O mercado de trabalho está aquecido e muitos profissionais têm a chance de trocar de emprego em busca de melhores salários, benefícios, chance de crescimento e desenvolvimento, além de aumento de tempo livre.
Um levantamento realizado pela Robert Half, empresa de recrutamento, mostra que o número de desemprego geral do país chega em 6,6% e de profissionais qualificados, com idade superior a 25 anos e ensino médio completo, é de 3,5%. O diretor da companhia, Lucas Nogueira, afirma que “Isso está abaixo do pleno emprego, o que acirra a briga pelos talentos."
O cenário explica a alta rotatividade no Brasil. Segundo o estudo feito pela consultoria Tendências com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a rotatividade está em 34,74% atualmente. Esse resultado significa que para cada 100 funcionários, aproximadamente 35 deles pedem desligamento ou foram substituídos por novos colaboradores no período de 12 meses, tempo contabilizado entre agosto de 2023 até agosto deste ano.
“Em resumo, uma rotatividade de 34,7% indica que cerca de um terço da força de trabalho foi renovada", diz Lucas Assis. O economista destaque que a rotatividade acontece, em sua maioria, no primeiro ano de vínculo.
O número de trabalhadores que pediu demissão de forma voluntária bateu recorde. Segundo os dados do Caged, 755,2 mil desligamentos foram solicitados pelo empregado. Contabilizando nos 12 meses, a soma chega a quase 8,2 milhões.
Aumento das demissões voluntárias
Janaína Feijó, pesquisadora da área de economia aplicada (FGV/Ibre) afirma que “Desde novembro do ano passado, o nível de demissões voluntárias cresceu muito e tem aumentado consistentemente. Se no início deste ano diversos analistas tinham um pé atrás sobre o quanto o mercado estava aquecido, parece não haver mais dúvida hoje”.
Em entrevista para o estadão, Isabelle Paes, de 25 anos e formada em Rádio, TV e Internet, conta que trocou de emprego duas vezes desde o fim do ano passado. Paes disse que na primeira agência que trabalhou, começou como estagiária e foi promovida quatro anos depois. “Mas havia uma falta de reconhecimento, de promoção salarial,” declara.
Isabelle mudou para outra agência, onde ficou por quatro meses, até chegar na empresa atual. O motivo para permanecer pouco tempo na segunda agência seria a cobrança de atividades que não correspondiam ao seu trabalho. Ela, então, se candidatou a outras vagas “Estava em dois processos seletivos quando aceitei a vaga do meu atual emprego. O salário das outras propostas era mais baixo e os benefícios também”, diz em entrevista.
Salários em crescimento
Com o mercado de trabalho aquecido, as negociações salariais tem se mostrado favoráveis aos trabalhadores. O salariômetro, elaborado pela Fipe, mostra que em 12 meses até julho, 87,4% das negociações superam o Indicie Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
“As empresas precisam aumentar o salário para tentar reter os trabalhadores” afirma Hélio Zylbersztajn, professor sênior da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuaria (FEA) da Universidade de São Paulo.
Boletim de julho. (Foto: reprodução/@salariometro/Instagram)
O INCP mede a inflação para as famílias com renda de até cinco salários mínimos e os dados servem de base para os sindicatos na hora das negociações. O professor Hélio diz que dois fatores se juntam para favorecer a posição dos trabalhadores no momento: A inflação (que está baixa para o padrão brasileiro) e o nível de atividade.
Foto destaque: Carteira de trabalho física e digital (Reprodução/Marcelo Camargo/ Tegami/ Pinterest)
