Uma pesquisa publicada nesta segunda-feira (13) pela revista The Lancet alerta sobre os perigos do consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, associando a um maior risco de desenvolver múltiplas condições crônicas, incluindo diabete, doenças cardíacas e câncer. Financiado pelo World Cancer Research Fund International, o estudo destaca especialmente o impacto negativo de produtos de origem animal e bebidas açucaradas, e indica que limitar o consumo desses alimentos é fundamental para preservar a saúde.
A pesquisa
O estudo reuniu dados dietéticos de 266.666 indivíduos de sete países europeus entre 1992 e 2000. Durante 11 anos, pesquisadores monitoraram os participantes para identificar o surgimento de diversas condições crônicas, como o câncer.
Ao ingressar na pesquisa, foi solicitado a cada participante recordar sua alimentação habitual nos últimos 12 meses. Os pesquisadores utilizaram o sistema de classificação NOVA, que vai além dos nutrientes e avalia a produção dos alimentos, para categorizar as escolhas alimentares.
Reynalda Córdova, principal autora do estudo, enfatizou que grupos de alimentos como produtos de origem animal e bebidas com açúcar ou adoçadas artificialmente se associam a um maior risco no desenvolvimento de doenças crônicas, ao contrário de alimentos como pães e cereais ultraprocessados ou produtos alternativos à base de plantas.
Alimentos frescos (à esquerda) e alimentos processados (Foto: reprodução/Dinachi Food & Nutrition)
Qualidade de vida
Embora o estudo não prove conclusivamente que alimentos ultraprocessados são os causadores diretos das doenças, ele destaca a importância de escolhas alimentares saudáveis. Além disso, levanta preocupações, uma vez que na Europa, mais da metade do consumo diário de alimentos consiste em produtos ultraprocessados, como destaca Heinz Freisling, coautor e cientista de nutrição e metabolismo.
Quanto aos alimentos ultraprocessados, estes contêm ingredientes "nunca ou raramente utilizados nas cozinhas", e incluem diversas classes de aditivos destinados a melhorar o sabor ou tornar o produto final mais atraente, conforme esclarece a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.
Esta lista de aditivos em alimentos ultraprocessados inclui: conservantes, para evitar mofo e bactérias; corantes, incluindo artificiais, para melhorar a aparência; substâncias para aumentar o volume; emulsificantes, para misturar ingredientes incompatíveis; branqueadores; e adição ou modificação de açúcar, sal e gorduras, para realçar sabor e atratividade.
Neste sentido, com mais da metade da ingestão diária de alimentos na Europa sendo ultraprocessada, especialistas enfatizam a necessidade de priorizar alimentos frescos ou pouco processados prevenir as condições crônicas.
Foto Destaque: alimentos ultraprocessados (Reprodução/Meer)