A morte da atriz Millena Brandão, de apenas 11 anos, na última sexta-feira (2), por causa de um tumor cerebral, levantou um alerta sobre o risco de câncer no cérebro e a frequência com que a doença ocorre no Brasil. De acordo com um levantamento feito pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) e divulgado em matéria do site do Jornal "Estado de Minas" em maio de 2024, o câncer de cérebro ocupa a 10ª posição dentre os tumores malignos mais letais no país. Além disso, dos diagnósticos de realizados sobre o problema, foi concluído que cerca de 4% são de câncer cerebral. A pesquisa também apontou que o registro de casos fatais no país aumentou em 84%.
Já em uma perspectiva mundial sobre esse mal, ainda segundo dados do INCA, 1,4% a 1,8% de todos os casos de tumores malignos diagnosticados no mundo são de câncer do Sistema Nervoso Central (SNC) — que compreende o cérebro e a medula espinhal. O Instituto também informa que aproximadamente 80% dos tumores do SNC desenvolvem-se no cérebro.
Se o estudo também tivesse levado em conta os tumores benignos que surgem nessa região do organismo, os números teriam sido ainda maiores.
Entenda a doença
O câncer cerebral está relacionado aos tumores que surgem no Sistema Nervoso Central (SNC) — que compreende o encéfalo e a medula espinhal. O encéfalo engloba o cérebro e o cerebelo, enquanto na medula estão os nervos que saem do cérebro e descem pela coluna para se comunicarem com os demais órgãos do corpo.
A Medicina já identificou que há dois subtipos de tumor cerebral: os primários, cuja origem é no interior do cérebro ou nas células próximas ao órgão; e os secundários, que são metástases, isto é, originados em outras partes do corpo e que chegam até o órgão.
Explicação sobre o câncer de cérebro (Vídeo: reprodução/Youtube/@Jezreel)
No entanto, para os médicos, o câncer de cérebro continua no campo mais das dúvidas do que das respostas. A ciência ainda não descobriu a causa do surgimento dos tumores cerebrais. Ainda será preciso avançar muito para compreender, tratar melhor a doença e vislumbrar sua profilaxia.
O que se sabe até agora é que a exposição do organismo à radiação é um grande fator de risco. Os cientistas especulam que a causa pode ser devido a uma confluência de fatores externos e internos, porém desconhecidos.
Sintomas
De acordo com informações da Sociedade Americana de Câncer (American Cancer Society), sintomas específicos tendem a surgir dependendo da região do cérebro na qual as células cancerígenas se multiplicarem. Se o tumor afetar o cerebelo, por exemplo — área responsável pelo equilíbrio do corpo —, é possível que o paciente enfrente dificuldades para engolir, para andar e até comprometimento do ritmo da fala.
Os médicos pesquisadores da Sociedade explicam que, quando o tumor aparece e cresce, isso causa inchaço no cérebro e pode provocar também o bloqueio do fluxo do líquido cefalorraquidiano (LCR). Esse processo faz com que a pressão no crânio aumente. Quando isso ocorre, é comum surgirem os seguintes sintomas:
• Dor de cabeça;
• Náusea;
• Vômito;
• Visão embaçada;
• Problemas de equilíbrio;
• Mudanças de personalidade ou comportamento (como ficar deprimido, ansioso ou desinibido);
• Dificuldade de concentração;
• Convulsões;
• Sonolência;
• Em casos mais graves, coma.
O câncer cerebral é raro, mas merece atenção. Sintomas como dor de cabeça constante, alterações na fala, visão ou comportamento devem ser investigados. Informação salva vidas. Na Oncológica do Brasil, o raro também importa.#Maiocinza #OncológicadoBrasil pic.twitter.com/1HGBkAEPgb
— Oncológica do Brasil (@oncologicadobr) May 3, 2025
Vídeo propaganda da campanha Maio Cinza de combate ao câncer cerebral (Vídeo: reprodução/X/@oncologicadobr)
Embora os médicos conheçam os sintomas clássicos, apenas isso não tem sido o suficiente para determinar com certeza que doença o paciente sofre. Afinal, outras enfermidades apresentam características semelhantes.
O câncer de Millena Brandão
O caso da atriz mirim evidenciou que a classe médica ainda enfrenta dificuldades para fechar um diagnóstico com precisão, quando se norteia só pelos sintomas, em se tratando de tumor cerebral, dada sua complexidade. De acordo com a matéria publicada no último sábado, dia 03 de maio, pelo site do Jornal “O Globo”, os sinais do que posteriormente provaram ser um câncer de cérebro que acometeu Milena Brandão, inicialmente, foram confundidos com os sintomas da dengue. E foi isso que ensejou a internação de Millena no final de abril.
Conforme matéria do site de notícias “g1.Globo” publicada no domingo (03), Millena passou 9 dias com dores na cabeça e na perna, sonolência, falta de apetite e episódios de desmaios. Desde a última quinta-feira, dia 24 de abril, a menina tinha sido levada a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) municipal e a dois hospitais estaduais.
Só depois de ser internada em estado grave e submetida a exames é que os médicos constataram que, na verdade, Millena, uma criança de 11 anos, estava com um tumor maligno de 5cm no cérebro. Os médicos também chegaram a identificar uma infecção urinária.
Após sofrer 12 paradas cardiorrespiratórias, ela teve morte encefálica na sexta-feira (02), informação confirmada pelo Hospital Geral de Grajaú, em São Paulo, ainda segundo o “g1.Globo”.
Na publicação do "Estado de Minas", mencionada no início desta matéria, a Dra. Daniella Pimenta, oncologista clínica do Cetus Oncologia e Hospital Semper, explica que existe uma variação no que diz respeito à gravidade do câncer de cérebro.
Ilustração do cérebro com tumor maligno (Foto: reprodução/X/@almaplustv)
Segundo Daniella, quando o tumor é do tipo de mais baixo grau e se desenvolve lentamente, geralmente acomete pessoas jovens e costumam apresentar um melhor prognóstico para o paciente. “Ou seja, tem melhores taxas de sobrevida e resposta aos tratamentos empregados. Porém, infelizmente, há também tumores mais agressivos, como os gliomas de alto grau, por exemplo; o glioblastoma multiforme, que hoje em dia é chamado de glioblastoma grau 4 pela OMS. Ele tem um pior prognóstico e, geralmente, acomete pessoas mais idosas”, pontuou a oncologista.
No entanto, contrariando esse padrão apresentado de que a incidência de tumor cerebral do tipo mais agressivo é maior nas pessoas da terceira idade, o tumor que surgiu no cérebro da jovem atriz, Millena Brandão, foi do tipo agressivo e, apesar de ela ser só uma criança de 11 anos, ela não resistiu e morreu.
Quem foi Millena Brandão
Apesar da pouca idade, Millena realizava trabalhos não só como atriz, mas também como modelo e nas mídias digitais, onde compartilhava o dia a dia com a família e amigos nas redes sociais. Como atriz, Millena atuou em “Sintonia”, da Netflix; fez duas novelas do SBT: “A Infância de Romeu e Julieta” e "A Caverna Encantada".
A atriz Millena Brandão posa para foto no jardim da emissora SBT (Foto: reprodução/X/@sobrevarejos)
Em 2023, tornou-se atriz contratada pela emissora de Silvio Santos. Além disso, integrava a Cia Artística En’cena, na qual buscava atuar em produções de teatro musical.
A menina foi internada no dia 28 de abril e morreu no dia 02 de maio. O enterro aconteceu no sábado, dia 03.
Foto Destaque: a atriz Millena Brandão para foto (Reprodução/X/@sobrevarejos)