Brasil registra queda de 46% nos focos de incêndio no primeiro semestre
Primeiro semestre de 2025 tem redução expressiva, mas desmate na Amazônia segue em alta

O Brasil teve uma redução de 46% no total de focos de incêndio no primeiro semestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Entre janeiro e junho, foram detectados 19.277 focos, contra 35.938 de 2024. A queda é atribuída a fatores como condições climáticas mais favoráveis, ações de fiscalização e o reforço de operações de combate em áreas críticas.
Apesar do recuo no número de queimadas, o desmatamento na Amazônia voltou a crescer. Apenas em maio, foram derrubados 960 quilômetros quadrados de floresta, o que representa um aumento de 92% em comparação a maio do ano anterior. Pesquisadores apontam que parte dessa alta está relacionada à exploração de áreas queimadas em 2024, consideradas por especialistas como uma das maiores catástrofes ambientais recentes.
Estados que concentram maioria dos focos
Mato Grosso lidera o ranking de queimadas, concentrando 18,4% do total registrado no país, com 3.538 focos. Em seguida aparecem Tocantins, Bahia, Maranhão e Pará. Mesmo com a redução geral, o cenário regional ainda preocupa: o Pará, que será sede da COP30 em novembro, registrou queda de 37% nos focos de incêndio, mas segue como uma das áreas mais vulneráveis a atividades ilegais.
De acordo com dados do Inpe, os incêndios estão diretamente ligados ao desmatamento. Muitas áreas são queimadas para abrir espaço para a agropecuária, atividade que avança sobre regiões de floresta, especialmente durante o período seco, quando o risco de fogo é maior.
Desmatamento e combate ao fogo
Especialistas do instituto afirmam que a destruição da floresta em ritmo acelerado pode comprometer os resultados positivos na redução dos incêndios. A pesquisadora Luciana Vanni Gatti, que coordena estudos sobre gases de efeito estufa, avalia que parte da vegetação queimada em 2024 está sendo agora “limpa” por madeireiros e grileiros. Isso explicaria o crescimento do desmate mesmo com menos registros de fogo.
Lula no lançamento do programa pela Redução do Desmatamento em 2024 (Foto: reprodução/Fabio Rodrigues- Pozzebom/Agência Brasil)
O governo federal vem prometendo intensificar a fiscalização nos próximos meses para conter o avanço do desmatamento antes da Conferência do Clima. Organizações ambientais defendem que a queda nos focos de incêndio é positiva, mas ainda insuficiente se não vier acompanhada de políticas robustas para impedir o avanço de atividades ilegais na floresta.
Para especialistas, o monitoramento contínuo e o fortalecimento de políticas de proteção ambiental são fundamentais para garantir que o Brasil mantenha o compromisso de reduzir o desmatamento e as emissões de gases poluentes.