Pelo menos 20 pessoas ficaram feridas e 60 casas e alguns prédios foram severamente danificados, após um forte terremoto de magnitude 6,3 que sacudiu a província de Esmeraldas, no noroeste do Equador, zona fronteiriça à Colômbia. O tremor de terra ocorreu às 6h45 da manhã de sexta-feira (25), no fuso horário local (às 8h45 no horário de Brasília). A informação foi confirmada por autoridades equatorianas e repercutida em matéria do site brasileiro G1.
"Foi muito forte e também longo (...). Foi uma eternidade para nós, mas estimo que durou pelo menos meio minuto", contou à agência AFP o ex-candidato presidencial indígena, Yaku Pérez, conforme publicação de sexta-feira do site da revista Exame.
De acordo com a Secretaria Nacional de Gestão de Riscos (SNGR), as 20 pessoas atingidas tiveram ferimentos na cabeça. Além disso, após as primeiras avaliações sobre a dimensão dos estragos e perdas materiais, foi concluído que 60 casas e alguns prédios públicos ficaram severamente danificados. Duas estradas e uma ponte também sofreram danos.
A estrutura do prédio veio a baixo após terremoto de 6,3 de magnitude sacudir a província de Esmeralda, no Equador (Foto: reprodução/X/@BreakingItalyNe)
Segundo as informações do serviço de Pesquisa Geológica dos Estados Unidos (na sigla em inglês, USGS — United States Geological Survey), o hipocentro do sismo foi a uma profundidade de 35 quilômetros. O hipocentro é um termo técnico que se refere ao ponto no interior da crosta terrestre, onde ocorre o deslocamento das placas tectônicas e a consequente liberação de energia em forma de tremor decorrente do atrito entre as placas.
Já o epicentro do fenômeno — local na superfície terrestre exatamente acima do hipocentro e onde os abalos são sentidos com mais intensidade — ocorreu a 8,4 quilômetros da cidade de Esmeraldas, capital da província de mesmo nome. Apesar da proximidade com a Costa equatoriana que dá para o Oceano Pacífico, segundo o Instituto Oceanográfico Equatoriano (Inocar), a possibilidade de um tsunami foi descartada.
#Ecuador: Un fuerte sismo de magnitud Mww=6.3, se registró a 20 KM al NE de #Esmeraldas, provincia de #Esmeraldas. Profundidad: 35 KM.
— American Earthquakes(@earthquakevt) April 25, 2025
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¿Sintió este sismo?, ¡cuéntanos!#EQVT,#earthquake,#seísmo,#sismo,#temblor,#terremoto,#PachaKuyuy. pic.twitter.com/gJDxDnn3Fa
Imagem do epicentro do terremoto na província equatoriana de Esmeraldas, próxima à fronteira com a Colômbia (Foto: reprodução/X/American Earthquakes)
Tremores secundários “ligeiros”
Os abalos reverberaram em 10 províncias de um total de 24 existentes no país, de acordo com as autoridades equatorianas da Secretaria Nacional de Gestão de Riscos.
Imagens dos danos após o terremoto em Esmeraldas, província do Equador (Vídeo: reprodução/YouTube/@UOL)
Aproximadamente 20 minutos após o primeiro forte tremor de terra ocorrido em Esmeraldas, o Instituto Geofísico do Equador registrou o segundo sismo, só que desta vez mais profundo e, por isso, menos intenso em relação ao primeiro em outra região do país.
Conforme relato do Instituto, a província de Guayas, banhada pelo Pacífico e localizada a sudoeste do Equador, foi atingida por tremores secundários na casa de 4,1 de magnitude, logo, classificados tecnicamente como “ligeiros”. Já o seu hipocentro foi a 86 quilômetros de profundidade no interior da terra.
Veja como é a classificação dos abalos sísmicos:
Outros terremotos no Equador
Historicamente, o Equador vive esta realidade de tremores de terra com alta frequência ao longo dos anos. Ora abalos sem grandes consequências, ora bem mais intensos, causando danos materiais, vítimas, e algumas delas até fatais.
Há poucos dias, a nação equatoriana recordava com tristeza o grande terremoto de magnitude de 7,8 que sacudiu Manabí e Esmeraldas em 2016. Na ocasião, 673 pessoas morreram e cerca de 6.300 ficaram feridas.
De acordo com a matéria do site da BBC publicada em 19 de abril de 2016, outro grande evento sísmico de destaque foi no ano de 1958. O abalo afetou bastante a região do centro do país. Em 1906 mais um grande terremoto chacoalhou o território equatoriano. A região costeira foi o epicentro e com falhas rompidas por cerca de 1000km.
“E, em 1979, houve outro que acertou o terço norte”, explicou o cientista Roger Musson, sismólogo do British Geological Survey, em entrevista concedida à BBC para essa matéria de 2016.
Motivo dos constantes abalos sísmicos na região
O que leva o Equador a ter frequentes registros é sua localização geográfica no Planeta. O país está localizado exatamente sobre o encontro das placas tectônicas conhecidas pelos nomes de Nazca e Sul-Americana. Os limites das placas tectônicas são áreas de maior atividade sísmica e de presença de vulcões e se concentram em volta do oceano Pacífico, formando o “Círculo de Fogo do Pacífico” ou “Anel de Fogo do Pacífico”.
Imagem do mapa que destaca a zona do “Anel de Fogo do Pacífico” ou “Círculo do Pacífico” Foto: reprodução/PeterHermesFurian/iStock)
É uma grande área de 40 mil quilômetros em forma de ferradura que circunda o Oceano Pacífico, daí o nome. Esse Anel imaginário também passa pelos seguintes países: EUA, Canadá, Rússia, Japão, os países do Sudeste Asiático e os da Oceania.
O Círculo do Fogo é a maior zona sísmica do mundo, famosa pela sua alta incidência de terremotos e erupções vulcânicas. Para se ter uma ideia, 9 em cada 10 tremores que são registrados no mundo ocorrem dentro desse Círculo. Além disso, ao longo dessa zona há pelo menos 450 vulcões em atividade.
Equador! Após o terremoto de ontem, agora o vulcão Sangay está expelindo material piroclástico.
— Verdades e Nada Mais (@VerdadeseNadaMa) March 19, 2023
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Atividade vulcânica após terremoto ocorrido no Equador, em 18 de março de 2023 (Vídeo: reprodução/X/@VerdadeseNadama)
A explicação geológica para tantos abalos é que em toda essa região do Pacífico as placas da crosta terrestre ainda não estão acomodadas e, por isso, deslocam-se frequentemente, causando os tremores de terra.
Já o surgimento dos vulcões dá-se a partir da pressão que a placa que se desloca para baixo exerce sobre o magma no interior da crosta da Terra. Quando isso ocorre, o magma busca um caminho para chegar à superfície, bem no limiar da placa. É assim que surgem os vulcões.
O terremoto desta sexta (25) no Equador ocorreu dois dias depois de outro forte terremoto, de 6,2 de magnitude, que abalou importantes cidades como Ancara e Istambul, na Turquia — país localizado no limite entre a Europa e a Ásia. O tremor deixou mais de 150 feridos e danificou construções civis.
Foto Destaque: construções civis parcialmente danificadas pelo terremoto ocorrido na província de Esmeraldas, no Equador (Reprodução/X/@correio_dopovo)