Relatório da PF liga Bolsonaro a rede de monitoramento ilegal na Abin

PF conclui que Bolsonaro sabia do esquema ilegal na Abin e foi beneficiado relatório inclui Carlos Ramagem e mais 37 nomes ligados à espionagem

18 jun, 2025
Ex-Presidente Jair Bolsonaro | Reprodução/X/@bbcbrasil
Ex-Presidente Jair Bolsonaro | Reprodução/X/@bbcbrasil

A Polícia Federal concluiu o inquérito sobre o esquema ilegal de monitoramento na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), conhecido como “Abin paralela”, e entregou o relatório final ao Supremo Tribunal Federal (STF). A investigação indica que servidores, policiais e agentes ligados à Abin montaram uma organização criminosa para espionar, sem autorização judicial, autoridades que eram consideradas adversárias do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Segundo o relatório da PF, o grupo teria invadido e rastreado ilegalmente milhares de celulares e computadores com uso de ferramentas da própria Abin. Entre os alvos da espionagem estão ministros do STF, parlamentares e jornalistas. A corporação afirma ainda que o grupo produzia e disseminava informações falsas sobre essas pessoas.

Carlos e Ramagem são indiciados

O documento entregue ao STF lista 37 nomes que podem ter participado do esquema. Entre os indiciados estão o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL), o ex-diretor da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) e o atual diretor da agência, Luiz Fernando Corrêa.


Jair Bolsonaro depondo no STF sobre a tentativa de golpe (Vídeo/Reprodução/Instagram/@jairmessiasbolsonaro)

Bolsonaro apontado como beneficiário

A Polícia Federal também apontou que o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha conhecimento da atuação ilegal do grupo e era o principal beneficiário das informações coletadas. Ele já havia sido indiciado anteriormente e responde por organização criminosa no processo sobre a tentativa de golpe de Estado. Neste novo inquérito, a PF reforça os indícios de sua responsabilidade.

De acordo com a investigação, Ramagem teria estruturado todo o esquema de espionagem enquanto dirigia a Abin, e Carlos Bolsonaro seria o responsável por disseminar os dados obtidos de forma ilegal.

Com a conclusão do inquérito, o STF deve encaminhar o caso à Procuradoria-Geral da República (PGR), que poderá apresentar denúncia formal à Justiça ou pedir o arquivamento.

As defesas de Carlos Bolsonaro e Alexandre Ramagem afirmaram que só irão se pronunciar após a análise do relatório. A defesa de Jair Bolsonaro ainda não se manifestou. A reportagem não conseguiu contato com Luiz Fernando Corrêa.

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