STF julga núcleo da minuta do golpe e define novas etapas do processo

O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para os dias 9, 10, 16 e 17 de dezembro o julgamento dos seis réus da Ação Penal 2693, processo que trata da tentativa de golpe de Estado investigada no inquérito das milícias digitais. A ação envolve integrantes do chamado “núcleo 2”, apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como responsável pela elaboração da “minuta do golpe” e pela coordenação de ações que visavam interferir no resultado das eleições de 2022.

De acordo com o STF, as sessões ocorrerão em quatro datas, com dois turnos nos dias 9 e 16 de dezembro — das 9h às 12h e das 14h às 19h — e turnos únicos nos dias 10 e 17, apenas pela manhã. O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, solicitou a inclusão do julgamento na pauta da Primeira Turma, sob a condução do ministro Flávio Dino, presidente do colegiado.

Entre os acusados estão o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, o delegado da Polícia Federal Fernando de Sousa Oliveira e o general da reserva Mário Fernandes. A PGR aponta que o grupo teria atuado para “neutralizar” autoridades públicas e mobilizar ações da PRF para dificultar o voto de eleitores da Região Nordeste.

PGR aponta planejamento e tentativa de interferência eleitoral

A Procuradoria-Geral da República detalhou que o “núcleo 2” foi essencial na tentativa de viabilizar o golpe de Estado. Segundo a denúncia, os réus articularam medidas para anular o resultado das eleições e elaborar um documento com instruções para a decretação do Estado de Defesa — a chamada “minuta do golpe”. O texto previa a intervenção militar e o afastamento de ministros do Supremo, em uma tentativa de manter o então presidente Jair Bolsonaro no poder.


 Especialista explica o que é e a importância da minuta do golpe (Vídeo: Reprodução/Instagram/@portalg1)

Além da elaboração do documento, os acusados teriam planejado ações de monitoramento contra autoridades públicas e estratégias de desinformação. Há também indícios de que o grupo tenha participado de operações que restringiram a mobilidade de eleitores, especialmente no Nordeste, no segundo turno das eleições de 2022.

A PGR reforça que a atuação foi coordenada, com divisão de tarefas e uso de estruturas estatais para fins políticos e eleitorais. Os crimes imputados incluem tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Supremo avança no julgamento e sinaliza rigor institucional

Com a conclusão da fase de instrução processual e o envio das alegações finais, o STF avança em mais uma etapa das investigações relacionadas à tentativa de golpe de 2022. O julgamento do “núcleo 2” ocorre após a condenação de dezenas de réus vinculados à invasão das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023. A expectativa é de que este novo julgamento aprofunde a responsabilização de agentes que ocuparam cargos estratégicos no governo anterior.

O ministro Alexandre de Moraes tem defendido que o Supremo atue com rigor para preservar o Estado Democrático de Direito e punir qualquer tentativa de ruptura institucional. O ministro Flávio Dino, que presidirá as sessões, destacou a importância de garantir a transparência e o devido processo legal durante o julgamento.

A decisão de agendar o julgamento para dezembro sinaliza a intenção do STF de encerrar as principais ações penais ligadas à trama golpista ainda em 2025. A conclusão desses casos é considerada essencial para consolidar a resposta institucional às tentativas de subversão da ordem democrática.

Moraes autoriza visita médica na casa de Bolsonaro após crise de soluços do ex-presidente

A defesa do ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL), solicitou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, a autorização para que o ex-chefe de Estado receba visitas médicas após um agravamento da crise de soluços. O pedido foi enviado na última sexta-feira (10), mas entrou no sistema da Corte apenas nesta segunda-feira (13), data que o ministro do STF aprovou o pedido feito pelos advogados de Bolsonaro.

Ainda nesta segunda-feira, Moraes rejeitou outro pedido feito pela defesa de Jair Bolsonaro, não aceitando a solicitação de revogação da prisão domiciliar do ex-presidente.

Liberação de Moraes

O ministro Alexandre de Moraes autorizou, nesta segunda-feira, que a médica Marina Grazziotin Pasolini, profissional indicada pela defesa de Bolsonaro, poderá realizar os procedimentos que julgar necessário para tratar a saúde do ex-presidente sem necessidade de um pedido de autorização prévia. Moraes ainda ressaltou que Bolsonaro poderá ser encaminhado para um atendimento de urgência, desde que seja enviada uma comprovação em até 24 horas após o ocorrido.


Bolsonaro na saída do hospital DF Star, em Brasília–DF, após passar por procedimentos cirúrgicos (Foto: reprodução/Ton Molina/Getty Images Embed)

Crise que se repete

Os advogados do ex-presidente julgaram plausível uma visita de um profissional da saúde na residência de Bolsonaro após um agravamento de sua crise de soluços. O episódio não é inédito, pois, no fim de setembro, o político enfrentou o mesmo problema, e segundo o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), seu pai chegou a vomitar quatro vezes, sendo necessário que o médico da família passasse a noite na residência do ex-chefe de Estado.

Pedido de revogação negada

Moraes concedeu a liberação para que Bolsonaro receba atendimento médico em sua residência. Em contrapartida, o ministro não aceitou um pedido de revogação da prisão domiciliar solicitado pela defesa do ex-presidente.

Após julgar que Bolsonaro descumpriu medidas cautelares que atrapalhavam o processo de investigação da chamada “trama golpista”, Moraes decretou a prisão domiciliar do ex-presidente no início de agosto deste ano. No fim de setembro, a defesa do ex-Chefe de Estado entrou com um pedido ao STF alegando que não havia fundamentos para a pena, solicitando não somente a revogação da prisão domiciliar, como outras medidas restritivas, como o uso de tornozeleira eletrônica.

Por outro lado, Moraes afirmou que a manutenção da prisão domiciliar é necessária, uma vez que Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão, e uma possível fuga do ex-presidente, segundo o ministro, não pode ser descartada.

Marcelo Freitas vota pelo arquivamento da cassação de Eduardo Bolsonaro

O deputado Marcelo Freitas (União – MG) votou nesta quarta (8) no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados pelo arquivamento do processo que pede a cassação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL – SP) por atuar contra o país e na defesa das sanções dos EUA contra o Brasil com o objetivo de desestabilizar as instituições republicanas.

O Voto de Freitas

Marcelo Freitas foi escolhido pelo presidente do colegiado e é um aliado antigo da família Bolsonaro e já se referiu a Eduardo como amigo. Ele defende que parlamentares, especialmente os da oposição, costumam recorrer a órgãos internacionais para expressar críticas ao governo, e que isso não necessariamente configura uma quebra de decoro.

Ele ainda pontuou que não houve afronta à soberania nacional e que não é possível responsabilizar Eduardo sobre as sanções adotadas por outro país. Após a leitura do parecer, o deputado Chico Alencar (PSOL – RJ) pediu vista do processo. A votação do relatório deverá ser na próxima semana e se o parecer de Freitas for rejeitado um novo relator será escolhido e caso seja aprovado, ainda caberá recursos.


Eduardo Bolsonaro na Casa Branca (Foto: Reprodução/ Mandel Ngan/ Getty Images Embed)

A possível cassação de Eduardo

O filho de Bolsonaro, foi eleito por São Paulo e mora nos EUA desde o início do ano e tem se reunido com as lideranças americanas e é apontado como um dos incentivadores das sanções econômicas que o governo americano colocou contra autoridades e produtos brasileiros.

A Procuradoria Geral da República (PGR) foi a responsável pela denúncia no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo crime de coação e pela tentativa de pressionar as autoridades brasileiras e influenciar os rumos dos processos contra o pai.  Eduardo é alvo de 3 pedidos  de cassação que já foram encaminhadas ao Conselho de Ética e o esperado é que essas representações caminhem juntas.

Uma outra representação que está para começar a ser discutida em 2026 é sobre o excesso de faltas. Eduardo Bolsonaro tem acumulado faltas sem justificativas e assim podendo ser cassado por excesso de ausências. Apesar da manobra de seus aliados para abonar as faltas baseado no entendimento que parlamentares em cargo de liderança podem ter faltas abonadas. Tática frustrada porque o presidente da Câmara rejeitou essa representação.

 

Jair Bolsonaro: A rotina do ex-presidente em dois meses de prisão domiciliar

Desde que foi condenado a cumprir prisão domiciliar, por descumprir medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, Bolsonaro têm momentos onde recebe aliados para discutir sobre política e até momentos de lazer, quando assiste jogos de futebol, pela televisão.

Nesses dois meses, o ex-presidente já recebeu diversas visitas, como o Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo. Além disso, também teve encontros para alinhar pensamentos sobre as eleições de 2026 e definir os possíveis candidatos para representar a direita.

As reuniões para tratar sobre política

Bolsonaro ainda reforça, através de recados, a anistia de todos os presos pelo ataque de 8 de janeiro de 2023, onde só aceita que o perdão seja para todos, sem nenhuma negociação diferente.

Nas reuniões, são comentados os novos rumos dos familiares do ex-presidente. O filho Eduardo Bolsonaro, que hoje é Deputado Federal por São Paulo, deve concorrer à vaga por uma cadeira no Senado; a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também deve concorrer por uma vaga no Senado, mas pelo Distrito Federal. Tarcísio de Freitas é o nome mais cotado para ser o grande representante da direita na disputa da presidência do Brasil.


Tarcísio de Freitas visita Jair Bolsonaro (Vídeo: reprodução/YouTube/Record News)

A saúde de Jair Bolsonaro

Há uma grande preocupação sobre a saúde do ex-presidente, que recebe constantemente cuidados médicos. Bolsonaro já chegou a ficar dois dias internado, para a realização de uma bateria de exames, por conta de crises de soluço e refluxo.

O ex-presidente tem dificuldade para manter longas conversas, afirmam pessoas que o visitaram. Michelle controla a rotina do marido, cuidando dos horários dos medicamentos e controlando também o horário de entrada e saída de visita.

O receio de Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses de prisão, em regime fechado, pela tentativa de golpe de Estado, é que seja transferido para o Complexo da Papuda. A defesa do ex-presidente usa a saúde dele como argumento para que mude para o regime domiciliar.

STF se preocupa com saúde de Bolsonaro e prisão domiciliar vira pauta

Condenado no último dia 11 de setembro por cinco crimes praticados na trama golpista, o ex-presidente Jair Bolsonaro teve sua saúde em pauta no STF durante os últimos dias.

Com a proximidade do encerramento do trânsito em julgado do caso, a Corte agora avalia se mantém o plano de prisão em uma cela especial na Papuda ou mantém a atual prisão domiciliar à qual Bolsonaro está submetido.

Bolsonaro tem problema na região abdominal

Bolsonaro tem se queixado desde a facada que sofreu durante a campanha eleitoral na qual foi eleito em 2018 e, desde esse período, foram pelo menos seis internações apenas por conta deste problema.

Na internação do início do mês, médicos especialistas ficaram mais preocupados por conta de falhas renais apresentadas e pelas internações se tornarem frequentes a ponto do quadro de saúde de Bolsonaro ser considerado delicado.


Saída do hospital do ex-presidente Bolsonaro (Vídeo: Reprodução/YouTube/CNN Brasil)

Além disso, foi descoberto neste mês um câncer de pele onde algumas partes das lesões do tecido foram retiradas, mas que vão precisar de tratamento. Para os médicos, o câncer se deve a alta exposição aos raios UV vindos do sol sem a devida proteção.

Com esse cenário, o STF avalia internamente a possibilidade de manutenção da prisão domiciliar por conta da maior facilidade de deslocamento para o hospital, mas as constantes violações de regras da prisão domiciliar chamaram a atenção da Corte que ainda não tem posicionamento fechado sobre como Bolsonaro cumprirá os 27 anos e três meses de pena.

Apesar do cenário, a defesa de Bolsonaro se vê otimista em conseguir a manutenção da prisão domiciliar após o trânsito em julgado pela facilidade logística.

Base bolsonarista já pensa atuação de Bolsonaro nas eleições de 2026

Com todos os problemas de saúde, a condenação recente na trama golpista e a inelegibilidade que já vem desde 2023, a base de aliados de Bolsonaro já se planejam para não ter o ex-presidente em seu palanque já que não poderá se manifestar politicamente por conta da prisão domiciliar e provavelmente pela condenação recente.

Apesar disso, o bolsonarismo ainda sustenta que o ex-presidente será candidato nas eleições de 2026, mas a inelegibilidade que vem desde 2023 acaba com qualquer possibilidade disso e a condenação pela trama golpista muito provavelmente enterra de vez as chances do ex-presidente voltar ao Palácio do Planalto.

Para especialistas em política, a condenação de Bolsonaro deve criar uma disputa política pela chancelaria do mesmo à nomes da extrema-direita. Apesar do rótulo ter se desgastado nas eleições municipais de 2024, o selo de aprovação do ex-presidente ainda segue sendo ponto favorável dentro deste espectro político.


Bolsonaro está de tornozeleira eletrônica desde julho (Vídeo: Reprodução/X/@jnascim)

No entanto, os especialistas afirmam que a condenação pode ser um fator de enfraquecimento do bolsonarismo, afinal esta foi uma das grandes bandeiras para combater a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, que saiu vencedor do pleito de 2022.

Além disso, os escândalos das emendas PIX, o apoio ao tarifaço que Trump impôs ao Brasil e votações das PECs da Blindagem e da anistia que foram amplamente combatidas pela população tem colocado a extrema-direita em choque com o povo que vê na mesma uma legislação para “salvar a pele” de Bolsonaro.

Por fim, pautas como o fim da escala de trabalho 6×1 e o aumento da isenção de imposto de renda tem fortalecido para os especialistas um posicionamento mais a favor do povo para o governo e mostra que as pautas, sobretudo advindas das redes sociais, estão sendo observadas por um governo que nesta visão tem se mostrado mais próximo da população.

Michelle afirma que estará preparada para lançar candidatura política

Nesta quarta-feira (24), o jornal The Telegraph publicou que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) afirmou, durante uma entrevista, que planeja lançar sua candidatura em 2026. Dentre os assuntos abordados, ela falou sobre as sanções impostas pelos EUA ao Brasil e sobre a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ela afirmou que vai se erguer “como uma leoa” para defender os valores conservadores com os quais ela compactua, a verdade e a justiça, e que, se for da vontade de Deus, estará pronta para assumir uma candidatura política. Michelle é o nome cotado para disputar a vaga no Senado pelo Distrito Federal e até mesmo à Presidência da República em 2026.

Michele fala sobre Bolsonaro

Na visão de Michelle, a decisão da Primeira Turma do STF, que resultou na condenação de Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão por envolvimento em tentativa de golpe, representa uma “farsa judicial”. Durante sua fala, ela diz que as acusações contra o ex-presidente foram uma forma de esconder diversas violações que acontecem no Brasil, mesmo que as acusações exponham as violações.


Michele diz que se erguera como "leoa" para candidatura em 2026 (Vídeo: reprodução/YouTube/@UOL)

Com a prisão domiciliar de Bolsonaro, ela deixou claro que sua prioridade é cuidar das filhas e do marido, ressaltando também que vem buscando impedir a perseguição e humilhações dirigidas à sua filha, que, segundo ela, é conservadora, para que isso não destrua sua família ou a de outras pessoas que também são injustamente atingidas.

Em entrevista ao Telegraph, ela também comentou as sanções aplicadas pelo governo de Donald Trump a autoridades brasileiras. Para Michelle, a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta gerar caos no país para, em seguida, responsabilizar Trump, utilizando o cenário de instabilidade que, em sua avaliação, teria sido causado pelas próprias políticas do atual governo.

“Nós não desejamos sanções para o Brasil, mas não temos influência sobre os Estados Unidos. No entanto, podemos claramente identificar os responsáveis pelas sanções: Lula e Alexandre de Moraes, cujas ações provocaram esta crise”, concluiu Michelle.


"Me manifestarei sobre candidaturas no momento oportuno", diz Michelle Bolsonaro (Vídeo: reprodução/YouTube/@CNN)

Bolsonaro já falou sobre Michele se candidatar

Em janeiro deste ano, durante uma entrevista concedida à CNN, o ex-presidente disse não ver problemas com a possibilidade de Michelle se candidatar à Presidência da República.

Bolsonaro comentou uma pesquisa do Paraná Pesquisas, dizendo que Michelle aparece dentro da margem de erro em relação a Lula. Ele avaliou que o evento no exterior deve aumentar bastante a popularidade dela e acrescentou que não teria objeções a uma eventual candidatura, apontando que seria um bom nome com chances de vitória. O ex-presidente ainda sugeriu a possibilidade de assumir a Casa Civil em um eventual governo comandado pela esposa.

Bolsonaro pede ao STF fim da prisão domiciliar e medidas restritivas

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) protocolou nesta terça-feira (23), no Supremo Tribunal Federal (STF), um pedido para revogar a prisão domiciliar e demais medidas cautelares impostas contra ele. Os advogados argumentam que não há mais justificativa para manter as restrições, já que a Procuradoria-Geral da República (PGR) não incluiu Bolsonaro na denúncia apresentada nesta semana por coação em processo judicial. A acusação recaiu apenas sobre o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, e o blogueiro Paulo Figueiredo.

Segundo a defesa, como Bolsonaro não é alvo dessa denúncia, perde o sentido manter medidas como tornozeleira eletrônica, proibição de uso de redes sociais, restrição de contato com autoridades estrangeiras e impedimento de aproximação de embaixadas e consulados. Para os advogados, essas cautelares limitam injustamente a liberdade de expressão e de locomoção do ex-presidente.

Prisão decretada após descumprimentos

As restrições contra Bolsonaro começaram em julho, quando o STF identificou indícios de que ele estaria interferindo nas ações de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos e tentando obstruir o andamento de processos ligados à tentativa de golpe de Estado. Mesmo proibido de usar redes sociais e de manter contato político, o ex-presidente apareceu em vídeos, falou com apoiadores e participou, por telefone, de manifestações.

Diante das violações e do risco de fuga, o ministro Alexandre de Moraes determinou, em 4 de agosto, a prisão domiciliar de Bolsonaro. Desde então, o ex-presidente cumpre a medida em sua residência, sob monitoramento eletrônico.


Alexandre de Moraes (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Bloomberg)

Defesa busca aliviar cenário jurídico

Apesar de já ter sido condenado pelo STF a 27 anos e três meses de prisão por envolvimento na trama golpista, Bolsonaro ainda não pode ser preso por essa sentença, pois restam recursos pendentes. A prisão domiciliar, portanto, não está ligada diretamente à condenação, mas ao inquérito que apura pressões ilegais contra o Supremo.

A defesa sustenta que, como a denúncia atual não o inclui, o ex-presidente deveria ser liberado das cautelares. O pedido aguarda decisão do STF.

Lula menciona a condenação de Bolsonaro durante seu discurso na ONU

O presidente Lula citou a condenação do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro durante seu discurso na abertura dos debates na ONU nesta terça-feira (23). De acordo com ele, com a condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado o Brasil transmitiu um recado “diante dos olhos do mundo” a todos os candidatos a autocratas e também aos que os apóiam que, a soberania e a democracia do país são inegociáveis e que o país seguirá como uma nação independente e livre de qualquer tipo de tutela.

Menção a Bolsonaro

Em seu discurso, Lula falou sobre a condenação do ex-presidente pontuando a importância histórica do ocorrido. De acordo com ele, com 525 anos de história do Brasil, esta foi a primeira vez que um ex-chefe de Estado foi condenado por cometer um atentado contra o Estado Democrático de Direito.

Ele também esclareceu que Bolsonaro foi investigado, indiciado e julgado por suas ações em um processo meticuloso e teve direito à defesa, o que é negado em regimes ditatoriais.


Lula menciona Bolsonaro (Vídeo: reprodução/youtube/@CNNbrasil)

O presidente também deixou claro que não haverá uma pacificação sem impunidade para os “falsos patriotas” que conspiram publicamente contra o Brasil.

Nos últimos meses, o julgamento de Bolsonaro foi o ponto crucial para a tensão entre o governo brasileiro e o governo norte-americano.

Donald Trump impôs sanções tarifárias ao país e aos membros do poder Judiciário brasileiro como forma de retaliação às investigações contra Jair Bolsonaro, tornando a relação entre os países como a pior das últimas décadas.

Tradição brasileira

Ano após ano o Brasil é o responsável por iniciar a Assembleia Geral das Nações Unidas abrindo o debate diplomático mais importante mundialmente.

A tradição é diplomática, e de acordo com o livro O Brasil nas Nações Unidas, 1946 – 2012, teve início em 1949, durante a Guerra Fria, e foi uma solução para evitar dar prioridade aos Estados Unidos ou à União Soviética.

A partir disso, tornou-se habitual que, antes da abertura da lista para oradores, o secretário-geral da ONU envia uma nota ao Brasil perguntando se o país tem o desejo de seguir com a tradição.

Na palavras da publicação do livro, está prática faz com quem o Brasil seja honrado e consolidado como um peso estratégico para a circunstância.

Ainda de acordo com o livro, o Brasil se difere da maiorias das outras delegações pois utiliza a oportunidade para fazer análises mais amplas sobre questões internacionais e projetar sua visão de mundo para defender temas estruturais, como o combate à fome, a reforma e o desenvolvimento das instituições.

Ao discursar na ONU, Lula defende a democracia do Brasil e manda recado a Trump

Nesta terça-feira (23), o presidente Luís Inácio Lula da Silva abriu o 80° Assembleia Geral da ONU. Durante seu discurso, Lula declarou que a agressão ao judiciário do país é algo “inaceitável”, falou sobre a possibilidade de anistiar quem faz ataques à democracia, condenou os “falsos patriotas” e direcionou recados a Donald Trump.

Falas de Lula

Tradicionalmente, o Brasil é o responsável pelo discurso que abre o debate entre os líderes na ONU. Este ano o evento completa sua 80° edição e ocorreu em Nova York.

Durante seu discurso, o presidente Lula reiterou que a soberania brasileira é algo inegociável e que a condenação do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado serviu como uma mensagem para o mundo. Sua fala ocorreu apenas um dia após o governo americano impor novas sanções a cidadãos brasileiros como retaliação à condenação de Bolsonaro.

De acordo com Lula, o Brasil decidiu por resistir e defender a democracia que foi reconquistada há apenas 40 anos, após passar por duas décadas de ditaduras, apesar dos ataques sem precedentes e que, “diante dos olhos do mundo”, o Brasil passou uma mensagem para todos os candidatos autocratas e aos que os apoiam que a soberania do Brasil é algo inegociável.


Lula discursa na ONU (Vídeo: reprodução/YouTube/@g1)

O presidente também pontuou que não existem justificativas para as medidas arbitrárias e unilaterais que recaem sobre as instituições brasileiras e que tais ações contam com o auxílio de “uma extrema-direita subserviente e saudosa das antigas hegemonias”.

Quanto aos “falsos patriotas”, que estão conspirando publicamente contra o país, não haverá pacificação com impunidade.

Lula também defendeu a regulação de redes sociais, criticou os atos de Israel dizendo que não há justificativa para o genocídio que segue em curso em Gaza e também aproveitou o momento para convidar os líderes dos países que estavam presentes na reunião para comparecer à COP30, que acontecerá em Belém, no Pará, de 10 a 21 de novembro deste ano.

Recados a Trump

Durante o pior momento nas últimas décadas nas relações entre Brasil e Estados Unidos, Lula iniciou seu discurso com críticas à política externa tarifária aplicada por Trump na tentativa de interferir no julgamento de Bolsonaro.

Segundo ele, há a consolidação de desordem internacional e que atentados à soberania, intervenções unilaterais e sanções arbitrárias estão virando algo comum.

“Existe um evidente paralelo entre a crise do multilateralismo e o enfraquecimento das democracia”, falou.

Nos últimos meses, Lula e Donald Trump trocaram reprovações após o presidente norte-americano sobretaxar o Brasil sob o argumento de tentar cessar a perseguição a Bolsonaro, além de atacar o judiciário e soberania brasileira.

Eduardo Bolsonaro é denunciado pela PGR por suspeita de coação em processo judicial

Nesta segunda-feira (22), a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou uma denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por uma suposta participação do parlamentar na aplicação de sanções dos EUA ao Brasil e a membros do judiciário. O jornalista Paulo Figueiredo também foi denunciado pelo órgão.

Eduardo Bolsonaro teria atuado com objetivo de atrapalhar o processo judicial que investigou seu pai, Jair Bolsonaro, e mais sete réus por tentativa de golpe de Estado, julgado na primeira quinzena deste mês.

Influência nas sanções

A PGR entende que Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo tiveram influência direta nas medidas de sanções aplicadas dos EUA ao Brasil como uma forma de mudar os rumos do julgamento da trama golpista.

Segundo o Procurador-Geral, Paulo Gonet, o parlamentar e o jornalista não hesitaram em atuar e de deixar claro as suas intenções de fazer com que o governo americano tomasse medidas econômicas contra o Brasil por conta do julgamento por tentativa de golpe de Estado. Para isso, segundo a denúncia, houve a aproximação de ambos com pessoas ligadas ao governo Trump. Gonet ainda menciona as comemorações feitas por eles, em entrevistas e em suas redes sociais, a cada sanção que o Brasil era vítima.

Após a ação do órgão, cabe ao STF decidir se aceita a denúncia, para assim tornar tanto Eduardo, quanto Paulo Figueiredo, réus no em uma ação penal.

Também alvo do inquérito, a procuradoria não encontrou indícios de que o ex-presidente Jair Bolsonaro participou da ação com seu filho.


Paulo Figueiredo, Eduardo Bolsonaro, e outros aliados participam de coletiva de imprensa em frente ao Capitólio, EUA (Foto: reprodução/Mandel Ngan/AFP/Getty Images Embed)

Resposta dos denunciados

Em nota, Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo negaram qualquer cometimento de crime. Os denunciados pela PGR alegaram que atuaram conforme a Primeira Ementa dos EUA, país onde ambos residem atualmente, que é legítimo peticionar ao governo para que o mesmo faça correção de abusos e injustiças. “É exatamente isso que estamos fazendo e continuaremos a fazer” afirmam o deputado e o jornalista, em texto a resposta da denúncia apresentada por Gonet.