Bem Estar

Excesso de urbanização contribui para a ansiedade e outros tipos de doenças

Paulo Saldiva, médico, pesquisador e professor do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), explica em entrevista para Agência Einstein o motivo do porquê ficamos mais doentes com a urbanização.

26 Nov 2021 - 11h06 | Atualizado em 26 Nov 2021 - 11h06
Excesso de urbanização contribui para a ansiedade e outros tipos de doenças Lorena Bueri

Com diversas pesquisas científicas publicadas, grande parte delas dentro da temática de saúde e meio ambiente, o cientista e médico patologista, Paulo Sadiva, foi um dos participantes que fizeram palestras no I Simpósio Internacional de Natureza e Saúde. O evento foi realizado pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein em outubro.

Em entrevista à Agência Einstein, o especialista nos traz informações acerca dos números de mortes causadas por ações humanas no ambiente, seja direta ou indiretamente. Juntamente, Saldiva fala sobre como o excesso de urbanização pode contribuir para a ansiedade e outros tipos de doenças. 

As grandes metrópoles são locais com altos índices de acidentes no trânsito, estresse e/ou ansiedade, e obesidade. Esse último elemento é adquirido pelo sedentarismo e má alimentação, conveniências que a vida moderna nas grandes cidades impõe e que convivemos diariamente. Paralelamente, está a poluição do ar, dos rios e mares, isso traz a progressão de novas infecções e também o ressurgimento de infecções antigas

Essas adversidades tem níveis altíssimos na nossa sociedade contemporânea que, ao mesmo tempo, com sua mecanização e industrialização, facilita a vida das pessoas, elas também modificam o ambiente e intensificam cada vez mais os índices de morte relacionados a estes fatores.

De acordo com o cientista Saldiva, uma média de 5 milhões de pessoas falecem todo ano em razão das mudanças climáticas, e 10 milhões devido a poluição. “São muitas mortes. A mensagem é que se começarmos a mudar a nossa forma de nos relacionarmos com a natureza, os benefícios para a saúde serão agora. Não vamos precisar esperar meses ou anos”, diz.


Trânsito urbano. (Foto: Reprodução/Vitaliy Mitrofanenko/Pexels)


Confira a seguir a principais partes da entrevista:

Por que a relação com a natureza é importante para a saúde?

A exposição à natureza está relacionada com a redução da pressão arterial e dos níveis de cortisol e adrenalina. Além disso, com a variabilidade da frequência cardíaca, há uma série de estudos científicos que mostram isso. Inclusive, alguns demonstram que, em hospitais mais verdes, os índices de complicação no pós-tratamento são menores e a recuperação dos pacientes é mais eficiente. Dessa maneira, dormimos melhor porque o ruído urbano cai e a poluição luminosa diminui. E o sono é importante para regular o funcionamento de todo o nosso organismo.

A civilização e o excesso de urbanização têm mesmo o poder de nos adoecer?

Esse excesso de urbanização contribuiu para que nós ganhássemos peso e ficássemos mais ansiosos e mais doentes. No geral, somos mais sedentários: andamos de carro, usamos escada rolante ou elevador, não praticamos atividade física, comemos errado. Com a civilização e a busca por soluções que facilitem a vida dos homens, vem o adoecimento porque uma pessoa está mais perto da outra e a transmissão de doenças fica mais fácil.

O excesso de urbanização e a ausência de verde nas cidades geram ainda ilhas de calor urbano. Essas variações de calor induzidas pelo homem são responsáveis por cerca de 5 milhões de mortes precoces por ano em todo o mundo e por doenças como o infarto do miocárdio, AVC (Acidente Vascular Cerebral). Ou seja, as pessoas não morrem por causa do calor ou do frio, mas por doenças associadas a este fenômeno. 

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Como trazer, no dia a dia, a natureza para a nossa vida e amenizar os impactos da urbanização em excesso?

Acho que este é um problema educacional. Com a urbanização, as pessoas não prestam atenção no verde, na natureza, simplesmente porque não foram educadas para isso. Portanto, eu recuperaria o verde das escolas para que as crianças aprendessem a conviver e a valorizar a natureza. Com isso, ensinaremos para eles o contrário do que aprendemos, que foi querer ter um carro. Os temas meio ambiente e sustentabilidade poderiam entrar como uma matéria horizontal nos ensinos fundamental e médio, estimulando a participação ativa da juventude e promovendo o aprendizado, a socialização e a colaboração. 

Qual é a mensagem da área da saúde para a questão do excesso de urbanização?

A mensagem maior é tornar a sociedade protetora do ser humano. O envolvimento da área da saúde na questão ambiental traz para o hoje os benefícios dessas mudanças que precisamos. É algo como: se você começar a caminhar mais a pé ou de bicicleta pela cidade, você vai reduzir a emissão de poluentes. Mas também vai melhorar a função cardiovascular, reduzir o risco de osteoporose e trabalhar a saúde mental. É mostrar que uma política de parques não deixa a cidade só mais bonita: ela reduz as ilhas de calor, as árvores funcionam como absorvedoras de poluição e o risco de morte por infarto cai na medida em que as pessoas conseguem utilizar os parques.

*Esses trechos foram publicados originalmente na Agência Einstein.

 

Foto destaque: Avenida movimentada. Reprodução/Joey Lu/Pexels

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