A conferência das Nações Unidas sobre mudanças do clima, que acontece no Egito, foi prorrogada até sábado após as negociações travarem. A CPO27 estava prevista para terminar nesta sexta-feira (18), mas teve seu encerramento adiado devido a um impasse a criação de um mecanismo de compensação às perdas sofridas pelos países mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas. O tópico chamado de “Perdas e Danos” é o principal tema da conferência e representa um grande problema a ser resolvido.
Os países mais vulneráveis e pequenas ilhas, que não emitem praticamente nada, pedem por uma compensação pelos danos causados pelo avanço do nível do mar e chuvas torrenciais e secas que assolam seus territórios, desde quando a convenção do clima foi criada, em 1992. Apesar de não contribuírem significativamente com o problema, são os que sofrem os maiores impactos.
A União Europeia (UE) nesta quinta-feira lançou uma proposta em que o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, afirmava que o bloco concordava com a criação de um fundo de Perdas e Danos limitado apenas a “pequenos países vulneráveis” e que os países vulneráveis em desenvolvimento também teriam que contribuir para o fundo.
Com negociações travadas, COP27 deve durar mais um dia (Foto: Reprodução/Joseph Eid/AFP)
O grupo dos países em desenvolvimento, o chamado G77 (que conta com 134 nações), formalizou a proposta para que seja criado na CPO27 um fundo que seja colocado em prática em dois anos. A intenção é cria um mecanismo de “Perdas e Danos” que comece a funcionar em 2024, ideia que não agradou os países ricos.
John Kerry, enviado especial da Casa Branca, afirmou que os Estados Unidos vetariam a criação desse fundo. Os países ricos e que mais emitem poluentes entendem que a criação de fundo de compensação cria um vínculo legal culpados e vítimas dos efeitos climáticos.
O tema vem sendo discutido desde a COP 21, realizada em 2015 em Paris e precisa ser resolvida neste ano. Os países ricos defendiam a idéia de alocar recursos no fundo de adaptação, já existente. No entanto, os países mais pobre afirmavam que já não podiam mais se adaptar e que o dinheiro era insuficiente para a demanda global.
Segundo Timmermans, o bloco mostrou abertura para a possível criação do fundo e afirmou que “se essa COP fracassar, nós todos perdemos. E não temos tempo a perder”. Enquanto França e Alemanha se mostram mais abertas, Suécia, Itália e Áustria se colocam contra. Os EUA, junto do G7, lançaram o “global shield”, um conjunto de soluções que inclui recursos do Banco Mundial. Foram destinados 130 milhões de euros (R$ 730 milhões), uma quantidade que se mostra insignificante diante dos impactos sofridos.
Foto destaque: COP27 acontece em Sharm El-Sheinkh, no Egito. Reprodução/REUTERS/Sayed Sheasha