Moraes condena sete réus por participação em núcleo das fake news

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta terça-feira (21) pela condenação de sete réus ligados ao chamado “núcleo das fake news” da trama golpista. O grupo é acusado de ter organizado campanhas de desinformação com o objetivo de enfraquecer as instituições e sustentar uma tentativa de golpe para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder, mesmo após a derrota nas urnas em 2022.

Em seu voto, Moraes destacou que as provas reunidas ao longo da investigação mostram uma atuação estruturada e persistente, voltada à criação de caos social e ao incentivo de ataques à Justiça Eleitoral e ao Poder Judiciário. Para ele, a disseminação coordenada de mentiras sobre fraude nas urnas eletrônicas não se confunde com liberdade de expressão, trata-se, nas palavras do ministro, de um “novo populismo digital extremista”, que instrumentaliza as redes sociais para corroer a democracia.

Segundo o relator, os réus “atuaram de forma orquestrada, promovendo desinformação e estimulando o ódio contra as instituições democráticas”. Moraes frisou que os discursos e publicações do grupo visavam legitimar a ruptura institucional e justificar uma intervenção militar, configurando uma tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Uso indevido de órgãos do Estado e manipulação de informações

Um dos pontos centrais do voto de Moraes foi a constatação de que estruturas oficiais, como o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), foram utilizadas de forma indevida para alimentar as chamadas “milícias digitais”. Segundo o ministro, o uso dessas instituições teve como finalidade criar e divulgar narrativas falsas sobre supostas vulnerabilidades das urnas eletrônicas, buscando deslegitimar o sistema eleitoral e o próprio Poder Judiciário.


Confira o voto de Alexandre de Moraes durante condenação (Vídeo: Reprodução/Instagram/@portalg1)

Para Alexandre de Moraes, o envolvimento desses órgãos reforça o caráter criminoso e político da organização. “Essas finalidades evidenciam a natureza ilícita do grupo, que usou o aparato do Estado para atacar o Estado”, afirmou. Ele ressaltou que os atos investigados extrapolam o campo do debate político e configuram uma tentativa concreta de golpe de Estado, uma vez que visavam impedir a alternância legítima do poder.

O ministro destacou ainda que a desinformação não ocorreu de forma isolada, mas sim integrada a outros núcleos da trama golpista. Esses núcleos se comunicavam constantemente, compartilhando mensagens e estratégias com o objetivo de gerar instabilidade e mobilizar setores da sociedade contra as instituições democráticas.

Provas, conexões e a tentativa de manter o poder

De acordo com o voto do relator, o material reunido no processo demonstra de forma robusta a interligação entre os grupos investigados. Mensagens, documentos e laudos falsos circularam entre os integrantes, comprovando que havia uma estrutura organizada com diferentes frentes de atuação. Moraes descreveu essa coordenação como “uma engrenagem criminosa que funcionava simultaneamente no campo político, digital e institucional”.

O ministro apontou que o objetivo final do grupo era provocar uma convulsão social que permitisse a decretação de um estado de exceção e a criação de um “gabinete de crise” para substituir o governo eleito. Ele ressaltou que esta foi “a primeira vez na história democrática do país em que se planejou, dentro do Palácio do Planalto, a instalação de um gabinete após a derrubada de um governo legitimamente eleito”.

Moraes também mencionou a necessidade de novas investigações envolvendo outras figuras políticas, entre elas Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL), apontado pela Polícia Federal como financiador de campanhas de desinformação contra o sistema eleitoral. O relator afirmou que, diante da confirmação de crimes por parte de integrantes do Instituto Voto Legal, pode ser necessário reabrir apurações sobre o papel do dirigente partidário na articulação do esquema.

Com o voto de Alexandre de Moraes, o Supremo dá mais um passo no julgamento dos responsáveis por articular e sustentar ataques à democracia brasileira. Ainda faltam os votos dos ministros Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino, mas o posicionamento do relator reforça o entendimento de que o combate à desinformação é também uma defesa ativa do Estado Democrático de Direito.

Moraes intima Defensoria Pública para apresentar defesa de Eduardo Bolsonaro

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, intimou, nesta quinta-feira (16), a Defensoria Pública da União para apresentar uma defesa prévia na acusação do deputado Eduardo Bolsonaro sobre coação no curso do processo.

O caso que envolve Eduardo Bolsonaro é sobre a atuação do deputado para atrapalhar o processo sobre golpe de Estado, em que seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, foi condenado pelo STF a 27 anos e 3 meses de prisão.

A Procuradoria-geral da República acredita que o deputado coagiu e buscou favores do presidente Trump para a aplicação de tarifas comerciais no Brasil, em troca da inocência e do perdão de seu pai.

Deputado é acusado de coação

O parlamentar tinha até a noite de quarta-feira (15), para manifestar sua resposta, mas não enviou uma resposta ao STF, nem por meio de nenhum advogado.

Sem uma resposta, Moraes decidiu nomear um defensor público para seguir com o processo, ele daria mais tempo para a defesa de Eduardo Bolsonaro, mas poderia dar prosseguimento no processo e analisar a denúncia ou até expedir um mandado de prisão preventiva do deputado.


Moraes manda DPU apresentar defesa prévia de Eduardo Bolsonaro (Vídeo: reprodução/YouTube/CNNBrasil)

STF aguarda defesa prévia do deputado

A denúncia apura se o deputado e o blogueiro Paulo Figueiredo tentaram interferir nos processos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Os acusados têm até 15 dias para apresentar uma defesa prévia após a notificação judicial. Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, não se encontra no Brasil, ele está nos Estados Unidos desde março deste ano.

A Defensoria Pública da União notificou o deputado por meio de um edital, pois não conseguiu localizar o deputado no Brasil e o intimar.

Após a resposta do deputado, Moraes também aguarda a entrega da defesa e o STF deve marcar o julgamento que decidirá se a denúncia será aceita e se o deputado se tornará réu no processo para ser julgado pelos crimes de coação.

O parlamentar manifestou recentemente o desejo de se candidatar para o cargo de presidência do Brasil no ano que vem, mas se vê diante de uma situação que pode barrar sua candidatura na eleição de 2026.

STF julga núcleo da minuta do golpe e define novas etapas do processo

O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para os dias 9, 10, 16 e 17 de dezembro o julgamento dos seis réus da Ação Penal 2693, processo que trata da tentativa de golpe de Estado investigada no inquérito das milícias digitais. A ação envolve integrantes do chamado “núcleo 2”, apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como responsável pela elaboração da “minuta do golpe” e pela coordenação de ações que visavam interferir no resultado das eleições de 2022.

De acordo com o STF, as sessões ocorrerão em quatro datas, com dois turnos nos dias 9 e 16 de dezembro — das 9h às 12h e das 14h às 19h — e turnos únicos nos dias 10 e 17, apenas pela manhã. O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, solicitou a inclusão do julgamento na pauta da Primeira Turma, sob a condução do ministro Flávio Dino, presidente do colegiado.

Entre os acusados estão o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, o delegado da Polícia Federal Fernando de Sousa Oliveira e o general da reserva Mário Fernandes. A PGR aponta que o grupo teria atuado para “neutralizar” autoridades públicas e mobilizar ações da PRF para dificultar o voto de eleitores da Região Nordeste.

PGR aponta planejamento e tentativa de interferência eleitoral

A Procuradoria-Geral da República detalhou que o “núcleo 2” foi essencial na tentativa de viabilizar o golpe de Estado. Segundo a denúncia, os réus articularam medidas para anular o resultado das eleições e elaborar um documento com instruções para a decretação do Estado de Defesa — a chamada “minuta do golpe”. O texto previa a intervenção militar e o afastamento de ministros do Supremo, em uma tentativa de manter o então presidente Jair Bolsonaro no poder.


 Especialista explica o que é e a importância da minuta do golpe (Vídeo: Reprodução/Instagram/@portalg1)

Além da elaboração do documento, os acusados teriam planejado ações de monitoramento contra autoridades públicas e estratégias de desinformação. Há também indícios de que o grupo tenha participado de operações que restringiram a mobilidade de eleitores, especialmente no Nordeste, no segundo turno das eleições de 2022.

A PGR reforça que a atuação foi coordenada, com divisão de tarefas e uso de estruturas estatais para fins políticos e eleitorais. Os crimes imputados incluem tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Supremo avança no julgamento e sinaliza rigor institucional

Com a conclusão da fase de instrução processual e o envio das alegações finais, o STF avança em mais uma etapa das investigações relacionadas à tentativa de golpe de 2022. O julgamento do “núcleo 2” ocorre após a condenação de dezenas de réus vinculados à invasão das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023. A expectativa é de que este novo julgamento aprofunde a responsabilização de agentes que ocuparam cargos estratégicos no governo anterior.

O ministro Alexandre de Moraes tem defendido que o Supremo atue com rigor para preservar o Estado Democrático de Direito e punir qualquer tentativa de ruptura institucional. O ministro Flávio Dino, que presidirá as sessões, destacou a importância de garantir a transparência e o devido processo legal durante o julgamento.

A decisão de agendar o julgamento para dezembro sinaliza a intenção do STF de encerrar as principais ações penais ligadas à trama golpista ainda em 2025. A conclusão desses casos é considerada essencial para consolidar a resposta institucional às tentativas de subversão da ordem democrática.

Moraes autoriza visita médica na casa de Bolsonaro após crise de soluços do ex-presidente

A defesa do ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL), solicitou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, a autorização para que o ex-chefe de Estado receba visitas médicas após um agravamento da crise de soluços. O pedido foi enviado na última sexta-feira (10), mas entrou no sistema da Corte apenas nesta segunda-feira (13), data que o ministro do STF aprovou o pedido feito pelos advogados de Bolsonaro.

Ainda nesta segunda-feira, Moraes rejeitou outro pedido feito pela defesa de Jair Bolsonaro, não aceitando a solicitação de revogação da prisão domiciliar do ex-presidente.

Liberação de Moraes

O ministro Alexandre de Moraes autorizou, nesta segunda-feira, que a médica Marina Grazziotin Pasolini, profissional indicada pela defesa de Bolsonaro, poderá realizar os procedimentos que julgar necessário para tratar a saúde do ex-presidente sem necessidade de um pedido de autorização prévia. Moraes ainda ressaltou que Bolsonaro poderá ser encaminhado para um atendimento de urgência, desde que seja enviada uma comprovação em até 24 horas após o ocorrido.


Bolsonaro na saída do hospital DF Star, em Brasília–DF, após passar por procedimentos cirúrgicos (Foto: reprodução/Ton Molina/Getty Images Embed)

Crise que se repete

Os advogados do ex-presidente julgaram plausível uma visita de um profissional da saúde na residência de Bolsonaro após um agravamento de sua crise de soluços. O episódio não é inédito, pois, no fim de setembro, o político enfrentou o mesmo problema, e segundo o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), seu pai chegou a vomitar quatro vezes, sendo necessário que o médico da família passasse a noite na residência do ex-chefe de Estado.

Pedido de revogação negada

Moraes concedeu a liberação para que Bolsonaro receba atendimento médico em sua residência. Em contrapartida, o ministro não aceitou um pedido de revogação da prisão domiciliar solicitado pela defesa do ex-presidente.

Após julgar que Bolsonaro descumpriu medidas cautelares que atrapalhavam o processo de investigação da chamada “trama golpista”, Moraes decretou a prisão domiciliar do ex-presidente no início de agosto deste ano. No fim de setembro, a defesa do ex-Chefe de Estado entrou com um pedido ao STF alegando que não havia fundamentos para a pena, solicitando não somente a revogação da prisão domiciliar, como outras medidas restritivas, como o uso de tornozeleira eletrônica.

Por outro lado, Moraes afirmou que a manutenção da prisão domiciliar é necessária, uma vez que Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão, e uma possível fuga do ex-presidente, segundo o ministro, não pode ser descartada.

Edson Fachin assume a presidência do STF nesta segunda-feira

O ministro Edson Fachin toma posse nesta segunda-feira (29) como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), sucedendo Roberto Barroso. Alexandre de Moraes assumirá a vice-presidência pelos próximos dois anos.

A eleição ocorreu de forma simbólica: Fachin e Moraes receberam dez votos cada. Pela tradição do STF, o ministro mais antigo que ainda não presidiu a Corte assume o cargo, e o segundo mais antigo torna-se vice. Representantes de outros Poderes, como da Procuradoria-Geral da República (PGR), Advocacia-Geral da União (AGU) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), foram convidados para a cerimônia.

Carreira de Fachin

Luiz Edson Fachin nasceu em Rondinha, no Rio Grande do Sul, e tem 67 anos. Formou-se em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1980. O ministro fez o mestrado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, concluindo em 1986 e na mesma universidade, fez o doutorado, em 1991 e fez o pós-doutorado no Canadá.

Fachin já foi professor titular de Direito Civil na Universidade Federal do Paraná e também já fez parte da comissão do Ministério da Justiça sobre a Reforma do Poder Judiciário. Também fez parte da criação do novo Código Civil brasileiro no Senado e já foi procurador do Estado do Paraná entre 1990 e 2006.

Tomou posse como ministro do STF em junho de 2015, após indicação da então presidente Dilma Rousseff. Já como ministro, foi relator de processos referentes à Lava Jato e também é integrante titular desde 2018 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), assumindo a presidência em 2022, onde também sucedeu o ministro Roberto Barroso.


Edson Fachin, novo presidente do STF (Vídeo:reprodução/YouTube/Metrópoles)

Com uma trajetória marcada pela atuação acadêmica e pelo protagonismo em casos de grande repercussão, Fachin agora inicia uma nova fase ao assumir a presidência do Supremo.

Funções do cargo

Edson Fachin será responsável por gerenciar as pautas para votação, definindo a ordem dos processos que serão julgados. Também será o grande representante perante aos outros Poderes (Executivo e Legislativo). Ele continuará fazendo parte do julgamento, com os outros ministros, mas terá um peso maior, por ser o presidente e está na quarta posição da linha de substituição da Presidência da República, atrás do vice-presidente, presidente da Câmara e do presidente do Senado.

A posse de Fachin reforça a continuidade da tradição no STF e marca o início de um mandato em que o ministro terá papel central na definição de pautas relevantes para o país e na interlocução com os demais Poderes.

EUA sancionam esposa de Alexandre de Moraes com a Lei Magnitsky

O governo de Donald Trump anunciou nesta segunda-feira (22) a aplicação da Lei Magnitsky contra Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A sanção, que congela bens e proíbe transações financeiras nos Estados Unidos, é descrita pelo Tesouro americano como uma medida contra o que classificam como “abusos de direitos humanos” e corrupção no Judiciário brasileiro. A decisão também inclui a revogação de vistos de outras seis autoridades do país.

Justificativas da sanção

Segundo o comunicado oficial do Departamento do Tesouro dos EUA, a sanção contra Viviane se deve ao seu papel como “facilitadora e financiadora” das atividades do marido. Os EUA apontam que o escritório de advocacia do qual ela é sócia e o Instituto Lex, que ela preside, teriam apoiado financeiramente as ações de Moraes, que, segundo o governo americano, incluem “censura, prisões arbitrárias e perseguição a opositores políticos”.

As consequências são imediatas. Os bens de Viviane nos EUA estão bloqueados, e ela está proibida de realizar qualquer transação com cidadãos ou empresas americanas, o que afeta até mesmo o uso de cartões de crédito de bandeiras internacionais. O Instituto Lex também foi incluído na lista de entidades sancionadas. Além disso, o governo americano revogou os vistos de seis outras autoridades brasileiras, incluindo o advogado-geral da União, Jorge Messias, e o ex-Procurador-Geral da República, José Levi, que atuou em investigações sensíveis.

O próprio Alexandre de Moraes já havia sido sancionado pela Lei Magnitsky, em julho de 2025, como uma resposta às decisões do ministro que envolveram censura, bloqueios de contas em redes sociais e prisões de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.


O Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e sua esposa, Viviane Barci de Moraes (Foto: reprodução/MAURO PIMENTEL/AFP/Getty Images Embed)

Entenda a Lei Magnitsky

A Lei Global Magnitsky é uma legislação americana que permite ao governo dos EUA sancionar estrangeiros por violações graves de direitos humanos ou por atos de corrupção significativa. As sanções podem incluir o congelamento de ativos, proibição de entrada no país e restrição de transações financeiras. A lei, promulgada em 2016, foi usada anteriormente para sancionar figuras como oligarcas russos e autoridades venezuelanas, mas recentemente se tornou uma ferramenta para combater o que o governo Trump considera “abusos” de figuras jurídicas no Brasil.

Reações e impacto político

No Brasil, políticos e ativistas bolsonaristas comemoraram a decisão, classificando-a como um “ato de justiça” e um “estrangulamento financeiro” ao que chamam de “ditadura do Judiciário”. Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, que há meses vinha articulando essa medida nos EUA, celebrou a notícia nas redes sociais.

Em resposta, Alexandre de Moraes divulgou uma nota classificando a sanção como “ilegal e lamentável”, e reafirmou seu compromisso com a “independência constitucional”. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva e o STF defenderam a soberania do país, e a Faculdade de Direito da USP condenou a medida como uma interferência indevida em assuntos internos.

Bolsonaro deixa prisão domiciliar escoltado para exames em Brasília

O ex-presidente Jair Bolsonaro saiu pela primeira vez de sua residência no último domingo (14) desde que foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes. Em regime de prisão domiciliar, Bolsonaro recebeu autorização do ministro Alexandre de Moraes para realizar um procedimento dermatológico no Hospital DF Star, em Brasília.

A ida ao hospital mobilizou um esquema especial de segurança, com escolta da Polícia Penal do Distrito Federal, reforço da Polícia Militar e vistoria prévia no veículo que transportou o ex-presidente. Ele também permaneceu com tornozeleira eletrônica durante todo o deslocamento.

Segurança reforçada e manifestação de apoiadores

O trajeto até o hospital foi planejado para evitar áreas diplomáticas, uma vez que Moraes proibiu Bolsonaro de se aproximar de embaixadas. A chegada ocorreu por volta das 8h, acompanhada pelos filhos Carlos e Renan Bolsonaro.


Bolsonaro deixa hospital sob escolta (Foto: reprodução/Ton Molina/Getty Images Embed)

Na entrada da unidade, cerca de 20 apoiadores aguardavam com bandeiras do Brasil, de Israel e dos Estados Unidos. O ex-presidente não discursou, mas acenou discretamente antes de entrar. A Secretaria de Segurança Pública do DF manteve detalhes do esquema sob sigilo, alegando risco operacional.

Essa foi a primeira aparição pública de Bolsonaro desde que a Primeira Turma do STF confirmou sua condenação, na quinta-feira (11), por crimes que incluem organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e dano qualificado pela violência e grave ameaça.

Procedimento médico e relatório ao STF

No hospital, Bolsonaro passou por dois procedimentos: a retirada de um nevo melanocítico — uma pinta benigna localizada no tronco — e a coleta de material de uma lesão ainda desconhecida, que será analisado em biópsia. Após a alta, o boletim médico informou que o ex-presidente apresentava anemia, e a tomografia revelou vestígios de uma pneumonia recente.


Jair Bolsonaro (Foto: reprodução/Ton Molina/Getty Images Embed)

De acordo com determinação do Supremo, a defesa deve apresentar em até 48 horas um atestado médico com os detalhes da intervenção.

Condenação e quadro de saúde

A condenação de 27 anos marca a primeira vez que um ex-presidente brasileiro é sentenciado por tentar derrubar o governo eleito. Apesar de o regime fechado ter sido fixado, os advogados de Bolsonaro já sinalizam que devem insistir na manutenção da prisão domiciliar, alegando quadro de saúde frágil.

Nos últimos anos, Bolsonaro passou por várias internações, incluindo uma cirurgia abdominal de 12 horas em abril. Mais recentemente, exames apontaram esofagite, gastrite e sequelas pulmonares.

Condenação de Bolsonaro ganha destaque na imprensa internacional

Na quinta-feira (11), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e 3 meses de prisão por participação na trama golpista. A decisão histórica teve ampla repercussão na imprensa internacional, que destacou a condenação e os votos que definiram a maioria no tribunal.

Confira a seguir como o julgamento foi noticiado no exterior e os detalhes da cobertura de cada veículo de imprensa.

The New York Times

O New York Times destacou que a condenação de Jair Bolsonaro por liderar uma conspiração para anular as eleições de 2022 e tentar um golpe de Estado inclui planos para dissolver tribunais, dar poderes às Forças Armadas e até assassinar o presidente eleito.

O jornal também avaliou que a decisão deve intensificar as tensões entre Brasil e Estados Unidos, citando a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros e a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes. Segundo eles, foi um teste para a maior democracia da América Latina e que a decisão levanta incertezas sobre o futuro político do principal líder de direita do Brasil.

“A Casa Branca tentou forçar o Brasil a desistir do caso com tarifas elevadas, uma investigação comercial e sanções severas contra o ministro da Suprema Corte que a liderava. Em vez disso, vários juízes brasileiros criticaram as tentativas dos EUA de intervir ao votarem pela condenação”, escreveu o veículo.

Reuters

A Reuters destacou que Jair Bolsonaro se tornou o primeiro ex-presidente brasileiro condenado por atentado à democracia, sendo julgado por planejar um golpe para permanecer no poder após a derrota nas eleições de 2022.


Reuters repercute condenação de Bolsonaro (Foto: reprodução/Reuters)

A agência também ressaltou que a decisão não foi unânime, com o voto de Luiz Fux pela absolvição trazendo alívio aos apoiadores de Bolsonaro e abrindo espaço para possíveis contestações. De acordo com a Reuters, a decisão se insere em um contexto global de processos envolvendo líderes de extrema-direita, como Marine Le Pen, na França, e Rodrigo Duterte, nas Filipinas.

“A decisão presumida pela maioria de um painel de cinco ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) faz de Bolsonaro o primeiro ex-presidente na história do país a ser condenado por atentado à democracia”, publicou a agência.

The Guardian

O The Guardian destacou que a Suprema Corte brasileira considerou Jair Bolsonaro culpado por planejar um golpe militar para “aniquilar” a democracia, o que pode resultar em uma pena de décadas de prisão.

O jornal britânico também apontou o voto divergente do ministro Luiz Fux, que defendeu a absolvição ao alegar falta de provas de sua participação no complô golpista. Segundo a publicação, a posição de Fux, ao questionar a autoridade dos juízes sobre o caso, pode abrir caminho para contestações legais e até para uma eventual anulação do julgamento.

The Washington Post

O Washington Post destacou que Bolsonaro deve enfrentar uma longa pena de prisão, mas que seus advogados já indicaram a intenção de recorrer da decisão.


The Washignton Post repercute condenação de Bolsonaro (Foto: reprodução/The Washington Post)

O jornal também apontou que o julgamento divide a sociedade brasileira, com manifestações tanto de apoio quanto de oposição ao ex-presidente. O veículo também ressaltou que Bolsonaro continua sendo uma figura política influente, capaz de impactar as eleições de 2026: “Espera-se que ele escolha um herdeiro que provavelmente desafiará Lula no próximo ano. A decisão pode levar os parlamentares aliados de Bolsonaro a buscar alguma anistia para ele no Congresso.”

The Wall Street Journal

O Wall Street Journal afirmou que a condenação de Jair Bolsonaro deve intensificar a disputa entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente Lula (PT). Segundo o jornal, enviar Bolsonaro, de 70 anos, à prisão representa um desafio às tentativas de Trump de interferir em um caso que colocou o Brasil no centro da atenção internacional e na guerra comercial com os EUA.

A reportagem ressaltou que o julgamento marca a queda dramática de Bolsonaro e de seus aliados de direita, que conquistaram a vitória em 2018 prometendo restaurar a lei e a ordem em meio à corrupção e ao caos político.

O jornal também lembrou que Trump aplicou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, classificando as ações contra Bolsonaro como uma “caça às bruxas”, e apontou que o governo brasileiro se prepara para uma reação negativa da Casa Branca.

Bolsonaro é sentenciado a 27 anos de prisão

Pela primeira vez no país, um ex-presidente é condenado à prisão em regime fechado. Primeira turma do STF determinou a prisão de Jair Bolsonaro, ex-presidente, por cinco crimes no cenário da trama que ele liderava para se manter no poder. Decisão foi tomada na tarde desta quinta-feira (11).

A prisão foi estabelecida por Alexandre de Moraes, relator do caso contra o chamado crucial da trama golpista.

Proposta de pena

Segundo a proposta de Alexandre de Moraes, Bolsonaro irá responder por Organização criminosa, com pena base de 5 anos e 6 meses de reclusão, Tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, com pena base de 7 anos e 6 meses, Golpe de Estado, com pena de até 10 anos e Dano qualificado com pena base de 3 anos de prisão mais 75 dias multa de um salário mínimo, Deterioração de patrimônio tombado, com pena base de 3 anos de reclusão mais 75 dias multa de um salário mínimo.


Alexandre de Moraes em julgamento de acusações de golpe (Foto: reprodução/ Bloomberg/ Getty Images Embed)

A soma das penas resulta em 27 anos e 3 meses de prisão, com 24 anos e 9 meses de reclusão, 2 anos e 9 meses de detenção mais 124 dias de multas de salário mínimo. Bolsonaro cumprirá inicialmente em Regime Fechado.


					

STF forma maioria para condenar Bolsonaro por 5 crimes

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal avançou no julgamento que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de integrar uma organização criminosa ligada à tentativa de golpe de Estado em 2022. Até agora, três ministros,  Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cármen Lúcia, votaram pela condenação, considerando Bolsonaro parte do núcleo central que planejou medidas para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.

A única divergência

O ministro Luiz Fux, porém, abriu divergência. Para ele, apenas Mauro Cid e Walter Braga Netto devem ser punidos, enquanto Bolsonaro e outros nomes, como Anderson Torres e Alexandre Ramagem, deveriam ser absolvidos. A decisão final dependerá do voto do ministro Cristiano Zanin, presidente da turma.


Imagem de Luis Fux ministro que votou a favor de Bolsonaro (foto:reprodução/x/@pedrorousseff)

Além de organização criminosa, a acusação inclui crimes como tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado, com penas que podem ultrapassar uma década de prisão.