ONU confirma recorde histórico de CO₂ na atmosfera

Crise climática avança: níveis recordes de CO₂ em 2024 revelam a urgência de ações globais para frear o aquecimento da Terra

15 out, 2025
ONU discute o aumento de carbono na atmosfera em 2024 | Reprodução/Instagram/@onubrasil
ONU discute o aumento de carbono na atmosfera em 2024 | Reprodução/Instagram/@onubrasil

A concentração de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera atingiu em 2024 o maior nível desde o início das medições modernas, segundo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), ligada à ONU. O aumento de 3,5 partes por milhão (ppm) entre 2023 e 2024 representa o crescimento mais rápido já registrado, e acende um alerta global às vésperas da Conferência do Clima (COP 30), que será realizada em Belém, no Brasil.

De acordo com a OMM, o avanço do CO₂ está diretamente ligado às atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento. Incêndios florestais intensos, aliados à menor capacidade de absorção de carbono por oceanos e florestas, também contribuíram para o aumento recorde. O órgão destaca que cerca de metade do dióxido de carbono emitido anualmente permanece na atmosfera, o que intensifica o aquecimento global e suas consequências.

Calor crescente e efeito dominó climático

Além do CO₂, outros gases do efeito estufa, como o metano (CH₄) e o óxido nitroso (N₂O), também alcançaram níveis inéditos. A ONU alerta que o calor retido por esses gases amplifica fenômenos climáticos extremos, como secas prolongadas, ondas de calor, enchentes e queimadas. O ano de 2024 foi o mais quente da história, impulsionado por um forte El Niño.


Charge ilustrando o aquecimento global (Foto: reprodução/Pinterest/@edugeo360graus)

A secretária-geral adjunta da OMM, Ko Barrett, destacou que “o calor retido pelo CO₂ e outros gases de efeito estufa amplifica as condições climáticas e intensifica os fenômenos meteorológicos extremos. Portanto, é fundamental reduzir as emissões, não apenas pelo nosso clima, mas também para a nossa segurança econômica e o bem-estar da população”.

A agência também alerta que os sumidouros de carbono — florestas e oceanos que absorvem parte do CO₂ — estão se tornando menos eficientes. A cientista sênior da OMM, Oksana Tarasova, explicou que “há uma preocupação de que esses sumidouros estejam se tornando menos eficazes, o que aumentará a quantidade de CO₂ que permanece na atmosfera, acelerando o aquecimento global”.

COP 30 busca frear avanço

Diante do cenário, a OMM reforça que o monitoramento contínuo e o compartilhamento de dados são essenciais para embasar políticas públicas e decisões globais. O relatório foi divulgado justamente para orientar as discussões da COP 30, que pretende intensificar a ação climática e cobrar compromissos concretos de redução de emissões.

Para Barrett, “manter e expandir o monitoramento de gases de efeito estufa é fundamental para apoiar esses esforços”. A ONU destaca que, sem medidas urgentes, os impactos ambientais e econômicos podem se tornar irreversíveis, comprometendo o equilíbrio climático e a qualidade de vida das próximas gerações.

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