Moraes mostra slide em julgamento relacionando Bolsonaro como líder de organização criminosa

O Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, ao votar o mérito da ação penal conhecida como “trama golpista” nesta terça-feira (9), apresentou um slide que posiciona Jair Messias Bolsonaro como líder de uma organização criminosa. O slide, divulgado durante a leitura do voto, relaciona o ex-presidente aos demais sete réus principais no núcleo da trama investigada.

Segundo Moraes, o grupo criminoso teria usado órgãos públicos para monitorar adversários políticos, atacar o Poder Judiciário e desacreditar a Justiça Eleitoral, o resultado das eleições de 2022 e, de maneira mais geral, a democracia brasileira. A demonstração visual foi acompanhada por uma linha do tempo contendo 13 acontecimentos considerados provas da tentativa de golpe de Estado, que vão desde transmissões ao vivo e reuniões internas até planejamento de ações de inteligência em diferentes fases de 2021 a 2023.

Slides de acusações

O slide montado por Moraes inclui o nome de Bolsonaro destacado junto aos de outras figuras centrais do caso: Braga Netto, Mauro Cid, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, além de outros acusados que compõem o núcleo estratégico da organização criminosa. A apresentação teve caráter sintético, indo direto ao ponto visual da acusação, com uso de gráficos e nomes para reforçar a configuração do esquema investigado.

O réu Jair Messias Bolsonaro deu sequência a essa estratégia golpista estruturada pela organização criminosa, sob a sua liderança, para já colocar em dúvida, o resultado das futuras eleições, sempre com a finalidade de obstruir o funcionamento da Justiça Eleitoral, atentar contra o poder judiciário e a garantir a manutenção do seu grupo político no poder, independentemente dos resultados das eleições vindouras“, disse Moraes.


Slide apresentado por Moraes com nome de Bolsonaro e 7 réus (Foto: reprodução/TV Justiça)

Narrativa e linha do tempo

Na linha do tempo, Moraes destacou atos ocorridos entre 2021 e 2023, incluindo ameaças explícitas à Justiça Eleitoral em lives, encontros ministeriais e uso de órgãos como a Polícia Rodoviária Federal e as Forças Armadas para influenciar o processo eleitoral. Em 2023, apontou-se à formação de um “gabinete de crise” após o que foi interpretado como a consumação de um golpe de Estado, culminando na criminalização do esquema como tentativa de perpetuação de poder fora do voto.

Bolsonaro diz ao STF que respeitou posse de Lula e nega tentativa de golpe

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) suas considerações finais no processo em que é acusado de participar de um suposto esquema para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No documento, os advogados afirmam que Bolsonaro nunca adotou qualquer conduta que tivesse como objetivo dificultar a transição de poder e que sempre atuou em defesa da democracia e do Estado de Direito.

De acordo com a equipe jurídica, não há nos autos provas concretas que indiquem participação do ex-mandatário em ações contra o livre exercício dos Poderes. As acusações, segundo a defesa, seriam fruto de interpretações equivocadas e de falas retiradas de contexto. O processo, que conta com quase 200 páginas, será analisado pelo STF nas próximas semanas. Atualmente, Bolsonaro cumpre prisão domiciliar por supostamente tentar interferir nas investigações sobre a tentativa de golpe, conforme decisão do ministro Alexandre de Moraes.

Defesa rejeita acusação de liderança nos atos de 8 de janeiro

Para a Procuradoria-Geral da República (PGR), Bolsonaro teria exercido papel de comando na organização criminosa que articulou os atos de 8 de janeiro e seria o principal beneficiário caso o plano tivesse êxito. A defesa contesta essa tese e afirma que nem a Polícia Federal identificou sua liderança, tampouco qualquer réu confirmou essa versão.


Vidros quebrado durante invasões de 8 de janeiro em Brasília (Foto: Reprodução/Instagram/@acheisudoesteoficial)

Os advogados também negam qualquer ligação do ex-presidente com grupos ou planos mencionados pela acusação, como o “Punhal Verde e Amarelo” e os “Kids Pretos”. Segundo eles, não existe prova que associe Bolsonaro a esses movimentos.

Críticas à acusação e pedido de absolvição

O ex-presidente solicita sua absolvição por ausência de provas e por entender que os fatos narrados não configuram crime. A defesa afirma que o processo está inserido em um contexto de pressão midiática e “julgamento antecipado”, citando reportagens baseadas em fontes não identificadas que teriam reforçado uma narrativa condenatória.

Também é questionada a validade de provas obtidas na delação premiada de Mauro Cid. Os advogados sustentam que a acusação selecionou apenas informações desfavoráveis, desconsiderando elementos que poderiam beneficiá-lo. Por fim, negam a existência de qualquer decreto golpista assinado ou aprovado por Bolsonaro, destacando que nenhuma ação concreta foi executada para intervir no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ou alterar o resultado das eleições.