Alckmin afasta conexão entre decisão do STF aplicada a Bolsonaro e tarifa dos EUA
Vice-presidente afirma que decisões judiciais e políticas de comércio exterior não se misturam e diz que o Brasil não é um obstáculo econômico

Geraldo Alckmin marcou presença no 1º Congresso Datagro Prefeitos do Agro, realizado na última sexta-feira (12) em Sorriso, no Mato Grosso. Em meio a debates sobre o futuro do agronegócio, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, aproveitou o encontro para rejeitar a ideia de que a recente condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro tenha influência sobre as medidas tarifárias aplicadas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros.
Decisões judiciais e comércio
De acordo com Alckmin, decisões judiciais e políticas de comércio exterior não se confundem. Ele frisou que os impostos de importação e exportação fazem parte da regulação econômica e não têm relação com julgamentos internos. Ele ainda destacou que o governo federal mantém diálogo aberto a fim de avançar nas negociações para mitigar os entraves que limitam o acesso dos produtos nacionais ao mercado internacional.
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Vídeo de apresentação do evento em Sorriso (MT) (Vídeo: reprodução/Instagram/@prefeituradesorriso)
Condenação de Bolsonaro
A condenação de Bolsonaro, no entanto, ultrapassou fronteiras. Do lado norte-americano, o presidente Donald Trump reagiu de forma negativa, demonstrando desconforto com a decisão do STF. Em entrevista, fez comparação entre a situação de Bolsonaro e o episódio envolvendo as tentativas de incriminá-lo nos Estados Unidos e teceu elogios ao ex-presidente.
A reação oficial em Washington também veio à tona pelo secretário do Departamento de Estado, Marco Rubio, que classificou o julgamento como uma “perseguição política” com falas que apontam para uma possível retaliação por parte do governo norte-americano. Suas declarações foram críticas claras aos ministros do Supremo Tribunal Federal brasileiro, tensionando ainda mais o debate internacional.
Brasil não é obstáculo econômico
Em Sorriso, Alckmin reafirmou que o Brasil não é obstáculo à economia norte-americana, e sim um parceiro positivo para a balança comercial americana. Ele também lembrou que a tarifa média aplicada aos produtos vindos dos EUA é de apenas 2,7%, e que a maioria deles já entra no país com taxa zero. O vice-presidente ainda citou avanços recentes, como a retirada da celulose da lista de produtos com alíquota elevada e medidas que atenuaram perdas de competitividade do aço e do alumínio brasileiros.
Frente ao aumento de tarifas que alcançam até 50% em alguns setores, o governo brasileiro anunciou um pacote de R$ 40 bilhões em crédito para dar suporte aos exportadores. A iniciativa inclui juros reduzidos para financiamento, estímulo a compras públicas de alimentos e bebidas e ainda a prorrogação de benefícios fiscais voltados à exportação.
Antes de encerrar sua participação, Alckmin destacou a importância de diversificar mercados. Ele falou da abertura para a venda de farinha de origem animal para o México e revelou uma possível ida à Índia ainda neste mês, reforçando que o governo objetiva encontrar soluções permanentes a fim de proteger e expandir o comércio exterior brasileiro.