Exportações brasileiras de café ganham reforço com acordo com a China

Medida chinesa visa fortalecer comércio bilateral após Estados Unidos anunciarem aumento tarifário sobre produtos do Brasil

04 ago, 2025
Lula e Xi Jinping | Reprodução/Pool/Getty Images Embed
Lula e Xi Jinping | Reprodução/Pool/Getty Images Embed

A China liberou 183 empresas brasileiras para exportação de café, concedendo licenças válidas por cinco anos. A decisão foi anunciada pela embaixada chinesa no Brasil em resposta ao aumento de 50% nas tarifas sobre produtos brasileiros imposto pelos Estados Unidos, que entrou em vigor no início de agosto. A medida abre uma alternativa importante para os exportadores nacionais, que enfrentam dificuldades diante do novo cenário tarifário imposto pelo governo americano.

Tarifas dos EUA afetam café do Brasil

A tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre o café brasileiro entrou em vigor em 6 de agosto e representa um grande obstáculo para os exportadores nacionais. Esse aumento tarifário impacta diretamente o fluxo comercial entre Brasil e EUA, que historicamente é expressivo: o país norte-americano é um dos principais destinos do café produzido no Brasil, recebendo cerca de 8 milhões de sacas anualmente. Em junho deste ano, o volume exportado para os EUA foi de aproximadamente 440 mil sacas o que demonstra a importância desse mercado para os produtores brasileiros.

Esse número é quase oito vezes maior que o volume enviado para a China no mesmo período, que foi de 56 mil sacas. Diante desse cenário, os exportadores brasileiros enfrentam o desafio de buscar novos mercados e estratégias comerciais para reduzir a dependência do mercado americano. A abertura da China para a exportação de café aparece, portanto, como uma alternativa relevante para amenizar os efeitos da alta tarifária dos EUA e diversificar os destinos das exportações brasileiras.


PT anunciando acordo com a China (Foto:reprodução/instagram/@ptbrasil)

Parceria com China favorece exportadores

A recente autorização concedida pela China para que 183 empresas brasileiras possam exportar café ao país é vista como uma oportunidade estratégica para os produtores brasileiros. A China, que já é o maior parceiro comercial do Brasil em várias áreas, pode se tornar um mercado ainda mais relevante para o setor cafeeiro, contribuindo para a ampliação e diversificação das exportações. Com licenças válidas por cinco anos, essa medida garante estabilidade e segurança para as empresas brasileiras planejarem suas vendas e investimentos no mercado chinês.

Segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o Brasil detém atualmente cerca de um terço do mercado de café dos Estados Unidos, um setor que movimenta cerca de US$ 4,4 bilhões em um ano, evidenciando a dimensão e importância desse comércio. No entanto, com o aumento das tarifas americanas, a China surge como um parceiro estratégico para mitigar os impactos econômicos causados pelas barreiras tarifárias, oferecendo um canal alternativo para a comercialização e possibilitando que o Brasil mantenha sua posição como um dos principais fornecedores globais de café.

Panorama das exportações do agro

O Brasil se destaca mundialmente como líder na exportação de vários produtos agrícolas, especialmente café, suco de laranja e carne bovina, três setores diretamente impactados pelas recentes tarifas impostas pelos Estados Unidos.

Café: Com uma produção anual de 41,75 milhões de sacas de 60 kg, o Brasil domina o mercado global de café, muito à frente de países como Vietnã (27,9 milhões de sacas) e Colômbia (11,9 milhões). Cerca de 77% dessa produção é destinada ao mercado externo, tendo os Estados Unidos como principal comprador, absorvendo 16% do total exportado, seguidos por Alemanha (14%) e Itália (9,3%). O restante das exportações é distribuído por diversos outros países, que juntos representam 60,4% das compras.

Suco de laranja: O Brasil também lidera com folga o mercado mundial de suco de laranja, com exportações anuais de 954 mil toneladas, superando com larga vantagem México (182 mil toneladas) e União Europeia (111 mil toneladas). Aproximadamente 93% do suco produzido é vendido para o exterior, tendo a União Europeia como principal destino (51,4%), seguida pelos Estados Unidos (41,7%) e China (2,6%).

Carne bovina: Na exportação de carne bovina, o Brasil figura como o maior fornecedor global, com 3,75 milhões de toneladas anuais, quase o dobro da Austrália (1,96 milhão) e da Índia (1,56 milhão). Embora a maior parte da carne consumida no Brasil (78%) fique no mercado interno, 22% é exportada, com a China respondendo por quase metade dessa fatia (48,8%), enquanto os Estados Unidos representam 12,1% e o Chile 4,76%.

Este panorama revela a diversidade e a força do agronegócio brasileiro nos mercados internacionais, ressaltando a importância de buscar alternativas diante das recentes barreiras comerciais, especialmente no setor de café.

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