Bill Gates anunciou um plano ousado que transformará o destino de sua fortuna: doar 99% de seu patrimônio pessoal, que atualmente é avaliado em US$ 108 bilhões (cerca de R$ 615 bilhões), ao longo dos próximos 20 anos. O anúncio foi feito durante a cerimônia que marcou os 25 anos da Fundação Gates, criada em 2000 por ele e sua então esposa, Melinda French Gates, com a missão de melhorar a saúde pública global e combater desigualdades sociais.
Segundo Gates, os recursos doados por ele e de outros parceiros permitirão a destinação de aproximadamente US$ 200 bilhões (cerca de R$ 1,1 trilhão) para ações humanitárias até 2045, prazo em que a fundação será oficialmente encerrada.
“Não quero morrer rico”
Em um tom pessoal e direto, Gates declarou em seu site oficial que não deseja que sua imagem no fim da vida esteja ligada à acumulação de riqueza. "Vão dizer muitas coisas sobre mim quando eu partir, mas uma certeza eu tenho: não quero ser lembrado como alguém que levou sua riqueza para o túmulo", escreveu. Para ele, manter recursos que poderiam estar salvando vidas é injustificável diante das crises que ainda assolam o planeta.
Além da promessa bilionária, Gates fez duras críticas à redução de recursos para ajuda humanitária por parte de governos ocidentais, como os Estados Unidos, Reino Unido e França. Ele alertou que esse movimento pode reverter conquistas históricas, como a queda da mortalidade infantil e o controle de doenças como poliomielite, sarampo e malária.
Críticas a Musk e defesa da USAID
Durante o evento, Gates também alfinetou Elon Musk, sugerindo que o bilionário, ao liderar iniciativas de cortes na ajuda humanitária dos EUA, ignora o impacto sobre os mais pobres. “A imagem do homem mais rico do mundo matando as crianças mais pobres do mundo não é bonita”, afirmou em entrevista ao Financial Times. Apesar da crítica, reconheceu os méritos de Musk em outras áreas, mas ressaltou que ele “nunca esteve no campo” como os profissionais da USAID — agência americana que pode ser afetada pelos cortes.
Post sobre a fala de Bill Gates (Foto: reprodução/Instagram/@infomoney)
Mesmo com o orçamento da fundação chegando a US$ 9 bilhões anuais até 2026, Gates reconhece que o apoio de governos é essencial para que metas como a erradicação da poliomielite sejam alcançadas.
Fundos já aplicados pela Fundação Gates ultrapassam os US$ 100 bilhões, beneficiando milhões com vacinas, infraestrutura de saúde e combate a epidemias. Gates defende que a filantropia, quando feita em larga escala e com foco estratégico, pode ser uma ferramenta poderosa de transformação. Ele espera que outros bilionários se sintam motivados a utilizar sua riqueza de forma mais ativa e imediata em benefício dos que mais precisam. “Há formas muito eficazes de retribuir à sociedade, e a hora de agir é agora”, finalizou.
A decisão de Bill Gates reforça uma tendência crescente entre os grandes filantropos: usar a própria fortuna em vida para gerar transformações duradouras. Em um cenário global marcado por incertezas econômicas e retrocessos em políticas de ajuda humanitária, o gesto de Gates serve como um chamado à responsabilidade para os mais ricos do planeta. Enquanto 2045 ainda parece distante, os desafios enfrentados pelas populações mais vulneráveis exigem ações imediatas — e investimentos que, como mostrou Gates, podem salvar milhões de vidas.
Foto destaque: Bill Gates em foto (Reprodução/Instagram/@thisisbillgates)