ONU aponta crise hídrica global com secas prolongadas e enchentes severas

ONU alerta que secas e enchentes intensas marcam 2024, o ano mais quente. No Brasil, Amazônia seca e Sul alagado alertam para crise hídrica e ações urgentes

18 set, 2025
Seca extrema no Brasil afeta a Amazônia | reprodução/Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Seca extrema no Brasil afeta a Amazônia | reprodução/Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O relatório “Estado dos Recursos Hídricos Globais 2024”, publicado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) na quinta-feira (18), aponta para um cenário alarmante: o ciclo da água no planeta está desregulado, com secas prolongadas e enchentes devastadoras se tornando cada vez mais comuns. Segundo o documento, apenas um terço das bacias hidrográficas globais apresentou condições normais em 2023, enquanto as demais sofreram com excesso ou escassez de água, intensificados pelo El Niño.

Impacto no Brasil

No Brasil, os impactos foram marcantes. A estiagem que atingiu a Amazônia em 2023 se agravou, comprometendo 59% do território nacional em 2024, afetando rios, transporte fluvial e comunidades ribeirinhas. Reservatórios enfrentam uma década de seca, o que eleva o risco de apagões e pressiona as contas de luz, com a bandeira vermelha patamar 2 já acionada devido aos baixos níveis de água. No Sul do país, enchentes históricas deixaram 183 mortos e milhares de desabrigados, configurando uma das maiores tragédias climáticas do país.


Flutuações extremas nas chuvas, como consequência da crise climática, afetaram agricultura e meios de subsistência das populações (Foto: reprodução/Bogomil Mihaylov/Unsplash)

Globalmente, 2024 foi o ano mais quente já registrado, contribuindo para o terceiro ano consecutivo de derretimento de glaciares. O volume de água perdido equivale a 180 milhões de piscinas olímpicas, elevando o nível dos oceanos. Regiões como o sul da África, Europa, Ásia e o Sahel enfrentaram secas severas, inundações históricas e ciclones recordes, evidenciando a crise climática.

Declaração alarmante

“A água é vital para sociedades, economias e ecossistemas, mas está sob pressão extrema. Sem dados confiáveis, estamos no escuro”, alertou Celeste Saulo, secretária-geral da OMM. O relatório reforça que secas mais longas e chuvas intensas são o “novo normal” em um planeta aquecido, exigindo medidas urgentes para adaptação e mitigação.

Especialistas apontam que o modelo atual do Operador Nacional do Sistema (ONS) no Brasil, baseado em dados históricos, ignora os impactos climáticos, agravando a vulnerabilidade energética e social.

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