Brasil perde chances de transplantes por recusa familiar em 45% dos casos
Ministério da Saúde diz que 45% das famílias recusam doação de órgãos, campanha vai reforçar diálogo e incentivos para equipes médicas

O Ministério da Saúde divulgou novos dados que acendem um alerta sobre a doação de órgãos no Brasil: quase metade das famílias ainda se recusa a autorizar o procedimento após a morte de um parente. O cenário revela entraves culturais e emocionais que desafiam o sistema de saúde e colocam em risco a vida de milhares de pessoas que aguardam na fila por um transplante. Especialistas destacam que o diálogo familiar e a conscientização são fundamentais para reverter esse quadro e salvar vidas.
Recusa familiar ainda é principal obstáculo
De acordo com o levantamento, 45% das famílias brasileiras recusam a doação de órgãos de parentes falecidos, índice que representa um dos principais obstáculos para ampliar o número de transplantes no país. Atualmente, mais de 80 mil pessoas aguardam por um órgão, muitas em situação crítica de saúde. Fatores emocionais, crenças religiosas e a falta de informação são citados como razões mais comuns para a negativa, mesmo diante da relevância social e humanitária do gesto.
Além disso, a recusa familiar compromete o planejamento e a logística do sistema de transplantes, que possui equipes especializadas e centros de referência distribuídos pelo país. Segundo o Ministério da Saúde, mesmo com infraestrutura adequada, a negativa impede que órgãos viáveis sejam utilizados, prolongando a espera de pacientes e aumentando o risco de óbitos entre aqueles que dependem de um transplante.
Campanhas e ações para ampliar a doação
Para enfrentar esse desafio, o ministério lançou uma série de campanhas de conscientização, com foco em incentivar que as pessoas expressem em vida seu desejo de ser doador. Também foi criada a Política Nacional de Doação e Transplantes (PNDT), que inclui incentivos para equipes hospitalares que atuam no delicado momento do diálogo com familiares de possíveis doadores.
Entre as ações, destaca-se o Programa Nacional de Qualidade na Doação de Órgãos e Tecidos (PRODOT), que premia equipes hospitalares que atingem metas de desempenho e confiabilidade no processo de doação. Além disso, a pasta trabalha em parceria com veículos de comunicação, redes sociais e organizações comunitárias para disseminar informações corretas sobre os benefícios e procedimentos da doação.
Impacto humano e social
O efeito da recusa familiar vai além das estatísticas: milhares de pessoas aguardando órgãos enfrentam risco constante de morte ou complicações graves. Especialistas enfatizam que a educação em saúde e o incentivo à conversa antecipada sobre a vontade de doar são essenciais para transformar a realidade do país e garantir que mais vidas sejam salvas.