova ao governo de Donald Trump, na qual expressou “indignação” com a taxa de 50% sobre mercadorias brasileiras, na carta ele afirma estar propenso a negociar e requisitou uma resposta a outra mensagem despachada em maio.

Proposta sigilosa

Ele ressaltou que, no dia 16 de maio, o Brasil já tinha enviado uma proposta sigilosa aos Estados Unidos para prosseguir com um acordo comercial e analisar alguns pontos tarifários que afetam o relacionamento entre ambos os países. A proposta, de acordo com ele, ainda obteve resposta.


Presidente Donald Trump (Foto:reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)

O vice-ministro argumentou a favor de que empresários e trabalhadores, do Brasil e dos EUA, trabalhem juntos para finalizar o assunto, dando sempre prioridade para a comunicação diplomática e comercial, entre ambos os países.