Preço do ouro dispara e registra recorde de maior fluxo trimestral da história

Os chamados ETFs tiveram seu maior influxo já registrado e o total de ativos globais de ouro sob gestão alcançaram a marca de US$ 472 bilhões em setembro

23 out, 2025
Preço do ouro dispara em setembro | Reprodução/Frame Studio/Getty Images Embed
Preço do ouro dispara em setembro | Reprodução/Frame Studio/Getty Images Embed

Segundo o Conselho Mundial do Ouro (World Gold Council – WGC), os Fundos Negociados em Bolsa (Exchange-Traded Funds – ETFs) tiveram seu maior influxo já registrado (23%), chegando na casa dos US$ 26 bilhões (cerca de R$ 140,14 bilhões). Isso elevou o total de ativos globais de ETFs de ouro sob gestão para cerca de US$ 472 bilhões (em torno de R$ 2,54 trilhões).

Alguns dos motivos que impulsionaram o aumento do preço do ouro são a queda da confiança do investidor no dólar, incertezas em torno da política monetária americana e os recentes movimentos geopolíticos. Atrelado a isso, a compra contínua de ETFs de ouro e os bancos centrais globais são os dois principais causadores da recente alta acentuada nos preços do ouro.

Onça em disparada

Na última terça-feira (21), o valor da onça-troy (unidade de medida internacional para mensurar seu valor, cerca de 31,1 gramas) recuou para US$ 4.100 (R$ 22 mil), após constantes altas que fizeram o valor passar dos US$ 4.300 (R$ 23,17 mil).

Contudo, apesar do valor do ouro ter subido mais de 60% este ano, instituições financeiras como o Bank of America e o Société Générale estão unanimemente otimistas, prevendo que os preços continuem subindo para US$ 5.000 a onça no próximo ano.

Analistas do Bank of America e do JPMorgan Chase previram, com ousadia, que o ouro poderia atingir US$ 6.000. O CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, foi além, afirmando surpreendentemente que, se as condições atuais persistirem, os preços do ouro podem disparar para a máxima de US$ 10.000 a onça no futuro.


Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase (Foto: reprodução/Victor J. Blue/Bloomberg/Getty Images Embed)

Razão do otimismo

A razão pela qual a maioria dos investidores estrangeiros e instituições financeiras permanece otimista quanto ao desempenho futuro dos preços do ouro se deve principalmente à aceleração da diversificação de suas reservas pelos bancos centrais ao redor do mundo para se protegerem contra o risco de crédito do dólar americano.

Essa é uma tendência notável com os aumentos significativos nas reservas oficiais da China, Rússia e alguns países do Oriente Médio. Além disso, o déficit fiscal e os riscos da dívida dos Estados Unidos são difíceis de resolver no curto prazo.

Demanda crescente

Desde 2022, a demanda por compras de ouro pelos bancos centrais globais têm sido forte, o que impulsiona a alta de longo prazo dos preços do ouro durante esse período. De 2022 a 2024, os bancos centrais globais compraram mais de 1.000 toneladas de ouro por ano durante três anos consecutivos, superando em muito a média de compras líquidas de 473 toneladas entre 2010 e 2021.

Apesar do aumento contínuo dos preços do ouro, o total de compras de ouro pelos bancos centrais globais no primeiro semestre deste ano ainda atingiu 415 toneladas. Embora isso represente uma redução de 21% em relação às 525 toneladas do primeiro semestre de 2024, a entrada líquida no segundo trimestre ainda foi 41% superior à média trimestral de 2010 a 2021.

Brasil aproveita

Com a crescente demanda pelo metal, a bolsa de valores do Brasil (B3) lançou na última terça-feira (21) o Índice Futuro de Ouro B3 (IFGOLD B3). Este será o novo indicador para acompanhar as negociações com o ouro no mercado brasileiro.

Dentre os critérios do indicador estão a escolha de contratos com maior liquidez e renovação automática dos contratos antes do vencimento. O objetivo é garantir que o índice reflita com precisão o mercado de futuros de ouro. A metodologia completa e o valor do índice estarão disponíveis no site da B3.

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