O primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, reiterou nesta quinta-feira (27) o convite ao Papa Francisco para visitar a Ucrânia. O encontro entre o premiê e o líder da Igreja Católica aconteceu no Vaticano, um dia após Smyhal participar de uma conferência organizada pelo governo italiano, com o objetivo de debater a reconstrução do país em guerra com a Rússia.
É a primeira vez, desde que foram iniciados os conflitos armados entre Rússia e Ucrânia — fevereiro de 2022 —, que um líder do país invadido pela Rússia encontra com o Papa. Após uma tradicional troca de presentes, Shmyhal se direcionou à coletiva de imprensa, onde aproveitou a oportunidade para pedir que o Papa ajude no retorno das crianças ucranianas deportadas à força para a Rússia, de acordo com publicação da ANSA. "Conversamos sobre a fórmula de paz e a possível ajuda de Sua Santidade e do Vaticano para cumprir todas as etapas do plano de paz do presidente Zelensky.", disse o primeiro-ministro sobre o encontro.
Papa Francisco e Premiê ucraniano trocam presentes (Foto: Divulgação/Vatican News)
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia já tinha declarado, um dia antes do encontro do pontífice com o premiê, que o Papa é bem-vindo em seu país e que não sabe porque a visita ainda não aconteceu.
"Receberemos o Papa de braços abertos, a Ucrânia está com o Papa pela paz. Nosso convite ainda é válido, é um convite permanentemente aberto, pode vir a qualquer momento.", declarou o ministro Dmytro Kuleba. O chanceler complementou dizendo que mantém conversações com o Vaticano e que, apesar de não ter uma data confirmada para a ida de Francisco ao país, o convite nunca foi recusado.
Francisco já condenou a invasão da Rússia em diversas ocasiões nas quais ele prega pela paz, como fez em uma de suas recentes audiências periódicas, após civis ucranianos morrerem em consequência de um ataque, em Bucha. "Parem com esta guerra. Que as armas fiquem em silêncio. Parem de semear a morte e a destruição", pediu. Já em uma declaração feita no mês passado (março), Francisco relacionou a motivação da guerra a "interesses imperiais", não só de origem do império russo. A declaração foi divulgada em uma entrevista para o canal público da Suíça, RSI.
Papa Francisco segura bandeira da Ucrânia (Foto: Divulgação/ANSA)
Troca de presentes
Como parte da tradição, Francisco e o premiê trocaram presentes ao final do encontro. Uma placa de bronze escrito "a paz é uma flor frágil" e livros foram entregues a Shmyhal, que retribuiu com uma peça de cerâmica no formato de um galo, simbolizando o animal sobrevivente de um bombardeio em Kiev. Além da peça, ele também deu ao pontífice feixes de trigo e um álbum com fotos do conflito.
Apesar da ocasião não ter sido idealizada especialmente para a reiteração do convite, a divulgação gerou expectativa. O papa viaja nesta sexta (28) para a Hungria, onde vai discutir sobre a guerra da Ucrânia e a política contra a migração.
Foto Destaque: Papa Francisco - Foto: Annet Klingner/Pixabay