Brasil registra queda de 46% nos focos de incêndio no primeiro semestre

Primeiro semestre de 2025 tem redução expressiva, mas desmate na Amazônia segue em alta

01 jul, 2025
Incêndio no Parque Nacional de Brasília em 2024 | Reprodução/Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
Incêndio no Parque Nacional de Brasília em 2024 | Reprodução/Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

O Brasil teve uma redução de 46% no total de focos de incêndio no primeiro semestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Entre janeiro e junho, foram detectados 19.277 focos, contra 35.938 de 2024. A queda é atribuída a fatores como condições climáticas mais favoráveis, ações de fiscalização e o reforço de operações de combate em áreas críticas.

Apesar do recuo no número de queimadas, o desmatamento na Amazônia voltou a crescer. Apenas em maio, foram derrubados 960 quilômetros quadrados de floresta, o que representa um aumento de 92% em comparação a maio do ano anterior. Pesquisadores apontam que parte dessa alta está relacionada à exploração de áreas queimadas em 2024, consideradas por especialistas como uma das maiores catástrofes ambientais recentes.

Estados que concentram maioria dos focos

Mato Grosso lidera o ranking de queimadas, concentrando 18,4% do total registrado no país, com 3.538 focos. Em seguida aparecem Tocantins, Bahia, Maranhão e Pará. Mesmo com a redução geral, o cenário regional ainda preocupa: o Pará, que será sede da COP30 em novembro, registrou queda de 37% nos focos de incêndio, mas segue como uma das áreas mais vulneráveis a atividades ilegais.

De acordo com dados do Inpe, os incêndios estão diretamente ligados ao desmatamento. Muitas áreas são queimadas para abrir espaço para a agropecuária, atividade que avança sobre regiões de floresta, especialmente durante o período seco, quando o risco de fogo é maior.

Desmatamento e combate ao fogo

Especialistas do instituto afirmam que a destruição da floresta em ritmo acelerado pode comprometer os resultados positivos na redução dos incêndios. A pesquisadora Luciana Vanni Gatti, que coordena estudos sobre gases de efeito estufa, avalia que parte da vegetação queimada em 2024 está sendo agora “limpa” por madeireiros e grileiros. Isso explicaria o crescimento do desmate mesmo com menos registros de fogo.


Lula lança programa pela Redução do Desmatamento

Lula no lançamento do programa pela Redução do Desmatamento em 2024 (Foto: reprodução/Fabio Rodrigues- Pozzebom/Agência Brasil)

O governo federal vem prometendo intensificar a fiscalização nos próximos meses para conter o avanço do desmatamento antes da Conferência do Clima. Organizações ambientais defendem que a queda nos focos de incêndio é positiva, mas ainda insuficiente se não vier acompanhada de políticas robustas para impedir o avanço de atividades ilegais na floresta.

Para especialistas, o monitoramento contínuo e o fortalecimento de políticas de proteção ambiental são fundamentais para garantir que o Brasil mantenha o compromisso de reduzir o desmatamento e as emissões de gases poluentes.

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