Nesta segunda-feira (23), em declaração na rede social X, o chefe da Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA), Philippe Lazzarini, alertou sobre a morte de uma criança por hora em Gaza. Em 14 meses de guerra entre israelenses e palestinos, o Unicef relatou mais de 14.500 mortes infantis, além do número de feridas e mutiladas, e cerca de 19 mil órfãs.
No place for children.
— Philippe Lazzarini (@UNLazzarini) December 23, 2024
Since the beginning of the war 14,500 children have been reported killed in #Gaza according to @UNICEF.
One child gets killed every hour.
These are not numbers
These are lives cut short.
Killing children cannot be justified.
Those who survive are…
Post pedindo o cessar-fogo (Foto: reprodução/X/@UNLazzarini)
“Estes não são números. Essas são vidas interrompidas”, disse no post, reforçando a crueldade sem justificativa que as crianças palestinas estão submetidas. Lazzarini ainda ressaltou que “aquelas que sobrevivem ficam marcadas física e emocionalmente [...] Elas estão perdendo suas vidas, seus futuros e principalmente suas esperanças”.
Não é a primeira vez que o diretor da UNRWA faz uma queixa contra o que está acontecendo em Gaza. No dia 3 de dezembro, em comunicado citado pela Efe, expôs que “Gaza tem atualmente o maior número de crianças amputadas per capita do mundo, muitas das quais perderam membros e são operadas sem sequer anestesia".
Crianças palestinas em abrigos improvisados (Foto: reprodução/Instagram/@unicef/UNI521798/El Baba)
Fome, sede e aniquilação infantil
Sem infância e com traumas para toda a vida, crianças sobreviventes sofrem com a fome, a sede, a falta de abrigo e a negligência na saúde. O cenário de ausência de ordem e combates intensos torna “quase impossível”, segundo o vice-diretor executivo da agência, Carl Skau, que parceiros ajudem.
“Presos, sem água limpa ou saneamento”, para Skau a situação é considerada “um desastre de saúde pública e proteção”. No sul de Gaza, conforme as estimativas do Unicef, as crianças e adolescentes têm acesso a uma quantidade abaixo dos requisitos humanitários de emergência. Por dia, eles recebem apenas 1,5 a 2 litros de água, quando deveriam ter 15 litros. Afinal, a água não serve apenas para beber, mas lavar e cozinhar.
O impacto da falta de água decorrente de pelo menos 50% das estações de saneamento danificadas deixam meninas e meninos mais propensos à desidratação, doenças, diarreia e desnutrição. A diretora-executiva do Unicef, Catherine Russel, declarou esta situação como “uma questão de vida ou morte”.
Em apelo à situação, o Unicef pede um cessar-fogo humanitário imediato, incondicional e permanente; acesso humanitário irrestrito à Faixa de Gaza para alcançar as populações afetadas, liberação de crianças e adolescentes; respeito e proteção das instalações civis e de saúde; assim como os casos médicos urgentes.
The humanitarian aid getting into Gaza is far from enough for 2+ million people in desperate need.
— United Nations (@UN) December 3, 2024
While hostilities continue, women, men & children are facing hunger, living in tents & relying on limited life-saving assistance.
Safe, sustained access is more urgent than ever. pic.twitter.com/wwWalsZ1yb
Crianças recebendo alimento (Foto: reprodução/X/@UN)
Já passou da hora
Inúmeras tentativas de cessar-fogo entre Israel e Gaza foram negociadas. A última proposta determinada pela Assembleia-Geral da ONU, em 11 de janeiro, está atrasada devido às exigências feitas pelo governo israelense, inclusive que não se mostrou disponível ao acordo durante a votação. Enquanto isso, o número de vítimas não para de subir. Até o momento, o Ministério da Saúde de Gaza afirma a morte de mais de 45.300 pessoas, sendo 70% mulheres e crianças. Dessas, o governo de Israel afirma que cerca de 17 mil eram terroristas.
Foto destaque: Crianças sobrevivem em meio aos escombros de Gaza (reprodução X/@UNHumanRights/UNRWA)