Estudos de vacina universal contra o câncer avançam na Universidade da Flórida

O estudo aponta que a fórmula pode ser eficaz no combate a múltiplos tipos de tumor sem depender de alvos específicos

20 jul, 2025
Vacina | Reprodução/X/@PN__Oficial
Vacina | Reprodução/X/@PN__Oficial

Pesquisadores da Universidade da Flórida anunciaram em julho de 2025 um avanço promissor no desenvolvimento de uma vacina experimental contra o câncer baseada em RNA mensageiro (mRNA). O estudo, publicado na Nature Biomedical Engineering, aponta que a fórmula pode ser eficaz no combate a múltiplos tipos de tumor sem depender de alvos específicos para cada paciente.

Essa vacina, testada em camundongos, foi capaz de eliminar completamente tumores em modelos de melanoma, câncer ósseo e cerebral. A novidade está na abordagem genérica: em vez de se ater a mutações no DNA tumoral, a estratégia consiste em estimular o sistema imunológico a reagir como se estivesse enfrentando um vírus. Isso gera produção da proteína PD‑L1 nas células cancerígenas, tornando-as mais reconhecíveis e vulneráveis às células T que atacam tumores resistentes.

Funcionamento da vacina

O uso da vacina de mRNA em conjunto com inibidores de checkpoints imunológicos, como os anti‑PD‑1, ampliou significativamente os efeitos contra os tumores. Nos modelos avaliados, vários animais apresentaram regressão total das lesões cancerígenas. Os resultados sugerem que a combinação pode desbloquear respostas imunes anteriormente ineficazes, acelerando a ação contra células malignas. Elias Sayour, oncologista pediátrico líder da equipe, destacou que a eficácia ocorre mesmo sem direcionamento específico, basta ativar a imunidade com força para provocar reação tumor-alvo.


Anúncio de vacina contra o câncer da Rússia (Vídeo: reprodução/YouTube/Record News)

Este modelo experimental contrasta com as vacinas personalizadas, que exigem desenho individual conforme mutações únicas do tumor. A nova abordagem genérica pode tornar viável uma terapia “pronta para uso”, com produção em série e ampla aplicabilidade, abrindo espaço para uma vacina universal contra o câncer.

Expectativas e desafios regulatórios

Caso os próximos testes clínicos em humanos confirmem os resultados, essa tecnologia representará um salto na imunoterapia. A expectativa é de que possa servir como complemento a tratamentos convencionais, especialmente em tumores com baixa resposta à quimioterapia ou radioterapia. No entanto, especialistas reforçam que o sucesso depende de validação rigorosa em ensaios controlados.

Há também preocupação com o ambiente regulatório nos EUA, onde cortes de financiamento e restrições à pesquisa com mRNA estão em pauta. A nova administração americana, aliada a vozes críticas dentro de agências como FDA e NIH, ameaça desacelerar o progresso tecnológico, e pesquisadores alertam que isso pode comprometer o avanço dessa e de outras vacinas contra câncer.

Nos próximos meses, os cientistas planejam iniciar ensaios clínicos em pacientes, estabelecer protocolos de segurança e mensurar a resposta imunológica e os efeitos colaterais. A transição de animais para seres humanos leva tempo, e especialistas enfatizam a necessidade de dados publicados e avaliados por pares para confirmar a eficácia da abordagem.

Mais notícias