O governo dos Estados Unidos tem tratativas com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, para que este reconheça a vitória da oposição nas eleições de julho e aceite o resultado do pleito. Em matéria publicada neste domingo (11), o jornal estadunidense The Wall Street Journal afirma também que o governo de Joe Biden estaria negociando anistia política ao presidente venezuelano.
A matéria afirma, com fontes de dentro do governo dos Estados Unidos, que está sendo oferecido a Maduro, perdão político e garantias de que nem ele e nem integrantes de seu atual governo sejam perseguidos pela oposição. O partido de oposição afirma que venceu as eleições e que houve fraudes nas urnas para que Maduro fosse declarado reeleito.
O que houve na Venezuela
As eleições que aconteceram em 28 de julho na Venezuela foram marcadas por diversas denúncias de que o atual presidente do país, Nicolás Maduro, havia sido reeleito fraudando as urnas e o resultado final do pleito. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país proclamou o resultado dando 52% dos votos ao atual presidente, sem divulgar as atas eleitorais das urnas, as quais são os documentos que compilam todos os resultados e discriminam os votos em cada seção eleitoral do país, provando a contagem final. A alegação do órgão é de que o sistema foi hackeado e não consegue entregar as atas.
Oposição se diz vitoriosa
O candidato da oposição, Edmundo González, diz que venceu as eleições com 67% dos votos válidos e mostra como prova um site criado por correligionários, que cooptou 80% das atas e as digitalizou. Segundo a oposição, estes dados foram adquiridos por seus representantes que compareceram à maioria das seções eleitorais.
Edmundo González afirma ter vencido as eleições venezuelanas (Foto: reprodução: Alfredo Lasry R/Getty Images Embed)
Contagem independente
Uma contagem independente das atas eleitorais na última semana, realizada pela agência de notícias Associated Press (AP), mostrou que Edmundo González venceu as eleições com uma margem de 500 mil votos.
Proposta de anistia a Maduro
O presidente venezuelano Nicolás Maduro responde a uma acusação antiga nos Estados Unidos por, com aliados, levar cocaína ao país. Em 2020, os EUA ofereceram uma recompensa de 15 milhões de dólares a quem desse informações que ajudassem e facilitassem a prisão do líder da Venezuela.
Segundo a publicação do The Wall Street Journal deste domingo (11), caso as negociações com Maduro sigam de forma positiva, o governo dos Estados Unidos retiraria a dennúncia e a recompensa pela prisão, dando anistia a Maduro. A matéria ainda afirma que outra proposta nestes mesmos moldes havia sido feita ao presidente venezuelano, secretamente, em 2023.
Oposição garante proteção a Maduro
Além da suposta proposta do governo dos Estados Unidos por anistia, a oposição afirma que também estaria disposta a garantir segurança e proteção a Maduro, caso este reconheça derrota e que faça uma transição gradual e pacífica do cargo. O presidente descartou qualquer possibilidade de acordo e reconhecimento e ainda pediu para que a líder de oposição, a candidata impedida de concorrer às eleições, María Corina Machado, se entregue à justiça.
Cobranças à Venezuela
A comunidade internacional tem pressionado o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para divulgarem as atas das eleições o mais breve possível. No sábado (10), a Suprema Corte venezuelana afirmou que iniciou uma auditoria do pleito eleitoral e o resultado, a ser divulgado em breve, será inapelável.
Brasil, Estados Unidos e Colômbia são os países que têm pressionado a transparência na divulgação das atas eleitorais. O Itamaraty afirma que, sem as atas, não reconhecerá o governo eleito.
Foto Destaque: Maduro estaria negociando sua anistia política com os EUA, segundo jornal (Reprodução/Jesus Vargas/Getty Images Embed)