Seis judeus sequestrados pelo Hamas serão libertados neste sábado (22), como prometido pelo grupo terrorista fundamentalista islâmico na última sexta-feira. Uma lista com os nomes dos reféns foi divulgada, e eles são: Hisham AL-Sayed, Avraham Mengisto, Eliya Cohen, Omer Shem Tov, Tal Shohan e Omer Wenkert. Dentre os citados, dois civis israelenses vivem este pesadelo de estar em poder dos sequestradores há mais de dez anos. Segundo informações do Ministério de Defesa de Israel, Hisham Al-Sayed e Avraham Mengisto estão sendo mantidos em cativeiro na Faixa de Gaza, o reduto do Hamas.
Avraham Mengisto, de 36 anos, morava em Ashkelon, a cidade mais próxima de Gaza, quando foi capturado pelos terroristas ao cruzar a fronteira no dia 7 de setembro de 2014.
Já Hisham Al-Sayed está sendo mantido refém desde 2015, mas só em 2022 o governo israelense teve a confirmação de que ele ainda estava vivo, após as Brigadas Al-Qassam, aliadas do Hamas, divulgarem o primeiro vídeo mostrando imagens do judeu.
A condição imposta pelo Hamas para libertar os reféns judeus foi a soltura dos 602 soldados do grupo terrorista presos pelo exército de Israel e o recuo das tropas israelenses na Faixa de Gaza.
Libertação de reféns é parte do acordo de cessar-fogo
O cessar-fogo entre Israel e o Hamas proposto em janeiro deste ano visou facilitar a viabilidade da libertação dos reféns. Mediado pelo primeiro-ministro do Catar, Mohammed Bin Abdulrahman Al Thani, o acordo foi anunciado oficialmente em 15 de janeiro deste ano e estabeleceu como data para o fim dos ataques mútuos o dia 19 de janeiro.
A condição imposta por Israel para recuar foi a libertação dos reféns judeus que estão em poder do Hamas, alguns dos quais vivem há mais de uma década em cativeiro, conforme mencionado.
Além do alívio para os reféns judeus e para seus familiares, acredita-se que o acordo de suspensão dos bombardeios permitirá também que a assistência humanitária possa ser dada aos civis da Faixa de Gaza, local mais devastado por mísseis nessa guerra e que carece de recursos básicos como energia elétrica, suprimentos médicos, alimentos, água potável, moradia, saneamento básico e outros.
O estopim do atual conflito
A situação de conflito e luta por controle daquela região palestina data de muitos séculos. Algumas disputas territoriais remontam os tempos de histórias bíblicas do velho-testamento e se arrastam até os dias de hoje. Ao longo da História, de fato, a questão político-religiosa-étnica e territorial como a não aceitação, por parte de líderes de países muçulmanos, da existência física em si do povo judeu e do Estado de Israel no mapa do Oriente Médio (a única democracia no local), tornou-se o combustível ideal para inflamar constantes guerras de nações islâmicas vizinhas contra o país judeu.
Demonstração de ódio: iranianos queimam as bandeiras dos EUA e de Israel (Foto: reprodução/Stringer/AFP/Getty ImagesEmbed)
Em meio a essa tensão, além dos países de fé islâmica declarados inimigos de Israel, como o Irã, por exemplo, despontam vários grupos e células terroristas fundamentalistas islâmicos como adversários mortais do povo hebraico e da cultura ocidental tradicional tais como: os palestinos do Hamas, do Fatah, do grupo Jihad Islâmica Palestina, das Brigadas Mujahideen, da Ezzedine al-Qassam e da Al-Nasser Salah AL-Deen; o libanês Hezbollah; o Houthis, do Iêmen; entre outros espalhados pelo Oriente Médio.
Atualmente, o Hamas é o principal deles e, mesmo com o apoio de grupos menores, foi o responsável por desencadear os episódios de conflitos armados mais duradouros contra Israel nos últimos dois anos, promovendo o maior ataque coordenado e mais sangrento da história contra judeus civis em território israelense, no dia 7 de outubro de 2023.
Os ex-líderes do Hamas, Ismail Haniyeh (à esquerda) e Yahya Sinwar (à direita), em funeral de um oficial do grupo em Gaza em 2017 (Foto: reprodução/Mahmud Hams/AFP/Getty Images Embed)
Soldado terrorista da Brigada Ezzedine al-Qassam, um braço do grupo Hamas (Foto: reprodução/Mahmud Hams/AFP/Getty Images Embed)
Na ocasião, soldados do grupo terrorista mataram a tiros de fuzil e, em outros casos, também ateando fogo, pelo menos 1.300 judeus indiscriminadamente. Homens e mulheres, jovens ou adultos, inclusive crianças e até bebês, ninguém foi poupado pelo Hamas. Militares israelenses e estrangeiros que eventualmente estavam nos mesmos locais por onde o grupos passavam também foram assassinados nesse massacre sem precedentes.
Além disso, fizeram mais de 250 pessoas reféns. Os ataques foram feitos em pontos diferentes: na comunidade judia conhecida como Kibutz; numa festa de música eletrônica realizada a poucos quilômetros de Gaza e ao longo do caminho por onde os terroristas passavam com seus veículos.
A reação de Israel
Como retaliação, o governo de Israel iniciou uma dura ofensiva militar contra o Hamas na Faixa de Gaza, onde os terroristas possuem complexos esconderijos subterrâneos. O objetivo era não só capturar os mandantes dos ataques realizados em outubro, como também desmantelar o grupo inteiro e resgatar todos os sequestrados.
Soldados israelenses patrulham próximo a Gaza, no sul de Israel, em março de 2024 (Foto: reprodução/Amir Levy/Getty Images Embed)
Passados quase dois anos de conflito, fatores diversos começaram a provocar a necessidade de Israel e Hamas chegarem a um acordo estratégico. O custo de vidas humanas de civis, sobretudo palestinos, de militares e também de civis israelenses, a incerteza sobre o futuro dos reféns em poder dos terroristas islâmicos, a repercussão na imprensa internacional, a pressão popular mundo afora e a de parte dos próprios judeus contra o seu governo de Benjamin Netanyahu e a destruição de Gaza, tudo passou a ser levado em conta para se buscar o fim dos bombardeios.
Fto Destaque: familiares de reféns judeus com cartazes pedindo a libertação (Reprodução/Alex Wong/GettyimagesEmbed)