Acordo entre União Europeia e Mercosul é apresentado ao parlamento

Documento necessita da aprovação de pelo menos 15 dos 27 países-membros da União Europeia e do Parlamento Europeu para ser implementado; França é contra

04 set, 2025
 Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia | Reprodução/Thierry Monasse/Getty Images Embed
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia | Reprodução/Thierry Monasse/Getty Images Embed

Após 25 anos de negociações, foi apresentado na última quarta-feira (03) um acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. Este será a maior negociação do bloco do velho continente, caso seja aprovado.

Para o documento obter aprovação, deverá ser submetido à votação e aprovado por pelo menos 15 dos 27 países-membros da União Europeia e do Parlamento Europeu para ser adotado. Em relação ao Brasil, o acordo é importante para distanciar a dependência do mercado chinês, já que as tarifas impostas pelo governo de Donald Trump, somado à falta de diálogo do governo Lula, tem dificultado as relações entre os países.

Governo brasileiro comemora

Em postagem no X, o vice-presidente da República e Ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, demonstrou entusiasmo com a apresentação do acordo: “Mais um passo decisivo para nossa integração, aumentando o comércio, os investimentos e os empregos em nossas regiões!”. Lula, ao compartilhar a postagem de Alckmin, disse que o acordo será assinado ainda com o Brasil na presidência do Mercosul.

O Mercosul é o bloco econômico da América do Sul, formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai e foi criado em 26 de março de 1991. A Venezuela também faz parte do bloco, porém, em virtude do regime de Nicolas Maduro, o país encontra-se suspenso do grupo.


Geraldo Alckmin comenta sobre o acordo com a União Europeia (Vídeo: reprodução/X/@geraldoalckmin)

Tópicos do acordo

Caso o acordo seja aprovado, os países do bloco do Mercosul devem retirar, de modo progressivo, tarifas de importação de 91% dos produtos oriundos da União Europeia. Na lista estão automóveis, produtos químicos, vinho e chocolate, que atualmente enfrentam tarifas de até 35%.

Com a queda das tarifas, estima-se que a Comissão Europeia obtenha lucro com as exportações em 39%, com faturamento calculado em € 49 bilhões (US$ 57 bilhões). Este valor impulsionará economicamente a Europa, que irá se tornar uma concorrente à altura da China.

Ponto de divergência

Em troca pela remoção das taxas, os países do Mercosul podem oferecer produtos como carne, açúcar, mel, soja e outros com menor restrição. Isso acendeu um alerta nos países europeus protagonistas no agronegócio. O grupo agrícola da Europa, Copa-Cogeca, alega que esta manobra seria “econômica e politicamente prejudicial para os agricultores, comunidades rurais e consumidores europeus”.

Em solo francês é onde há a maior resistência para o acordo, com o sindicato FNSEA pressionando o presidente Emmanuel Macron a não o aceitar. O partido francês Rally Nacional alegou que qualquer flexibilização da posição de Macron seria considerado uma “traição”, e o partido de esquerda França Insubmissa exigiu uma “mobilização geral” contra o tratado.

A Comissão Europeia, contudo, alegou que irá oferecer “proteção total e abrangente para todas as sensibilidades da UE no setor agrícola”. Além disso, a Comissão, pretende apresentar uma atualização do acordo já existente com o México.


Deputada francesa Marion Maréchal apresenta oposição ao acordo com o Mercosul (Foto: reprodução/X/@MarionMarechal)

Acordo com México

Em uma atualização, a Comissão Europeia deve apresentar uma nova proposta de trato comercial com o México. A proposta consiste na remoção das tarifas restantes sobre as exportações agroalimentares da União Europeia, como queijo, aves, massas, maçãs, chocolate e vinho, e forneça acesso a matérias-primas essenciais. Contudo, este acordo pode não ser benéfico para o país.

O México possui um programa denominado PACIC (Paquete Contra La Inflación y La Carestia), que traduzido é na tradução chama-se Pacote Contra Inflação e Desabastecimento. Este é um pacote de isenção de imposto de importação para itens da cesta básica, e visa conter a inflação e a falta de alimento.

Muitos produtos brasileiros como carne de aves, carne suína, carne bovina, milho, arroz e ovos são beneficiados. Caso o Brasil possua dificuldades com o mercado europeu em virtude do acordo do Mercosul, poderá compensar com a exportação para solo mexicano.

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