O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente da Argentina, Alberto Fernández, anunciaram no último domingo (20), que estão em discussão para criarem uma nova moeda sul-americana comum, que pode ser utilizada em trocas comerciais e financeiras entre os países.
Aberto Fernández e Lula (Reprodução/Perfil).
A possível criação da moeda, que o governo brasileiro deseja chamar de “Sur”, foi debatida em encontros bilaterais na Casa Rosada, sede do governo argentino, em Buenos Aires. Apesar de ser uma ideia nova, o projeto já levanta várias dúvidas sobre sua viabilidade e funcionamento.
Mesmo se o projeto for aprovado, a “Sur” não substituirá as moedas nacionais. A ideia é utilizá-la apenas em fluxos financeiros e comerciais, reduzindo os custos das operações e vulnerabilidade externa. O governo brasileiro deseja que isso fique claro no acordo firmado entre os países. A intenção é que a nova moeda não seja utilizada no dia-a-dia.
O objetivo inicial da criação é fomentar o comércio regional e reduzir a dependência do dólar. Autoridades brasileiras também dizem, que o projeto visa diminuir a dependência da China, que tem tomado espaço no Brasil e na Argentina.
O governo brasileiro pretende que a Sur seja semelhante a uma Unidade Real de Valor (URV), ou seja, um parâmetro para transações financeiras e comerciais. Desse modo, Brasil e Argentina não precisam recorrer ao dólar ou moedas diversas para transações bilaterais.
A Argentina enfrenta atualmente uma grande escassez do dólar. Há mais de uma dezena de cotações diferentes da moeda americana, com a intenção de reter a saída da divisa. Medidas restritivas também ao dólar já foram adotadas, como o encarecimento de taxas de cartão de crédito para compras no exterior.
De acordo com o Ministério da Economia Argentina, outros países podem ser chamados para integrar o time e fazer o uso da moeda. O jornal britânico estima que uma união monetária que cubra toda a América Latina represente cerca de 5% do PIB global.
Ainda serão estudados todos os parâmetros necessários para a criação da moeda, como questões físicas, tamanho da economia, o papel em bancos centrais, etc e pode levar anos para a sua execução.
Foto destaque: Lula e Alberto Fernández Reprodução/Agência Brasil-EBC.