Vestindo uma camisa social branca e com os braços para frente presos com algemas, o lateral-direito Daniel Alves chega ao tribunal em Barcelona, onde acontece o julgamento no qual ele é acusado de agredir sexualmente uma mulher de 23 anos, em 30 de dezembro de 2022. Nesta quarta-feira (7), diante da juíza Isabel Delgado Pérez, o jogador negou a acusação. Daniel foi o último a depor neste terceiro dia do julgamento, que entra na reta final.
Preso preventivamente, sem direito a fiança, desde 2023, Alves confirmou o uso excessivo de álcool no dia do suposto crime, mas negou que tenha cometido violência sexual contra a denunciante.
De acordo com o depoimento do jogador, após passar o dia bebendo com amigos, o grupo resolveu seguir a noite em uma boate da cidade. Ao chegarem, Daniel e os três amigos pediram bebidas e começaram a dançar. Logo em seguida, segundo ele, a mulher e algumas amigas se aproximaram do grupo.
“Elas não se sentiram nem um pouco desconfortáveis. Elas chegaram e começaram a nos cumprimentar. Começou uma conversa, estávamos nos movimentando, conversando umas com as outras. Eu sou uma pessoa muito próxima, mas com respeito. Estávamos dançando, interagindo”, disse.
"Acredito que elas sabiam quem eu era, afinal muitas pessoas pediam para tirar foto comigo", diz em depoimento (Foto:reprodução/D.Zorrakino/POOL/ Europa Press)
Na sequência, Daniel conta que foi para o banheiro, onde esperaria pela mulher. “Ela disse que sim para ir ao banheiro, eu não precisei insistir. Eu disse a ela que iria ao banheiro primeiro e esperei um pouco, achando que ela não viria, que não queria ir. E quando abri a porta, praticamente esbarrei nela. [...] ela se ajoelhou na minha frente e começou a me fazer sexo oral.”, relatou.
Esta é a quinta versão apresentada pelo jogador sobre o que aconteceu na noite em questão. Inicialmente, Daniel alegou não conhecer a denuciante. Posteriormente, o atleta mudou a versão ao dizer que foi ao banheiro com a mulher, mas nada aconteceu. Na terceira, disse que teria acontecido apenas sexo oral. Em seguida, ele disse confirmou ter havido relação com penetração, mas com consentimento.
"Eu estava praticamente arruinado porque minha conta no Brasil havia sido bloqueada e todos os meus contratos haviam sido quebrados", afirma Alves, às lágrimas. O jogador diz ter recebido a notícia de que estava sendo acusado de estupro pela imprensa.
Vítima e testemunhas
Em seu relato, a vítima, que desde o início da acusação optou por manter a identidade oculta, manteve a versão original, alegando ter sido estuprada pelo jogador. Durante o depoimento, ela confirmou ter dançado com Daniel e seus amigos.
Ao todo, foram ouvidas 28 testemunhas, entre amigos dos envolvidos, funcionários do estabelecimento e peritos. Duas das testemunhas, amigas da vítima que também estavam na boate na noite do ocorrido, afirmaram que tiveram suas partes íntimas apalpadas pelo jogador.
Daniel Alves durante depoimento (Foto: reprodução/D.Zorrakino/POOL/ Europa Press)
O jornal Folha de S. Paulo teve acesso a trechos do depoimento de uma das garotas, feito no primeiro dia de julgamento, nesta segunda-feira (5). “Ele [Daniel Alves] teve uma atitude nojenta, colocou a mão nas minhas costas e quase tocou na minha bunda. Minha amiga disse ‘ele tocou minha vagina’” contou uma das garotas que prestou depoimento.
Decisão final
Não foi estipulada uma data para a decisão final do tribunal. No entanto, a expectativa é de que a corte, composta por três juízes, tenha o veredito dentro de 20 dias. Até lá, Daniel Alves permanece na prisão, medida essa tomada para evitar a fuga do jogador para o Brasil.
Foto destaque: Daniel Alves conta sua versão sobre a noite do dia 30 de dezembro de 2022 (reprodução: Alberto Estevez/AFP)
