Talibã censura livros de mulheres e restringe educação no Afeganistão

Talibã proíbe livros escritos por mulheres e várias disciplinas, ampliando restrições à educação e ao acesso feminino ao conhecimento no Afeganistão

19 set, 2025
Talibã | Reprodução/Getty Imges Embed/Anadolu
Talibã | Reprodução/Getty Imges Embed/Anadolu

O governo do Afeganistão, controlado pelo Talibã, proibiu universidades de utilizarem livros escritos por mulheres e bloqueou o ensino de direitos humanos, assédio sexual e outras 18 disciplinas consideradas “contrárias à Sharia”. A decisão afeta cerca de 680 obras, incluindo 140 de autoria feminina, e atinge diretamente a formação acadêmica de estudantes, sobretudo mulheres e meninas, que já enfrentam severas restrições educacionais.

Proibição de livros e disciplinas

Entre os livros banidos estão obras técnicas, como Segurança no Laboratório Químico, e títulos de autores iranianos, num total de 679 livros. Segundo autoridades do Talibã, a medida visa impedir a influência de ideias contrárias à lei islâmica e “conteúdo iraniano” no currículo afegão. A decisão foi comunicada às universidades no final de agosto e respaldada por um painel de estudiosos religiosos.

Seis das 18 disciplinas proibidas abordam diretamente questões femininas, como gênero e desenvolvimento, sociologia das mulheres e o papel da mulher na comunicação. O decreto reforça o histórico de políticas misóginas do Talibã, que já restringe o acesso de meninas à educação após a sexta série e encerrou cursos de obstetrícia no final de 2024.


Livros (Foto: reprodução/Getty Images Embed/pocketlight)

Impacto no ensino superior

Professores expressam preocupação com o vazio educacional deixado pela remoção dos livros. Um docente da Universidade de Cabul afirmou que agora precisa preparar capítulos de livros didáticos com base nas restrições do governo, questionando se o conteúdo seguirá padrões globais. Outro alerta que a proibição de obras iranianas e femininas rompe laços com a comunidade acadêmica internacional, dificultando o desenvolvimento científico e acadêmico no país.

A ex-vice-ministra da Justiça, Zakia Adeli, cuja obra foi incluída na lista de proibições, afirmou não se surpreender com a medida, considerando o histórico de quatro anos de restrições do Talibã. “Quando mulheres não podem estudar, suas ideias e escritos também são suprimidos”, destacou.

A decisão reforça o controle do Talibã sobre a educação, aprofundando as barreiras que limitam a participação feminina na sociedade e restringindo o acesso ao conhecimento em diversas áreas, incluindo direitos humanos, comunicação e ciência.

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