Na manhã desta quarta-feira (16), os moradores da Grande São Paulo completaram mais de 100 horas sem energia elétrica. Até às 12h, por volta de 90,8 mil imóveis continuavam sem energia, segundo a Enel.
Deste total, apenas 5,2 mil são referentes ao temporal da última sexta-feira (11), ainda conforme a Enel. Não foram revelados os bairros nem as cidades afetadas.
"As equipes atuam, desde os primeiros momentos da tempestade de sexta-feira, no restabelecimento de energia para os clientes que tiveram o serviço afetado e para aqueles que ingressaram com chamados de falta de luz ao longo dos últimos dias", diz a nota da empresa. No domingo, a Enel deu um prazo de restabelecimento de energia para a segunda-feira (14), o que não foi cumprido.
Reunião e pedido de intervenção
Nesta terça-feira (15), os prefeitos das cidades da região Metropolitana se reuniram com Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador do estado. Um dos resultados do encontro foi a realização de uma carta com o pedido de intervenção federal no contrato de concessão da Enel.
A carta foi destinada ao ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Ribeiro Nardes, relator na Corte de Contas e responsável por dois processos relacionados aos apagões em áreas de atendimento da empresa em São Paulo. Um destes processos questiona o governo federal sobre cobrar explicações da Enel sobre antigos apagões, enquanto no outro, Nardes analisa representação de Lucas Rocha Furtado, subprocurador-geral do Ministério Público, para apurar omissões da Enel para o TCU.
Tarcísio foi enfático em sua declaração e disse que a Enel não está agindo, pois não quer despesas, além de afirmar que a intervenção na empresa é necessária. "A intervenção é fundamental porque a empresa não está fazendo o que cabe porque não quer ter despesa com operações simples, essa é a realidade. Por que a empresa não fez o que deveria? Porque ela não queria gastar dinheiro. Esse vira o papel do interventor, que pode determinar as despesas a serem feitas. Então a sugestão que a gente faz é urgente ou na próxima chuva a gente vai estar aqui passando pelo mesmo problema. A intervenção na empresa é necessária para que nós possamos abrir o processo de cada prefeitura para extinção do contrato com a empresa, que já se mostrou incapaz de prestar um serviço de qualidade no Estado de São Paulo, declarou o governador.
A intervenção em prestação de serviço inadequado está presente no contrato da empresa, e pode ser realizada caso haja um decreto do presidente da República.
Danos materiais e físicos
Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), este apagão resulta em prejuízo de R$ 1,1 bilhão no setor de serviço e de R$ 536 milhões no varejo, somando R$ 1,65 bilhão no total, somente até a última segunda-feira (14). Este valor é o total das perdas brutas das empresas destes setores, além do que elas deixaram de faturar.
A empresa garante que trabalha deste a última sexta-feira (11) para ajudar os setores, com a ajuda da Prefeitura de São Paulo e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Árvores caídas após o temporal (Foto: reprodução/Fabio Vieira/Getty Images Embed)
Além do prejuízo financeiro, o temporal que atingiu São Paulo na sexta-feira resultou na morte de sete pessoas em todo o estado. 386 ocorrências de quedas de árvore foram registradas pela Prefeitura. 150 escolas foram atingidas, e 68 delas tiveram falta de energia.
Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, afirmou que haverá uma força-tarefa para o reestabelecimento da energia elétrica para a Grande São Paulo. Diversas concessionárias do país agirão em conjunto.
Foto destaque: Estragos causados pelo temporal (Reprodução/Marco Ambrosio/Agência O Globo)