Segundo informou o The New York Times nesta sexta-feira (9), o governo Trump está se preparando para receber, já na próxima semana, o primeiro grupo de sul-africanos de ascendência europeia como refugiados nos Estados Unidos. Trata-se, especificamente, de africâneres — grupo étnico descendente de colonizadores — que Trump alegou estar sofrendo perseguição e violência na África do Sul.
Sobre o decreto
Esse episódio se iniciou em fevereiro, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto que visava dar auxílio para os ‘refugiados’ sul-africanos com ascendência europeia em terras norte-americanas, declarando-os como vítimas de discriminação racial na África.
O decreto também corta ajuda dos EUA à África do Sul.
Além disso, a proposta funciona como uma crítica implícita ao governo sul-africano, acusado por Trump de permitir a discriminação contra brancos e de adotar políticas de redistribuição de terras que, segundo ele, ameaçariam os direitos de propriedade.
Medida controversa
O Ministério das Relações Exteriores da África do Sul criticou a ordem executiva por falta de precisão factual e por ignorar a história do apartheid no país. Além disso, a decisão ocorre após a suspensão de todas as admissões de refugiados pelo governo Trump, afetando indivíduos de zonas de conflito como Afeganistão e a República Democrática do Congo.
A política de Trump também foi criticada por priorizar refugiados brancos enquanto deporta migrantes de países com registros preocupantes de infrações aos direitos humanos, como Líbia, El Salvador e Ruanda. Especialistas legais e defensores dos direitos humanos apontam que essas ações podem violar leis internacionais e ordens judiciais existentes.
Manifestação contra política de deportação de imigrantes mexicanos (Foto: Reprodução/David McNew/Getty Images Embed)
“O recado é claro: os Estados Unidos não devem acolher qualquer um, mas sim aqueles que ‘combinam’ com a identidade americana que Trump promove”, observa o jornalista e analista político Marcus Devlin.
Apesar da oferta, alguns africâneres rejeitaram a proposta de reassentamento nos EUA. Grupos como o sindicato Solidarity e o lobby AfriForum expressaram compromisso com a África do Sul, afirmando que preferem enfrentar os desafios em seu país de origem.
Foto destaque: Presidente Donald Trump (Reprodução/Gety Images Embed/Anna Moneymaker)