Possíveis consequências se Estreito de Ormuz for fechado pelo Irã

Passagem é um dos principais pontos para escoamento de petróleo e gás natural; rota conecta a produção no oriente médio com o mercado internacional

24 jun, 2025
Estreito de Ormuz, no Oriente Médio | Reprodução/Hamad I Mohammed/Reuters
Estreito de Ormuz, no Oriente Médio | Reprodução/Hamad I Mohammed/Reuters

Neste domingo (22), o Parlamento iraniano votou a favor do fechamento do Estreito de Ormuz, responsável por 20% do fluxo de petróleo comercializado globalmente. Para ser implementada, a proposta depende da decisão final do Conselho Supremo de Segurança Nacional do país.

O fechamento do canal entrou em votação após ataques dos Estados Unidos às bases nucleares iranianas e a entrada do país norte-americano no conflito entre Irã e Israel. A situação se agravou também após declarações do presidente Donald Trump à imprensa sobre o bombardeio, que considerou como um “ataque muito bem-sucedido“.

O conflito direto se iniciou com um ataque de Israel no Irã no dia 13 de junho, que mirava bases nucleares e comandantes militares iranianos. 

Canal é ponto estratégico no conflito Irã x Israel 

Variando de 50 km de largura na sua entrada e chegando a 34 km em seu ponto mais estreito, o corredor de Ormuz é uma passagem do Golfo Pérsico para o Golfo de Omã e para o Mar Arábico. O canal abrange a costa sul do Irã, o norte dos Emirados Árabes Unidos (EAU) e uma parte do território de Omã. 

Ormuz possui duas rotas marítimas, cada uma com três quilômetros de extensão. Apesar do país persa não dominar a região completamente, ele possui uma maior vantagem sobre o estreito por conta de fatores geográficos, sendo maior em extensão costeira.


Mapa da região do estreito de Ormuz

Mapa do Estreito de Ormuz (Foto: reprodução/Maps/Google Earth Images) 

Passam diariamente pelo canal 21 milhões de barris de petróleo e derivados, cerca de 30% do consumo mundial, além de um terço do gás natural liquefeito (GNL) do planeta. Para alguns países como Iraque, Kuwait e Catar, o estreito é a única rota marítima de exportação do seu petróleo. Apesar da Arábia Saudita e os EAU possuírem rotas alternativas, apenas uma fração do total exportado consegue ser escoado por essas vias 

Embora Israel esteja distante de Ormuz de um ponto de vista geográfico, um possível fechamento da região pode afetar indiretamente o país, como, por exemplo, com ataques a petroleiras aliadas a Israel. 

Impacto global 

Esta segunda-feira (23) foi marcada por oscilações no preço do barril de petróleo Brent, que terminou o dia com uma desvalorização de 7% nas negociações. A variação é um reflexo da incerteza do mercado frente a escalada dos conflitos no Oriente Médio e a ameaça de fechamento do estreito. 

Para analistas do banco JPMorgan, o pior cenário possível a partir do bloqueio do canal ou de uma retaliação pelos principais produtores da região pode elevar os preços do barril para a faixa de US$ 120 a US$ 130 (R$ 714,75), quase o dobro do que é previsto atualmente. 

Outros impactos para além do aumento imediato no preço do petróleo para produtores e consumidores envolvem, por exemplo, o aumento da inflação e uma crise energética. Segundo John Plassard, estrategista do Grupo Mirabaud, as forças norte-americanas, britânicas e chinesas têm um interesse em comum em manter o canal aberto, “dada sua importância para a segurança energética global e para as economias da Ásia, Europa e outros países” afirma Plassard. 

Embora haja um histórico de ameaças do Irã em bloquear o estreito, o país nunca chegou a realizar a ação completamente.  

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