Com a desvalorização das últimas semanas, as ações do Nubank negociam 20% abaixo do valor estabelecido na oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), elaborada em dezembro. O banco digital vendeu papéis ao preço de US$ 9 na oferta, e na última terça, (25), a cotação foi no valor de US$ 7,20 na bolsa de Nova York.
O preço dos papel chegou a ser negociado a US$ 11,85 alguns dias depois da estreia, a sua máxima até o momento. Diante de um contexto negativo em relação a papéis de empresas de tecnologia, caiu cerca de 40%. Neste ano, a expectativa de altas de juros em território estadunidense tirou a atratividade de ações de empresas de alto crescimento e com lucro zero, bem como o Nubank.
A desvalorização do papel, há duas semanas, fez com que a Fintech perdesse seu posto de instituição financeira mais valiosa da América Latina para o Itaú, ocupando o posto até o IPO do Nubank. Devido a essa queda, a instituição já chega a ter valor menor que o Bradesco.
Nubank, banco digital. (Foto: Reprodução/Jornal Correio)
Quando se fala em dólares, o segundo maior banco particular em território brasileiro tem uma capitalização de US$ 35,6 bilhões. O Itaú, por sua vez, é avaliado em US$ 40,5 bilhões. O Nubank chegava ao valor de mercado de US$ 32,9 bilhões, algo próximo de US$ 9 bilhões a menos do que o valor com que estreou na Bolsa.
Depois da oferta inicial, as fichas passam a ser apostadas nos resultados do quarto trimestre de 2021, os primeiros números divulgados pelo banco digital, como companhia aberta. Quanto aos números da Fintech, a empresa ainda não informou a respeito da data em que serão publicados.
O Itaú BBA, nesta segunda-feira, (24), em relatório projetou que o Nubank vai apresentar um lucro de R$ 203 milhões no período, porém vai terminar 2021 com um prejuízo de R$ 326 milhões. O crescimento das receitas totais da Fintech devem ter um crescimento de 28% comparado ao terceiro trimestre, para R$ 2,6 bilhões, por causa da expansão da base de cartões e da carteira de crédito como um total. Quanto ao número de clientes deve chegar aos 53,4 milhões.
Em entrevista, Pedro Leduc, analista do Itaú BBA, afirma que a desvalorização observada nas últimas semanas pode ter relação à combinação entre o cenário de mercado e as expectativas do investidor para as ações do Nubank. Ele diz: “Um cenário global mais adverso para growth (papéis de crescimento) tira o investidor internacional do papel. Sobra o local, e aí entra a perspectiva para o desempenho”.
Nubank está valendo menos que Itaú e Bradesco. (Foto: Reprodução/Investing.com)
O BBA vê que esse ano irá apresentar grandes desafios para os bancos digitais. Além disso a casa ponderou que é um problema a dependência dos cartões de crédito. Os analistas informam: “Cartões de crédito são um produto-chave para a monetização e o engajamento em bancos digitais, e é onde provavelmente veremos a maior deterioração da inadimplência - particularmente entre brasileiros de menor renda, que respondem pela maior parte das bases de clientes do Nubank e do Pan”.
O Nubank não comentou nada até o momento.
Foto Destaque: Nubank cai 20% desde que estreou na Bolsa. Foto: Reprodução/TradeNews.