China quer trabalhar Brasil para superar tarifaço dos Estados Unidos

Chefe do Gabinete de Assuntos Internacionais de Pequim afirmou que Brasil é parceria estratégica em momento de incertezas externas por conta de tarifaço

07 ago, 2025
Lula e Xi Jinping | Reprodução/Pool/Getty Images Embed
Lula e Xi Jinping | Reprodução/Pool/Getty Images Embed

Em nota oficial divulgada pela Embaixada da China no Brasil nesta quarta-feira(06), o país afirmou estar disposto a fazer um trabalho conjunto com o Brasil para se protegerem das incertezas externas por meio de uma cooperação bilateral e estável.

A declaração foi feita logo depois de uma conversa telefônica entre o chefe do Gabinete de Assuntos Internacionais do Partido Comunista Chinês e assessor de Xi Jinping, Wang Yi, e Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Acordo é visto como demonstração de apoio internacional

O objetivo chinês, além de proteger seus investimentos e sua relação com aliados, tem como objetivo demonstrar apoio como aliada e fortalecer a atuação dos países no cenário internacional na defesa da multipolaridade econômica mundial, da ordem internacional e da justiça global.

Para Wang Yi, os países devem defender juntos seus interesses legítimos junto com os dos países do sul global para conseguirem ter uma relação mais equilibrada onde todos saem ganhando.

O assessor de Xi Jinping ainda completa afirmando que China e Brasil sempre se apoiaram mutuamente e tiveram cooperação estreita e que além do BRICS+ trabalham para a construção de uma comunidade de futuro compartilhado por um mundo mais justo e um planeta mais sustentável.

Relação entre os países vive momento impar

A relação comercial entre Brasil e China completou 50 anos em 2024 e além dos laços comerciais, também tem cooperação em vários setores, seja por meio de acordos bilaterais ou através do BRICS+ junto com os membros originais Rússia, Índia e África do Sul.

Contudo, a partir de visita feita no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva é que o país asiático se consolidou como o maior parceiro comercial do Brasil, posição que ocupa até os dias atuais.


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Brasil e China estreitaram relações comerciais nos últimos anos (Foto: Reprodução/Luoman/Getty Images Embed)

Apesar de tensões durante o mandato de Jair Bolsonaro, que mantinha um posicionamento anti chinês e pró Estados Unidos, algo que é visto inclusive nas manifestações de apoiadores, os países voltaram a ter uma relação de amizade após a volta de Lula ao poder na vitória da eleição de 2022.

Os países hoje, além das relações comerciais, também tem cooperação em diversas áreas como ciência e tecnologia, educação, cultura, turismo e na promoção de intercâmbios e parcerias entre os países.

Empresas chinesas inclusive tem participado de licitações públicas em setores importantes da economia brasileira como energia, agricultura, telecomunicações, transportes, projetos de infraestrutura no país, como na construção de ferrovias.

Apoio vem em meio a sanções dos Estados Unidos

O apoio da China ao Brasil, que deve ter movimentos confirmados em breve, vem em um momento delicado para ambos os países por conta do tarifaço imposto pelos Estados Unidos através do presidente Donald Trump.

O Brasil desde ontem(06) tem seus produtos importados aos EUA taxados em 50%. A taxação atinge um pouco mais de 40% das exportações brasileiras ao país da América do Norte. Já os chineses têm suas exportações taxadas em 30% dos EUA desde maio de 2025.

Com isso, os dois países buscam de forma conjunta não só se defender do tarifaço como garantir novos mercados para seus produtos, fugindo de um comércio desfavorável com os Estados Unidos.

Os países, por exemplo, já usam moeda local para fazer negócio livre de taxas através do Brics Pay. O mesmo acontece com outros países do BRICS+ exatamente para fugir das tarifações do dólar.

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