A sigla TDI refere-se ao Transtorno Dissociativo de Identidade, que nomeia uma condição rara da mente humana, onde a pessoa apresenta várias identidades convivendo dentro de si, com vozes, comportamentos, idades e personalidades distintas.
Neste último domingo (20), o Fantástico apresentou dois depoimentos de pessoas com o transtorno: o de uma mulher com 18 identidades e o de outra com 28, que contaram um pouco como é viver desta forma. Em uma das entrevistas, no final, as identidades começaram a se revezar para conversar com a repórter. As duas mulheres relataram a dificuldade que as pessoas têm em acreditar que é uma condição real que elas vivem, que são chamadas de loucas e de dissimuladas.
Sentimento de invasão (Foto: reprodução/Freepik)
TDI segundo a ciência
Anteriormente chamado de Transtorno de Personalidade Múltiplas, o transtorno dissociativo de identidade/alter ego/estado do eu, não é algo com que se nasce, mas é desenvolvido a partir de traumas opressivos na infância, que leva a pessoa com a condição a apresentar lacunas (período de tempo, geralmente relacionado ao passado) ou lapsos (momentos recentes ou habilidades) de memória diários. O diagnóstico é realizado através da análise da história da pessoa, com o auxílio de hipnose, ou de conversas facilitadas por fármacos. Seu tratamento baseia-se em psicoterapia, e a utilização de fármacos é feita apenas se o paciente apresentar depressão ou ansiedade.
O número de identidades que alguém pode apresentar é variável, algumas podem interagir entre si (em um mundo mental), podem ter consciência de experiências vividas por outras, ou podem ser isoladas, não interagindo ou não sabendo das outras.
Violência infantil (Foto: reprodução/Freepik)
Explorando mais
Não nascemos conscientes de que somos um e nos desenvolvemos a partir de várias experiências. Como já mencionado anteriormente, a causa do TDI está diretamente relacionada a traumas opressivos na infância: abuso crônico (físico, sexual ou emocional); negligência; doenças graves; ou a perda precoce de alguém importante. O desenvolvimento do transtorno também pode ser potencializado pelo que é chamado de trauma por traição, quando responsáveis ou cuidadores apresentam inconstância de comportamento, ora sendo carinhosos e atenciosos, ora sendo abusivos.
Para se autopreservar a criança pode buscar “se distanciar”, encontrar uma forma de fugir daquela situação dentro de sua própria mente, dando assim espaço para que outra identidade surja. As várias situações traumáticas vividas podem dar origem a cada uma das identidades apresentadas.
A dificuldade em se diagnosticar corretamente o transtorno pode estar relacionado ao uso abusivo de álcool, substâncias ilícitas, práticas religiosas e culturais e por se caracterizar como comportamento fantasioso de criança.
Transtorno de personalidade múltipla (Foto: reprodução/Pixabay)
Sintomas
Além de apresentar lacunas ou lapsos de memória, os pacientes também podem ouvir vozes, alucinações visuais, táteis e gustativas, o que pode levar ao diagnóstico equivocado de esquizofrenia. Também é comum apresentarem quadros de depressão e ansiedade, disfunção sexual, abuso de drogas, autolesão, automutilação e comportamento suicida.
Tipos de TDI
Possessão
É chamada desta forma pelo fato da manifestação da outra identidade ser indesejada, ou involuntariamente, e é acompanhada de aflição e sensação de deficiência. Sua identificação é mais evidente pela alternância brusca de características e comportamento.
Não possessão
Menos evidente, é como se a pessoa estivesse presente o tempo todo em que a outra identidade está dominando seu corpo, como se pudesse se observar “de fora”. Esta forma é caracterizada por amnésia dissociativa.
Desta forma, como para com toda doença mental, o conhecimento profundo da questão é primordial para a convivência com alguém com TDI. A aceitação da condição, paciência e auxílio no tratamento proposto pelo especialista são importantes.
Foto destaque: Múltiplas personalidades. Reprodução/Pixabay