Lula fala sobre atuação da PF nas investigações da operação Contenção

Nesta terça-feira (4), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que “legistas” da Polícia Federal (PF) participem das investigações acerca da ação policial na megaoperação nos Complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro. A operação da polícia civil e militar ocasionou em mais de 121 mortes e foi considerada a mais letal da história do Rio, ultrapassando o Massacre do Carandiru em número de mortos.

“A decisão do juiz era uma ordem de prisão. Não tinha uma ordem de matança e houve uma matança.” afirmou o presidente em entrevista a agências internacionais em Belém.

A operação Contenção

Na última terça-feira (28), as polícias militar e civil uniram forças para realizar a operação Contenção com o objetivo principal de combater a expansão territorial do Comando Vermelho (CV) e prender líderes da facção criminosa que residiam no Rio e em outros estados. A operação iniciou por volta das 6h da manhã até 21h da noite com mais de 2.500 agentes presentes.

No fim, a megaoperação resultou em mais de 121 mortes e superou o Massacre do Carandiru. Segundo o sociólogo Daniel Hirata, a ação policial foi um “banho de sangue”. O ministro da justiça disse não ter recebido nenhum pedido do governador do Rio, Cláudio Castro, sobre a operação.


Moradores se mobilizam após operação nos Complexos da Penha e do Alemão (Foto: reprodução/Instagram/@brunoitan)


O presidente Lula afirmou que a operação foi uma “matança”. Ele também se pronunciou sobre sua fala dita na sexta-feira (24) em que afirmou que os traficantes de drogas são “vítimas dos usuários”. Lula afirmou que seu “posicionamento é muito claro contras os traficantes e o crime organizado.”

O processo em andamento

“Estamos tentando ver se é possível os legistas da polícia federal participarem do processo de investigação da morte, como é que foi feito, porque tem muitos discursos, tem muita coisa”. A fala de Lula se refere à possibilidade de legistas da PF participarem do processo de investigação sobre as mortes durante a atividade policial que, segundo ele, foi “desastrosa”.

Embora o presidente tenha mencionado convocar legistas da Polícia Federal, esse cargo não existe na corporação. A PF conta apenas com peritos criminais, que atuam na análise de locais de crime e evidências e seriam os responsáveis nesse cenário de participação da investigação da operação Contenção. Já os médicos legistas, responsáveis por examinar corpos e determinar causas de morte, estão vinculados às Polícias Civis estaduais.


Lula sobre a participação da PF na investigação da operação Contenção (Vídeo: reprodução/Instagram/@ptbrasil)


“O dado concreto é que a operação, do ponto de vista da quantidade de mortes, as pessoas podem considerar um sucesso, mas do ponto de vista da ação do Estado, eu acho que ela foi desastrosa”, declarou o presidente. O STF fará uma audiência nesta quarta-feira (5) para tratar do caso.

STF solicita informações a Cláudio Castro após operação policial no Rio

O ministro Alexandre de Moraes, determinou nesta quarta (29) que o governo do Rio de Janeiro passe informações sobre a megaoperação que deixou mais de 100 mortos e marcou uma audiência com o governador Cláudio Castro (PL).  Ele pede para o governador do Rio de Janeiro explicar se as determinações judiciais foram cumpridas nas operações realizadas nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio.

Audiência com Castro

Castro deverá dar as explicações pedidas e uma justificativa para a realização da operação, o número de agentes que participaram, número oficial de mortos e feridos, a adoção de medidas para garantir a responsabilidade em casos de abuso de autoridade, as providências de assistências às vítimas, a comunicação ao Ministério Público e o uso de câmeras.

Moraes determinou que a audiência com as autoridades do Rio de Janeiro seja realizada na próxima segunda-feira (3) na capital do RJ. A primeira audiência será com Castro e com os chefes da Secretaria de Segurança Pública, da Polícia Militar, da Polícia Civil e da Superintendência Geral De Polícia Técnico Científica às 11h, horário de Brasília.

O ministro do STF afirmou que o governador do Rio de Janeiro deverá apresentar todas as informações pedidas de forma detalhada. Já a segunda audiência de Moraes na Capital fluminense será com o presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), com o Procurador Geral de Justiça e com o Defensor Público Geral.

O STF tomou essa decisão após o CNDH (Conselho Nacional dos Direitos Humanos) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) pedirem esclarecimentos para o governo fluminense.


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Governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (Foto: reprodução / Pablo Porciuncula / Getty Images Embed)

O PSB (Partido Socialista Brasileiro), que é autor da ADPF das Favelas no Supremo, pediu a Moraes que determine uma investigação federal que apure se o governo do Rio de Janeiro descumpriu com decisões do Supremo. O partido comenta que as ações realizadas pela polícia revelam “indícios muito fortes de descumprimento das medidas determinadas pela Corte” , já que a autoridade policial afirmou que perdeu parte das imagens das câmeras corporais.

ADPF das favelas

A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) das favelas foi ajuizada no Supremo em 2019 pelo PSB. Em seu início, o partido questiona a violência policial em operações nas comunidades do Rio de Janeiro e procura estabelecer normas para reduzir o número de mortes provocadas por policiais .

Em abril deste ano, o STF chegou a um acordo sobre a ADPF das Favelas e homologou parcialmente um plano do governo do Rio. Plano esse que determinou que o governo do Rio elaborasse um plano para retomar os territórios controlados por organizações criminosas e que apresentassem dados mais transparentes sobre as operações policiais com mortes.

Alexandre de Moraes é o responsável temporariamente pela ADPF das Favelas, enquanto a vaga do ministro aposentado Luís Roberto Barroso não é ocupada.

Operação Contenção supera número de mortos do Carandiru

A megaoperação da polícia do Rio de Janeiro, que ocorreu nos Complexos da Penha e do Alemão na última terça-feira (28), superou o Massacre do Carandiru com 119 mortos. Segundo o coronel Marcelo de Menezes, a ação policial durou cerca de 15 horas, por volta das 6h da manhã até 21h da noite.

A Operação Contenção foi considerada a mais letal da história do Rio.

As marcas da Contenção

A ação, que mobilizou cerca de 2.500 agentes das forças estaduais de segurança, visava combater a expansão territorial do CV (Comando Vermelho) e prender lideranças.


Policiais na Operação Contenção (Foto: reprodução/Instagram/@brunoitan)

De acordo com um balanço do governo do estado, 58 pessoas foram mortas no dia da operação e outros 61 corpos foram encontrados na mata, totalizando 119 mortes.

Entretanto, nesta quarta-feira (29), a Defensoria Pública do Rio apontou um total de 130 mortos nos Complexos da Penha e do Alemão.

O Massacre e a Operação

No dia 2 de outubro de 1992, no Pavilhão 9 da Casa de Detenção de São Paulo, cerca de 111 detentos foram mortos em uma invasão policial para conter uma rebelião. A intervenção foi considerada desproporcional e violenta e intitulada como a maior chacina do sistema carcerário brasileiro.


Detentos no Carandiru (Foto: reprodução/Instagram/@midianinja)

A operação policial deste ano superou não apenas o Massacre no número de mortos, mas também a ação policial do Jacarezinho que ocasionou, em 2021, um total de 28 mortes e a Contenção se tornou a mais letal da história do Rio.


Fachada de casa após operação policial (Foto: reprodução/Instagram/@antonio.gauderio)

No Carandiru, seus pavilhões foram implodidos e deram lugar ao Parque da Juventude, a Escola Técnica de Artes (Etec) e a Etec Parque da Juventude.

Já no Rio de Janeiro, o fim foi diferente. Segundo alguns moradores e ativistas, os próprios cidadãos retiraram os mais de 60 corpos das regiões da mata do Complexo da Penha durante toda a madrugada.

Terror na Times Square: Adolescente abre fogo e fere três pessoas em plena madrugada

Na madrugada deste sábado (9), um tiroteio na Times Square, em Nova York, deixou três pessoas feridas. O suspeito dos disparos é um adolescente de 17 anos, que foi preso após o ataque. A arma usada foi apreendida pela polícia. 

Entre as vítimas estão uma jovem de 18 anos, que sofreu um ferimento superficial no pescoço, um rapaz de 19, baleado no pé direito e um homem de 65 anos, atingido na perna esquerda. Segundo um porta-voz da polícia de Nova Iorque, as vítimas estão estáveis e sendo atendidas em um hospital. 

A polícia isolou a cena e interditou ruas da região para permitir o trabalho das equipes forenses e dos investigadores, que permaneceram no local durante a madrugada. Testemunhas relataram ter observado marcas de tiros na janela de um veículo. Até o momento, não houve nenhuma acusação formal, e o nome do suspeito não foi divulgado por se tratar de um menor de idade. 

Jovem dispara após desentendimento; relação entre as partes ainda é desconhecida

Segundo as autoridades, o jovem teria atirado após uma discussão com uma das vítimas, na esquina da West 44th Street com a 7ª Avenida. Embora ainda não esteja claro se havia algum vínculo prévio entre eles. O caso ocorreu por volta de 1h20 no horário local. 

O episódio teve ampla repercussão nas redes sociais, onde circulam vídeos que mostram o pânico das pessoas no local e a rápida atuação da polícia.


Correria após disparos na Times Square (Vídeo: reprodução/twitter/@antonellibjj_)

Ataques recentes reacendem discussões sobre controle de armas em Nova York

Apesar da redução nos registros de tiroteios em comparação ao ano anterior, os recentes episódios de violência em áreas de grande circulação, como o ataque na Times Square e o tiroteio em um edifício corporativo em Manhattan, reacenderam o debate sobre segurança pública e controle de armas nos Estados Unidos.

Diante do aumento da violência urbana, autoridades locais, incluindo o prefeito Eric Adams, têm defendido a adoção de medidas mais rigorosas, como o fortalecimento das políticas de segurança e intensificação da presença policial em áreas comerciais e pontos turísticos.