Trump pede tarifaço de 100% da União Europeia contra China e Índia
Presidente americano quer sufocar economicamente as relações da Rússia com países parceiros com objetivo de encerrar a guerra contra a Ucrânia

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, participou de uma reunião na última terça-feira (09) entre altos funcionários do governo e da União Europeia em Washington. O objetivo era discutir modos de aumentar o custo econômico da guerra para a Rússia.
Na oportunidade, ele solicitou que o bloco europeu imponha um tarifaço de 100% sobre China e Índia, como forma de sufocar economicamente as relações dos países com o governo de Vladimir Putin.
No mês de agosto, o governo Trump aumentou as tarifas sobre as importações indianas para 50% devido às compras de petróleo russo pelo país.
Ausência de acordo
O pedido de Trump é resultado de sua insatisfação. Conforme noticiado no Financial Times, o governo americano encontra dificuldades de negociar um acordo de paz e com os ataques aéreos cada vez mais agressivos da Rússia contra a Ucrânia. Além disso, o encontro entre Putin, Xi Jinping e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, na semana passada, foi um demonstrativo de encontro de aliados, e Trump deseja enfraquecer o movimento.
Em depoimento à CBS News no dia 3 de setembro, o republicano disse que está insatisfeito com os runos da guerra e lamenta não ter conseguido dar fim ao conflito de maneira mais rápida: “Acho que vamos resolver tudo. Francamente, o acordo com a Rússia, pensei, teria sido mais fácil do que os que consegui impedir, mas parece ser algo um pouco mais difícil do que alguns dos outros”, disse ele.
Encontro entre Vladimir Putin, Xi Jinping e o ditador norte-coreano Kim Jong Un na última quarta-feira (03) (Foto: reprodução/ALEXANDER KAZAKOV/POOL/AFP/Getty Images Embed)
Resposta chinesa
Em resposta à reunião realizada entre Estados Unidos e União Europeia, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China disse que Pequim não era instigadora nem parte da “crise” na Ucrânia e não deveria ser usada como bode expiatório: “Nós nos opomos firmemente à imposição da chamada pressão econômica sobre a China”, disse.
A China, maior compradora de petróleo russo, está sendo poupada, até o momento, das tarifas “secundárias”. O país conseguiu uma trégua de 90 dias com Washington para reduzir as novas taxas sobre seus produtos para 30%. Anteriormente, as tarifas haviam chegado ao patamar de 145%.
“Conclusão bem-sucedida”
Em relação à Índia, Trump escreveu no seu perfil na rede Truth Social que as negociações comerciais com o país prosseguiriam e sugeriu que elas teriam uma “conclusão bem-sucedida”: “A Índia e os Estados Unidos da América continuam as negociações para abordar as barreiras comerciais entre nossas duas nações. Aguardo ansiosamente para falar com meu grande amigo, o primeiro-ministro Modi, nas próximas semanas”, escreveu.
Em resposta, o premier indiano ratificou o otimismo de Trump de que as negociações seriam bem-sucedidas e disse que os dois países eram “amigos próximos e parceiros naturais”.
O comércio bilateral entre Índia e Rússia atingiu o recorde de US$ 68,7 bilhões em março de 2025, quase 5,8 vezes superior ao comércio pré-pandemia de US$ 10,1 bilhões.
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia (Foto: reprodução/Thierry Monasse/Getty Images Embed)
Sanções da União Europeia
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou na última quarta-feira (10) que apresentará uma nova série de sanções contra a Rússia “em coordenação com parceiros”.
A fala de Ursula corrobora com a opinião de Donald Trump e diplomatas americanos na Europa, que afirmam que o governo americano não está disposto a impor medidas punitivas aos compradores de petróleo e gás russos sem a participação do bloco europeu.