Pesquisadores dos Estados Unidos propuseram a inclusão do uso excessivo de redes sociais por adolescentes como um possível transtorno mental, com base em critérios clínicos específicos. A proposta, publicada na revista JAMA, sugere que esse padrão de comportamento prejudicial seja oficialmente reconhecido por manuais diagnósticos internacionais, como o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e a CID (Classificação Internacional de Doenças).
Uso excessivo de redes sociais pode virar transtorno mental
Pesquisadores propõem que o uso excessivo de redes sociais por adolescentes seja reconhecido como um transtorno mental, com critérios diagnósticos específicos. A proposta, publicada na revista científica JAMA em abril de 2025, busca estabelecer parâmetros para identificar padrões prejudiciais de uso de mídias sociais entre jovens.
Proposta de classificação e critérios diagnósticos
O estudo, conduzido por Dimitri A. Christakis, da Universidade de Washington, e Lauren Hale, da Universidade de Stony Brook, sugere a inclusão do "transtorno de uso de mídias sociais" nos manuais diagnósticos de saúde mental, como o DSM e o CID da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A proposta baseia-se em dados que indicam que mais de 95% dos adolescentes nos Estados Unidos possuem smartphones, e cerca de 15% deles utilizam dispositivos por nove horas ou mais diariamente. Esse uso excessivo pode interferir em atividades essenciais, como sono e desempenho escolar.
JAMA alerta sobre uso de redes sociais em post no Instagram (Foto: reprodução/Instagram/@jamanetwork)
Os pesquisadores propõem uma escala para avaliar a relação patológica dos adolescentes com as redes sociais, considerando o tempo gasto e os impactos na vida cotidiana. A proposta também destaca a necessidade de discutir o conteúdo consumido, devido a fatores como bullying e propagação de conteúdos ofensivos.
Diretrizes nacionais e internacionais
A OMS orienta que crianças com menos de dois anos não sejam expostas a telas, enquanto aquelas entre dois e quatro anos devem ter no máximo uma hora de uso diário, sempre com supervisão. Para crianças mais velhas e adolescentes, a Academia Americana de Pediatria não define um limite rígido de tempo, mas recomenda que o uso não comprometa sono, atividade física e interações sociais.
A Sociedade Brasileira de Pediatria adota diretrizes semelhantes, recomendando que crianças com menos de 13 anos não tenham perfis próprios em redes sociais. Para adolescentes entre 13 e 17 anos, a orientação é de que o uso dessas plataformas seja supervisionado por pais ou responsáveis. Nos Estados Unidos e em outros países, esse limite de idade para criação de perfis já é regulamentado por lei.
Além disso, especialistas sugerem evitar o uso de dispositivos eletrônicos nos quartos durante a noite e retirar o acesso cerca de uma a duas horas antes do horário de dormir. Também é desaconselhado o uso de telas durante a realização de tarefas escolares. O foco deve estar na identificação de sinais de uso problemático, como irritabilidade diante de restrições ou prejuízo nas relações sociais e no rendimento escolar.
Foto Destaque: adolescente usando o celular (Reprodução/Freepik/Stockking)