A crise política que assola o Haiti nos últimos anos ganhou mais um capítulo neste sábado (02), quando gangues armadas que pedem a renúncia do primeiro-ministro Ariel Henry, invadiram e libertaram cerca de 4 mil presos que estavam encarcerados no maior presídio do país, que fica a poucos quilômetros da sede do governo na capital Porto Príncipe.
O primeiro-ministro estava em viagem oficial ao Quênia em busca de ajuda militar para combater esses grupos armados. Segundo fontes do governo, os grupos monitoravam a penitenciária desde a quinta-feira (29) com drones. O governo decretou estado de emergência hoje (04) na capital.
A invasão
Segundo fontes do governo haitiano, o grupo armado que invadiu a penitenciária já estava estudando o local desde a última quinta-feira (29) utilizando drones e informantes no local. Aproveitando que o primeiro-ministro Ariel Henry estava em viagem ao Quênia, no sábado invadiram o maior presídio do país, onde estavam presos políticos, líderes de gangues poderosas, e os acusados de matarem o ex-presidente Jovenel Moïse em 2021.
O diretor executivo da Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos do Haiti, RNDDH, afirmou a agência AFP que muitos corpos de presos foram encontrados no local e outra dúzia de pessoas foram mortas após a fuga em massa, não sabendo se são presos, policiais ou civis.
Um repórter da agência adentrou o local e viu apenas as portas abertas e que não encontrou quase ninguém. Segundo um funcionário do local que não quis se identificar, apenas 100 prisioneiros optaram por vontade própria permanecer na cadeia, por receio de morrerem no confronto entre os policiais e os grupos armados.
Apenas cem prisioneiros dos quatro mil que fugriam decidiram permanecer no local após a invasão (Foto: reprodução/X/@Reuters)
Crise agravada
Desde a última quinta-feira (29) na capital Porto Príncipe vem acontecendo diversos ataques violentos de gangues que pedem a renúncia imediata do primeiro-ministro Ariel Henry, que assumiu o cargo após o assassinato de seu antecessor, Jovenel Moïse em 2021 e que teria de ter deixado o governo e convocado eleições em fevereiro. O grupo armado aproveitou o fato de Ariel estar em viagem fora do país para invadir o presídio.
Quatro policiais foram mortos em conflitos contra as gangues desde o início dos ataques na semana passada. Dezenas de pessoas também foram feridas nesses confrontos. O Haiti passa por uma crise de caráter humanitário, política e segurança a muitas décadas.
Em janeiro deste ano, 1,1 mil pessoas foram mortas, sequestradas ou feridas, segundo relatório da Organização das Nações Unidas, ONU, o que foi classificado como o período mais violento em dois anos.
Gangues armadas estão atacando a capital do Haiti desde a última quinta-feira (29) gerando insegurança (Foto: reprodução/X/@AFP)
Estado de emergência
Na manhã desta segunda-feira (04) o governo haitiano decretou Estado de emergência e um toque de recolher na capital do país, Porto Príncipe. O decreto foi assinado pelo ministro da economia Patrick Michel Boisvert, que está momentaneamente no cargo de primeiro-ministro. O objetivo, segundo Boisvert, é reestabelecer a ordem e recuperar o controle da situação.
O comunicado divulgado afirma que a fuga representa perigo a integridade da segurança nacional e dá ordens para que as forças de segurança, policiais e exército, usem todos os recursos legais a disposição para cumprir os atos dispostos e prender todos os infratores.
Foto Destaque: prisão no Haiti é invadida e cerca de 4 mil presos foram libertados (Reprodução/X/@AFP)