Lula diz que presidência brasileira do Mercosul gera reflexão sobre a posição global da região

Durante a reunião de cúpula de líderes do Mercosul que aconteceu em Buenos Aires na manhã desta quinta-feira (3), o presidente Lula afirmou durante seu discurso que com o Brasil assumindo a presidência do bloco (pro-tempore), trará uma boa oportunidade para a região analisar sobre a posição que pretende ocupar no mundo diante das dificuldades que a comunidade internacional vem enfrentando.

Segundo ele, a presidência brasileira será representante de uma oportunidade que trará reflexão sobre o lugar que o Mercosul deseja ocupar no “novo tabuleiro global”.

Pontos do discurso

O Brasil assumirá a liderança da cúpula pelos próximos seis meses e para este período o presidente Lula listou cinco prioridades a serem confrontadas. São elas: fortalecimento comercial com parceiros externos; o desenvolvimento tecnológico; o enfrentamento à mudança climática e a promoção da transição energética; a promoção de direitos dos cidadãos sul-americanos e o combate ao crime organizado.


Discurso de Lula (Vídeo: reprodução/YouTube/@uol)

Para a economia, a prioridade entre os integrantes do bloco será a inclusão de setores automotivos e açucareiros na união aduaneira do Mercosul. Lula também quer que um sistema de pagamentos em moedas locais seja criado, mas com a diminuição de custos e riscos cambiais. Ele também pontuou que é preciso que o bloco diversifique parcerias comerciais.

Nas parcerias externas, a promessa foi de avançar nas negociações com Canadá e Emirados Árabes Unidos. Atualizar acordos com Equador e Colômbia e trazer mais atenção para Ásia, na qual ele se referiu como “centro dinâmico da economia mundial”.

Já o acordo com a União Europeia, o presidente acredita que será concluído ainda este ano. Com a conclusão das negociações com a EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio), será possível criar “uma das maiores áreas de livre comércio do mundo”, disse ele.

O Mercosul e a estabilidade

O presidente Lula qualificou o bloco econômico do Mercosul como motivo de estabilidade para os países que são membros ou associados. Segundo ele, a integração das regiões que vieram por meio de acordos comerciais e institucionais nos últimos trinta anos, cooperaram para o aumento da atração de possíveis parceiros.

Lula disse que quando há instabilidade e ameaças no mundo, é natural buscar refúgio em local seguro e que para o Brasil, “o Mercosul é este lugar seguro”. Com regras claras e equilibradas, toda América do Sul virou uma área de livre comércio e fazer parte do Mercosul é estar protegido, seguiu ele.

Com a tarifa externa do bloco blindando guerras comerciais de terceiros, a robustez institucional do Mercosul traz confiança e coloca o bloco numa posição de parceria confiável.

Revista britânica ‘The Economist’ critica posição global do Presidente Lula

Com o título “Presidente do Brasil perde influência no exterior e é impopular em casa”, a revista britânica The Economist elaborou uma análise sobre o cenário político brasileiro e a figura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A reportagem afirma que Lula não apenas tem perdido popularidade no Brasil, mas também perde influência no mundo, na medida que tem adotado uma postura diplomática que se mostra “cada vez mais hostil ao ocidente”.

A revista se refere ao distanciamento brasileiro das posições defendidas pelos Estados Unidos, e por grande parte dos países ocidentais, em contraste com uma notável aproximação com nações como China e Irã. The Economist questiona a lógica por trás dessa estratégia, que, segundo a publicação, tem isolado o Brasil de seus aliados tradicionais e colocado o país em desacordo com democracias ocidentais.

A análise sobre a política interna e externa de Lula

Um exemplo emblemático citado pela The Economist para ilustrar a “postura hostil” do Brasil ao ocidente foi a reação do governo brasileiro aos ataques dos EUA a complexos nucleares iranianos. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou uma nota condenando “com veemência” a ofensiva norte-americana, julgando que a ação colocava em risco civis, violava a soberania iraniana e o direito internacional. Conforme a revista, esse posicionamento coloca o Brasil em desarmonia com outros regimes democráticos do ocidente, que apoiariam apenas, ou expressariam sua preocupação.

Especialmente sobre a Cúpula dos BRICS, que acontecerá no Rio de Janeiro nos dias 6 e 7 de julho, a The Economist levantou uma questão: quão “não alinhado” o Brasil pode realmente se considerar, se referindo à China, à Rússia e ao Irã (incluso no bloco em 2024). Matias Spektor, da FGV, citado pela revista, reforça essa preocupação: “Quanto mais a China transforma o Brics em um instrumento de sua política externa, e quanto mais a Rússia usa o Brics para legitimar sua guerra na Ucrânia, mais difícil será para o Brasil continuar dizendo que não é alinhado”.

A revista chega a apontar que não há registro de encontro pessoal entre Trump e Lula, o que tornaria o Brasil “a maior economia cujo líder não apertou a mão do presidente norte-americano”, em contraste com a dedicação de Lula em cortejar a China e expandir laços comerciais com outros países.

Popularidade em queda e desafios políticos

A fragilidade do Brasil no cenário mundial, segundo a The Economist, é agravada pela queda na popularidade de Lula em casa. A revista observa que a política brasileira tem se inclinado para a direita, menciona o crescimento do cristianismo evangélico no país, e que uma parcela significativa da população ainda associa o Partido dos Trabalhadores (PT) a casos de corrupção do passado, levando os índices de aprovação de Lula ao nível mais baixo de seus três mandatos, com uma tendência de piora. Como exemplo concreto dessa fragilidade interna, usou a recente derrota do governo no Congresso, em sua tentativa de aprovar um decreto que aumentaria o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).


Nas redes, postagem defende que a derrubada do IOF não foi uma derrota do governo Lula, e sim do povo (Reprodução/X/@pedrorousseff)

Além disso, a revista destaca a afinidade entre o movimento “Make America Great Again”, liderado por Donald Trump, e a ideologia do ex-presidente Jair Bolsonaro. A The Economist menciona a possibilidade da prisão de Bolsonaro por supostamente planejar um golpe para permanecer no poder após perder as eleições de 2022. No entanto, salienta que, se Bolsonaro escolher um sucessor e a direita brasileira se unir em torno dessa figura, a presidência poderia estar garantida para eles nas eleições de 2026.

A resposta do Itamaraty

Em sua conclusão, a The Economist observa que apesar dos recentes posicionamentos de Lula na política externa, o presidente norte-americano mal mencionou o líder brasileiro ou o país desde que assumiu o cargo, e que, essa indiferença pode estar relacionada ao déficit comercial do Brasil com os Estados Unidos, em que o Brasil importa mais do que exporta para os americanos. Contudo, a revista sugere que o silêncio de Trump pode ter uma razão mais profunda: “Mas seu silêncio também pode ser porque o Brasil, relativamente distante e geopoliticamente inerte, simplesmente não importa tanto quando se trata de questões de guerra na Ucrânia ou no Oriente Médio”. A revista também aconselha: “Lula deveria parar de fingir que importa e se concentrar em questões mais próximas”.

O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, não hesitou em se posicionar, enviou uma carta oficial defendendo veementemente a liderança global de Lula e sua “autoridade moral”, que, segundo o ministério, é “indiscutível para humanistas de todo o mundo”. A carta argumentou que não adota um “tratamento à la carte” em relação ao direito internacional, tampouco “interpretações elásticas do direito de autodefesa”, recusando a ideia de alinhamentos controversos. O Itamaraty reforçou que o Brasil condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia, a favor de uma resolução diplomática para o conflito. Além disso, a nota destacou o posicionamento de Lula contra os negacionistas climáticos e sua denúncia da “irracionalidade de investir na destruição”, priorizando a luta contra a fome e o aquecimento global, uma agenda que o governo considera humanitária e progressista.

Lula vai revogar decreto sobre custo de translados após morte de Juliana

Nesta quinta-feira (26), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) veio a público em São Paulo para compartilhar que vai anular o decreto que proíbe o governo federal de arcar com os custos de translados de corpos de brasileiros que faleceram no exterior. A ação foi comunicada após o falecimento da Juliana Marins, que caiu durante uma trilha no Monte Rinjani, localizado na Indonésia, o segundo maior do país.

Decreto anulado

Lula comentou ter descoberto um decreto de 2017 que impede que o Itamaraty banque a locomoção de corpos para o país, “Quando chegar a Brasília, vou revogar o decreto e fazer outro para que o governo assuma a responsabilidade de custear as despesas da vinda do corpo dessa jovem para o Brasil”, declarou o presidente.

O presidente não esclareceu, contudo, quais situações em que a nova norma vai valer ou quais partes dos translados seriam custeadas pelo governo.


Juliana Marins (Foto: reprodução/Instagram/@ajulianamarins)

Lula compartilhou que esteve em uma conversa por telefone nesta quinta-feira (26) com a família da brasileira Juliana Marins, que faleceu após cair de uma trilha no vulcão Rinjani, na Indonésia. O presidente ainda comentou sobre a conversa com os familiares, “É um sofrimento que não tem cura. Eu falei para o seu Manoel, a gente vai ajudar no seu sofrimento, resgatando a sua filha e trazendo. Vamos cuidar de todos os brasileiros”, e garantiu que os cidadãos brasileiros teriam todo o suporte no transporte.

Apoio a família

Durante o comunicado, o presidente havia confirmado em uma rede social que ordenou que o Itamaraty concedesse apoio à família. Entretanto, a legislação brasileira não obriga o governo a assumir os custos do transporte e nem os gastos do sepultamento de brasileiros mortos fora do país.


Juliana Marins com familiares(Foto: reprodução/Instagram/@ajulianamarins)

Os familiares da jovem criticaram o atraso para realizarem o resgate da Juliana. O corpo de Juliana foi retirado após quase 15 horas de esforços dos agentes da Agência Nacional de Busca e Resgate (Basarnas), grupo de segurança do país asiático.

Congresso derruba IOF e impõe derrota a Lula em decisão suprapartidária

A votação, que não estava prevista para esta semana, foi realizada na noite desta quarta-feira (25). O presidente da Câmara, Hugo Motta, já havia sinalizado que o governo teria um prazo de 15 dias para tentar evitar a derrubada dos decretos. No entanto, o Senado confirmou a derrota do presidente Lula, ao revogar os decretos que aumentavam o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

Votação suprapartidária e com maioria expressiva

Em um vídeo publicado nas redes sociais, Hugo Motta disse: “Tivemos um dia muito importante para o país. Começamos votando o Projeto de Decreto Legislativo que sustou o aumento do IOF, o Imposto sobre Operações Financeiras. Essa construção se deu de forma suprapartidária e com a maioria expressiva. A Câmara e o Senado resolveram derrubar esse decreto do governo para evitar o aumento de impostos”.

Por meio de votação, a Câmara e o Senado derrubaram o decreto do presidente Lula (PT), representando uma derrota para o governo petista. Na Câmara, 383 deputados votaram a favor da derrubada, enquanto 98 foram contra o PDL (Projeto de Decreto Legislativo). No Senado, a votação ocorreu de forma simbólica.

A proposta ainda precisa ser promulgada pelo Congresso Nacional. Com a aprovação, os decretos do governo sobre o IOF perdem a validade, e voltam a vigorar as regras anteriores sobre a aplicação do imposto.


Imagem do resultado da votação que revogou o aumento do IOF (Foto: reprodução/Instagram/@thenews.cc)

Parlamentares insatisfeitos e queda econômica

O projeto aprovado pelo Congresso seguiu apensado a outras 36 propostas de teor semelhante. A votação refletiu a crescente insatisfação de parlamentares com o Executivo, motivada por atrasos no pagamento de emendas, falhas na articulação política e declarações do governo acusando o Congresso de “chantagem” ao Planalto. Até partidos da base aliada votaram contra o aumento das alíquotas do IOF.

Para a equipe econômica, a derrubada representa a perda de uma arrecadação estimada em R$ 10 bilhões em 2025, o que pode levar a novos bloqueios no orçamento ainda neste ano — que já acumula R$ 31 bilhões contingenciados.

Votos em outras pautas

Na noite de quarta-feira (25), os parlamentares também votaram outra pauta de interesse político. Ambas as Casas aprovaram o projeto que aumenta o número de deputados federais de 513 para 531 a partir de 2027, ano da próxima legislatura.

A decisão precisa ser aprovada pelo presidente Lula e pode custar anualmente cerca de R$ 65 milhões.

Lula emite comunicado sobre morte de brasileira na Indonésia

A morte da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, na Indonésia, gerou uma onda de comoção no Brasil e levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a se manifestar. Lula afirmou que recebeu “com muita tristeza” a notícia de que Juliana foi encontrada sem vida na manhã desta terça (24), após passar quatro dias desaparecida em um penhasco no Monte Rinjani, um vulcão ativo na ilha de Lombok.



Presidente Lula manifesta condolências à Juliana Marins e família (Reprodução: X/@ErikakHilton)

Acidente de Juliana e seus desdobramentos

Nascida em Niterói, formada em Publicidade e Propaganda pela UFRJ e atuante como dançarina de pole dance, Juliana estava em uma viagem pela Ásia e realizava uma trilha guiada no Monte Rinjani, vulcão ainda ativo que se eleva a 3.721 metros de altitude e ao seu redor tem um lago, um destino popular entre aventureiros.

Na madrugada de sábado (21) a jovem se desequilibrou e caiu em uma área de difícil acesso, a centenas de metros da borda da cratera. Testemunhas relataram que, após a queda, Juliana ainda apresentava sinais de vida, conseguindo mover os braços e olhar para cima, tendo ainda registrado a cena em vídeo de drone. A notícia do acidente chegou à família no Brasil cerca de três horas depois do ocorrido.

As operações de busca e salvamento enfrentaram desafios, incluindo o terreno acidentado, as condições climáticas adversas com neblina intensa e quedas bruscas de temperatura, além da falta de equipamentos adequados.

Durante os quatro dias de buscas, a família de Juliana viveu momentos de angústia e expectativa, acompanhando o caso à distância e mobilizando esforços para pressionar as autoridades indonésias a intensificarem o resgate.

As reclamações da família e as suspeitas de negligência



Deputada Federal Erika Hilton (PSOL) denuncia negligência do Estado indonésio (Reprodução: X/@ErikakHilton)

Desde o início das buscas, a família de Juliana Marins tem levantado sérias questões sobre a condução do resgate, apontando indícios de negligência por parte das autoridades indonésias e do guia turístico.

Logo no início das operações de resgate, começaram a surgir relatos e vídeos que afirmavam que ela já havia sido localizada e, inclusive, que havia recebido água, alimentos e agasalhos. A irmã de Juliana, Mariana, precisou vir a público diversas vezes para corrigir as informações, esclarecendo que as equipes de resgate ainda não haviam conseguido chegar até ela, e chegou a relatar que até mesmo vídeos “forjados” foram enviados à família, aumentando a confusão e a dor.

Outro ponto levantado foi a falta de equipamentos adequados, com relatos da irmã de Juliana, Mariana, indicando que as cordas utilizadas nas tentativas de resgate não eram longas o suficiente para alcançar a jovem. Além disso, surgiram contradições nos relatos sobre a atuação do guia, com a família afirmando que ele teria sugerido que Juliana “descansasse” e seguisse viagem, versão negada pelo profissional.

Advogados e juristas apontam que pode haver responsabilidade do Estado indonésio e da agência de turismo/guia local. Em situações semelhantes, no Brasil, prestadores de serviço teriam uma “responsabilização enorme”. Para que o Estado brasileiro atue formalmente, é necessário esgotar os recursos internos na Indonésia e fazer uma solicitação formal.

FGTS inicia nova rodada do saque-aniversário

Na terça-feira (17), o governo federal iniciou uma nova etapa de pagamentos do saque-aniversário extraordinário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), beneficiando mais de 8,1 milhões de trabalhadores. O valor foi liberado após uma alteração temporária nas regras, divulgada em fevereiro.

O saldo do FGTS foi permitido para trabalhadores que passaram a fazer parte do benefício e foram demitidos entre janeiro de 2020 e 28 de fevereiro de 2025. A regra anterior impedia que esse grupo tivesse acesso ao saque.

Nova fase do saque-aniversário libera R$ 6,4 bilhões

O saque-aniversário também busca aprimorar a popularidade do presidente Lula, com 12,1 milhões de pessoas beneficiadas, com estimativa de R$ 12 bilhões em pagamentos.

A primeira fase foi concedida em março, para aqueles que têm saldo de até R$ 3 mil na conta. Nessa nova etapa, os trabalhadores com saldo superior a R$ 3 mil têm autorização para realizar saques.

Os pagamentos nessa fase somam R$ 6,4 bilhões e os saques serão baseados no mês de nascimento dos beneficiários.


Aplicativo FGTS (Foto: reprodução/Joédson Alves/Agência Brasil)

Datas para pagamentos do saque-aniversário

O calendário de pagamentos do saque-aniversário está definido da seguinte forma:

  • 17 de junho: trabalhadores com data de nascimento em janeiro, fevereiro, março e abril, além daqueles que cadastraram conta bancária no aplicativo FGTS;
  • 18 de junho: trabalhadores com data de nascimento em maio, junho, julho e agosto;
  • 20 de junho: trabalhadores com data de nascimento em setembro, outubro, novembro e dezembro.

Prazos e regras para saque do FGTS

O governo informou que o valor médio por beneficiário será de R$ 7,7 mil, realizado na conta cadastrada no aplicativo FGTS até o dia 28 de maio. Para aqueles que cadastraram a conta após essa data, é necessário comparecer a uma agência da Caixa, casa lotérica ou terminal de autoatendimento para efetuar o saque.

Os trabalhadores que tiveram o saque liberado nas agências durante a primeira fase têm até 27 de junho para fazer a retirada. Depois dessa data, valem as regras originais do saque-aniversário.

Essa medida também é para aqueles que foram demitidos sem justa causa a partir de março de 2025 e que optaram pelo benefício. Nesse caso, o saldo do FGTS permanece retido, sendo paga apenas a multa rescisória de 40%. As outras regras do programa continuam válidas.

Congresso derruba vetos de Lula e conta de luz pode encarecer até R$ 197 bilhões

Na terça-feira (17), o Congresso Nacional tomou a decisão de rejeitar alguns dos vetos que o presidente Lula havia aplicado a uma lei que, em sua essência, visava regular a produção de energia eólica. Essa resolução implica que certos pontos, antes retirados por Lula, agora entram novamente em vigor. Entre eles, estão medidas que, conforme relatos de organizações do setor elétrico, têm o potencial de aumentar consideravelmente as despesas para os consumidores do Brasil.

Esses pontos, apelidados de “jabutis” por tratarem de temas fora do objetivo inicial da proposta, foram inseridos durante a seção no Congresso. De acordo com estimativas feitas pela FNCE e pela Abrace Energia, o impacto financeiro pode alcançar R$ 197 bilhões até 2050, com reflexo direto de até 3,5% na conta de luz.

Custos adicionais e preocupação para o consumidor

Os principais trechos reincorporados à lei incluem a contratação obrigatória de 4,9 gigawatts (GW) de pequenas centrais hidrelétricas, a produção de hidrogênio líquido a partir de etanol no Nordeste e a extensão de contratos do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) por mais 20 anos. Somente a contratação das hidrelétricas representa um custo estimado de R$ 140 bilhões no período até 2050.

O presidente da FNCE criticou a decisão e não descartou a possibilidade de ingressar com uma ação no STF. Segundo ele, além de tornar a tarifa mais cara, a medida pode gerar um efeito cascata em outros setores da economia, como comércio e serviços.


Seção do Congresso nesta terça-feira (17) (Foto: reprodução/Andressa Anholete/Agência Senado)

Setor elétrico teme retração nas energias renováveis

As entidades também alertam que a decisão pode prejudicar o avanço das fontes renováveis no país. Na avaliação de representantes do setor, a obrigatoriedade de contratação sem base em planejamento técnico pode aumentar a sobreoferta de energia e forçar cortes em usinas solares e eólicas.

Além dos pontos já votados, ainda restam R$ 348 bilhões em potenciais impactos de outros trechos da lei que o Congresso deve analisar em breve, incluindo subsídios ao carvão e ao gás, além de incentivos à energia solar. Caso todos os dispositivos sejam confirmados, o custo total pode chegar a R$ 545 bilhões até 2050.

Lula pede para STF suspender processos relacionados ao INSS

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva encaminhou nessa quinta-feira (12) uma medida provisória ao STF solicitando a suspensão de todas as ações que deram seguimento aos prejuízos aos aposentados e pensionistas do INSS. A ação faz valer para os processos entre março de 2020 e março de 2025.

Governo teria identificado uma suposta litigância

A ação foi movida e protocolada a mando do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, junto do advogado Jorge Messias, que pertence à Advocacia Geral da União (AGU), com motivo de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF). Entendendo que alguns escritórios de advocacia estariam agindo de má-fé, com uma suposta litigância, comprometendo a segurança orçamentária da União.

“É muito importante que seja conferida uma solução célere e definitiva pelo STF, a fim de proteger nossos aposentados, permitir a restituição administrativa de forma eficaz e segura e evitar que milhões de ações sejam ajuizadas para tramitarem por anos e anos no Judiciário”, destacou o advogado-geral da União, Jorge Messias.


INSS começa a enviar as respostas das entidades sobre os descontos realizados nos benefícios(Foto: reprodução/Instagram/@inss_oficial_gov)

Justificativa da suspensão

A intervenção do presidente Lula e da Advocacia Geral da União (AGU) é de inteira proteção aos segurados que já foram lesados pelos descontos, e que todos devem aguardar até segunda ordem a restituição dos valores retirados de suas contas que será encaminhado de forma administrativa, sem precisar de qualquer abertura de processo judiciário. Entretanto, o governo afirma que o movimento antecipado dos escritórios pode acabar gerando falsas expectativas aos que já foram lesados.
Em abril desse ano, a polícia federal, em parceria com CGU, Controladoria Geral da União, havia identificado um esquema de fraude ao INSS com rombo de R$ 6,3 bilhões retirados das contas dos aposentados e pensionistas, o que resultou em uma das maiores fraudes e prejudicou milhões de beneficiários.