A modernidade trouxe consigo avanços tecnológicos que redefiniram as formas de interação social, especialmente entre as crianças. Com o uso dos smartphones, uma crescente preocupação ecoa entre especialistas sobre o impacto desses dispositivos no bem-estar dos mais jovens.
O psicólogo americano, Jonathan Haidt, chama a atenção para um fenômeno alarmante: o aumento dos transtornos mentais em crianças que passam grandes períodos em seus celulares.
Aumento dos transtornos mentais em crianças
Estudos apontam para um crescimento significativo de casos de ansiedade e depressão entre crianças e adolescentes. Essa tendência é relacionada com a exposição precoce e intensiva às redes sociais e jogos online, facilitada pela constante disponibilidade de dispositivos móveis. A "geração ansiosa", como vem sendo chamada, enfrenta desafios psicológicos que eram menos comuns em décadas passadas.
O uso excessivo de celular por crianças e a falta de cuidado podem gerar ansiedade, depressão e transtornos mentais (Vídeo: Reprodução/YouTube/Hoje em Dia)
Em entrevista ao Fantástico, da Rede Globo, Jonathan Haidt, argumenta que a infância está sendo "reprogramada" pelo uso intensivo do celular. A substituição de atividades tradicionalmente associadas à infância, como brincar ao ar livre e interações face à face, por passar várias horas em frente a telas, tem impactos profundos na formação social, cognitiva e emocional das crianças.
Jonathan Haidt chama atenção para os problemas causados pelo uso de celular e redes sociais para crianças (Vídeo: Reprodução/YouTube/PH Tutoriais)
O psicólogo, Jonathan Haidt, autor de “A geração ansiosa”, relata que antes de 2015, a infância era caracterizada por brincadeiras no quintal, conversas em tempo real e uma exposição limitada às tecnologias digitais. Os telefones celulares, quando existiam no universo infantil, tinham como principal função facilitar a comunicação em casos de necessidade, sem oferecer distrações adicionais ou acesso contínuo à internet.
Mas após 2015, observou-se uma mudança radical: os smartphones com acesso à internet, jogos e redes sociais substituíram os antigos celulares. Esta transição não apenas mudou a forma de comunicação entre as crianças, mas também alterou profundamente seus hábitos diários, preferências de entretenimento e modos de aprendizado.
Quatro medidas urgentes propostas por Haidt
●Restringir o acesso a redes sociais para menores de 16 anos.
●Promover atividades extracurriculares que envolvam interações sociais reais.
●Implementar políticas educacionais que incluam educação digital e emocional.
●Fortalecer o papel das famílias e educadores na mediação do uso de tecnologia por crianças.
Impacto das redes sociais na saúde mental após os 16 Anos
O argumento de Haidt se baseia na ideia de que, após os 16 anos, jovens possuem maior maturidade emocional e cognitiva para navegar pelos desafios e armadilhas das redes sociais. Limitar o acesso antes dessa idade poderia prevenir o desenvolvimento precoce de transtornos mentais e promover uma relação mais saudável e consciente com a tecnologia.
Estratégias para famílias e educadores lidarem com o problema
As consequências do uso excessivo de celulares vão além da ansiedade, incluindo distúrbios do sono, dificuldades de concentração e uma tendência ao isolamento social. Esses efeitos adversos não só prejudicam o desempenho acadêmico como também impactam significativamente o bem-estar e o desenvolvimento emocional das crianças.
Para combater esse fenômeno, é essencial a implementação de estratégias de prevenção e intervenção, que incluem limites para o uso de celulares, encorajamento de atividades físicas e sociais fora da esfera digital, e a promoção de campanhas de conscientização sobre os riscos do uso desmedido de tecnologias. Os pais e responsáveis têm um papel crucial nesse processo, servindo como modelos de comportamento e estabelecendo um diálogo aberto sobre o uso consciente da tecnologia.
●Estabelecer limites claros para o uso de dispositivos eletrônicos.
●Incentivar atividades que promovam o desenvolvimento social e emocional.
●Dialogar abertamente sobre os conteúdos consumidos online.
●Participar ativamente da vida digital das crianças, oferecendo orientação e suporte.
Foto destaque: O uso excessivo de celular por crianças (Reprodução/Maskot/Getty Images)