Armani Privé celebra 20 anos com desfile em preto absoluto

Nesta terça-feira (8), a grife italiana Armani, com sua linha Privé, revelou sua mais nova coleção de inverno 2025 de alta-costura em um momento de grande celebração e reverência, marcando suas duas décadas da linha mais exclusiva da renomada maison. Carregando o nome Noir Séduisant, a coleção mergulhou na rica simbologia do preto, uma cor que, para Giorgio Armani, nunca é apenas neutra, mas sim uma paleta repleta de expressões sofisticadas.

Quase todos os 77 looks do desfile foram desenvolvidos em tons de preto total, intercalando apenas texturas, pesos e brilhos para multiplicar sua leitura estética: os veludos densos, as sedas líquidas, o tule bordado, o zibeline opaco e também detalhes metálicos que se revezavam em diversas camadas de significados. A cor, frequentemente associada à sobriedade, ganhou aqui contornos sensuais, aristocráticos e até futuristas.

A apresentação aconteceu no novo Palazzo Armani, edifício que abriga o ateliê de alta-costura da maison em Paris, além do showroom e dos escritórios criativos. O local foi transformado em um circuito de passarela íntima, com salas conectadas por cortinas pesadas e tapetes escuros, evocando os desfiles de salão das grandes maisons francesas do século XX. A ausência do estilista — que não pôde comparecer aos eventos presenciais por questões de saúde — foi sentida, mas isso não diminuiu a aura de sofisticação e o controle artístico que são marcas registradas do seu trabalho.

A linguagem da forma: alfaiataria, estruturas e silhuetas

Desde os primeiros looks, Armani traz de volta seu vocabulário visual mais icônico: a alfaiataria impecável, os volumes bem equilibrados e a mistura harmoniosa entre os códigos masculinos e femininos. Smokings reinterpretados, fraques em veludo com lapelas satinadas, jaquetas curtas com cinturas marcadas, blazers usados sobre a pele nua ou com finas gravatinhas de cetim desenham o corpo com sobriedade quase escultural.



As calças surgem em cortes variados — cigarrete, pantalonas ou levemente evasês — e os tailleurs ganham peplum, ombros erguidos e formas angulosas. As referências náuticas aparecem nos casaquetos com suas passamanarias e na leve estética militar das camisas listradas brilhantes. Ao mesmo tempo, pequenos detalhes como cintos, faixas e laços trazem um toque especial à feminilidade, sem que isso a torne frágil.

O preto, longe de ser apenas uma escolha fácil, atua como um elemento gráfico que dá destaque à forma. Armani reafirma sua convicção de que a rigidez formal pode, de fato, evocar emoções.

Rigor e brilho: vestidos de gala e fetiche couture

A segunda parte da coleção nos leva a um mundo de gala, onde o luxo é apresentado com uma elegância sutil. Vestidos em coluna feitos de tule, organza ou cetim, adornados com toques de ouro fosco ou prateado, exibem drapeados delicados, costas nuas, golas plissadas, plastrons etéreos e saias volumosas que parecem flutuar levemente. Os adornos — entre eles franjas de miçangas, cristais pavê, bordados de jato e punhos-joia — refletem a luz sem ostentação, criando um jogo de sombra e brilho que só é possível com o domínio artesanal da alta-costura.



Em diversos momentos, os vestidos são complementados por sapatos baixos ou sandálias delicadas, transmitindo uma sofisticação moderna que não precisa de artifícios para se destacar. Os toques de cor aparecem de maneira intencional: bordados em azul petróleo, rubi ou esmeralda surgem como pequenos respingos de joia sobre o preto, ressaltando a preciosidade do conjunto.

A mulher Armani — neste momento — flerta com a imagem de Marlene Dietrich, incorpora códigos andróginos e ao mesmo tempo desliza com delicadeza pelo espaço. Um exercício de equilíbrio entre força e fragilidade.

Beleza minimalista e atmosfera de ateliê

O visual das modelos reforçava a atmosfera de rigor da coleção. A maquiagem — assinada por Hiromi Ueda — apostou em uma combinação gráfica entre sombras pretas marcando o côncavo e branco esfumado nas pálpebras, chegando até as sobrancelhas, que surgiam apagadas, em tom acinzentado. A pele tinha um aspecto uniforme e natural, sem blush ou contornos. Os lábios tinham um leve tom rosado, quase como se fossem translúcidos. Os cabelos, meticulosamente arrumados para trás e adornados com boinas e acessórios, reluziam com um brilho polido, formando uma estética que parecia quase líquida.


Padrão seguido para cabelo e maquiagem do desfile (Foto: Reprodução/Fashion Network)

A cenografia do desfile, com sua luz suave e uma música de cordas tocando em um ritmo lento, criou uma atmosfera de introspecção e reverência — como se cada look fosse uma escultura viva em movimento. Os convidados descreveram a experiência como uma verdadeira imersão no coração do ateliê, onde o silêncio só era quebrado pelo som dos passos cuidadosos das modelos.

Um marco silencioso na história da maison

Celebrando duas décadas da linha Privé, o desfile de inverno 2025 não se jogou em mudanças drásticas ou gestos exagerados. Em vez disso, trouxe à tona a verdadeira essência do que a marca representa: precisão, elegância sutil e um olhar que valoriza o passado, sem perder de vista o desejo por inovação. Ao optar quase que exclusivamente pelo preto, Giorgio Armani reafirma que o que realmente importa — quando feito com maestria — é sempre suficiente.

Iris van Herpen inova na alta-costura com hologramas

Hoje na Semana de Moda de Alta Costura, de Paris  a estilista holandesa Iris van Herpen surpreendeu o público ao apresentar sua coleção Inverno 2025/2026, intitulada “Sympoiesis”, que explora a tecnologia dos hologramas para criar efeitos visuais que não são vistos da moda tradicional. Com um desfile que misturou arte, ciência e inovação, Iris trouxe para a passarela peças que parecem vivas e etéreas, marcando mais uma vez sua assinatura visionária.

Uso de hologramas no tecido

Durante o desfile, hologramas foram projetados sobre os tecidos e no ambiente ao redor das modelos, criando efeitos tridimensionais que mudavam conforme o movimento das peças. Os hologramas foram aplicados para gerar reflexos, transparências e movimentos dinâmicos, conferindo às roupas uma dimensão adicional e efeitos visuais inéditos. A combinação entre as projeções e os tecidos permitiu que as peças apresentassem variações visuais ao longo do desfile.


O primeiro look do desfile (Video: Reprodução/Instagram/@irisvanherpen)

O desfile contou com uma coreografia elaborada para sincronizar o movimento das modelos com as projeções holográficas. O espaço escuro do salão destacou os efeitos digitais, que interagiam com as roupas e assim foi criado uma atmosfera futurista, ultrapassando o formato tradicional de apresentação.

Materiais sustentáveis

Além da incorporação de hologramas, a coleção apresentou propostas alinhadas à sustentabilidade e à inovação biológica. O look de abertura, batizado de “Living Look”, foi desenvolvido em parceria com a bio-designer Chris Bellamy  e trouxe uma abordagem inédita com um  o vestido é formado por 125 milhões de algas bioluminescentes, capazes de emitir luz ao reagirem ao movimento do corpo. O vestido foi usado pela modelo Stella Maxwell, a peça foi cultivada em água salgada e encapsulada em um gel nutritivo, protegido por uma camada translúcida que permite a passagem de luz e oxigênio.

Famosas marcam presença no desfile da Schiaparelli

Como já virou tradição, a Schiaparelli foi a responsável por abrir oficialmente a temporada de alta-costura em Paris. Na manhã desta segunda-feira (07), a maison apresentou sua coleção de Inverno 2025 em um cenário digno do legado surrealista deixado por Elsa Schiaparelli, sob a direção criativa de Daniel Roseberry.

A primeira fila, como de costume, estava repleta de celebridades, fashionistas e amigas da marca. Dua Lipa, Hunter Schafer, Cardi B e Karol G chamaram atenção não só pela presença marcante, mas pelos looks que usram para assistir ao desfile.

Dua Lipa e Hunter Schafer

Uma das mais aguardadas do desfile, Dua Lipa chegou usando um vestido branco coberto por plumas, com fenda frontal e recorte no busto, com sapatos pretos estilo Mary Jane e brincos grandes em preto e branco, a cantora britânica trouxe ainda um toque retrô que contrastava com o ar futurista do vestido.


Dua Lipa no desfile da Schiaparelli (Foto:Reprodução/Jacopo Raule/Getty Imagens Embed)

Hunter Schafer destacou-se na fila A do desfile da Schiaparelli, usando um deslumbrante vestido listrado em verde-menta e creme. A peça, com visual retrô-chic e modelagem estruturada, Hunter complementou o look com um  coque baixo e brincos statement de pérola e cristais.


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Hunter Schafer no desfile da Schiaparelli (Foto:Reprodução/Jacopo Raule/Getty Imagens Embed)

Conhecida por sua personalidade explosiva e estilo marcante, Cardi B fez uma entrada memorável no desfile ao surgir com um vestido preto de veludo que trazia mangas largas e detalhes de franjas em pérolas, mas o ponto alto do look foi o corvo vivo que ela carregava em seu braço.


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Cardi B no desfile da Schiaparelli (Foto:Reprodução/Jacopo Raule/Getty Imagens Embed)

Karol G

Enquanto Cardi apostava no maximalismo, Karol G trouxe um visual que unia sensualidade e sofisticação. A cantora colombiana vestiu um vestido preto estilo sereia, com corset ajustado ao corpo e uma longa cauda, o vestido valorizava suas curvas.


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Karol G no desfile da Schiaparelli (Foto:Reprodução/Jacopo Raule/Getty Imagens Embed)

A Semana de Alta-Costura de Paris segue até a próxima quinta-feira, 11 de julho, com desfiles de nomes como Dior, Chanel, Valentino e Jean Paul Gaultier. A programação reúne as principais grifes do circuito couture e promete novas tendências, interpretações criativas e momentos de grande repercussão no mundo da moda.

Confira a programação completa da Semana da Alta-Costura 2025 de Paris

Começou hoje (07) um dos eventos mais aguardados do mundo da moda: a Semana da Alta Costura de Paris 2025. Os desfiles apresentam as coleções de inverno de diversas marcas, como Schiaparelli, Chanel, Balenciaga e Elie Saab. Um dos desfiles mais aguardados acontece na quarta-feira, já que Demna fará seu último desfile pela Balenciaga. Confira a programação completa no horário de Brasília.

Programação Semana da Alta-Costura inverno 2025

7 de julho (segunda-feira)

05h – Schiaparelli.

07h – Iris Van Herpen.

08h – Georges Hobeika.

09h 30 – Imane Ayissi.

11h – Rahul Mishra.

12h30 – Julie de Libran.

14h30 – Giambattista Valli.

8 de julho (terça-feira)

05h – Chanel.

9h30 – Stéphane Rolland.

10h30 – RVDK Ronald van der Kemp.

11h30 – Juana Martín.

12h30 – Ashi Studio.

13h30 – Giorgio Armani Privé.

9 de julho (quarta-feira)

05h – Robert Wun.

06h – Franck Sorbier.

7h – Balenciaga.

08h30 – Yuima Nakazato.

09h30 – Elie Saab.

11h – Viktor & Rolf.

12h30 – Zuhair Muhad.

14h30 – Maison Margiela.

10 de julho (quinta-feira)

05h30 – Aelis.

06h – Ardazaei.

08h30 – Peet Dullaert.

09h30 – Rami Al Ali.

11h – Adeline André.

12h30 – Germanier.

Destaques da Semana de Alta-Costura 2025

Na quarta-feira acontece um dos desfiles mais aguardados: Demna se despede da Balenciaga após uma década como diretor criativo. Ainda em setembro deste ano, o designer fará sua estreia na Gucci. No dia 10 de julho, a Germanier – do suíço Kevin Germanier -, fecha a temporada de desfiles, mas alguns fashionistas aguardam ansiosos pelo desfile, já que a coleção tem colaboração do brasileiro Gustavo Silvestre. Apesar de algumas marcas como Dior, Valentino e Jean Paul Gaultier não apresentarem suas coleções nesse desfile, outras marcas como Schiaparelli – que sempre faz a abertura dos desfiles -, Elie Saab e Chanel estarão presentes. Inclusive, este será o último desfile responsável pela equipe da Chanel, já que Matthieu Blazy assumirá o cargo de diretor criativo da maison.


Giorgio Armani Privé Alta-Costura primavera/verão (Foto: reprodução/Pascal Le Segretain/Getty Images Embed)

A Semana da Alta-Costura de Paris tem uma importância gigante no mundo da moda, já que são nos desfiles que os designers apresentam o auge da sua criatividade e habilidades artesanais. O Haute Couture é definido como o ápice da moda, já que é necessário seguir critérios rigorosos: possuir um ateliê na cidade, empregar, ao menos, 15 pessoas em tempo integral, criar peças sob medida e apresentar duas coleções anuais com o mínimo de 25 peças – em cada coleção. Durante os desfiles da Alta-Costura, é possível ver tradição e inovação se unindo.

Dior aposta nas bolsas masculinas sob olhar de Jonathan Anderson

Para coroar sua estreia no comando da linha Dior Homme, o estilista irlandês Jonathan Anderson entregou muito mais do que uma coleção: apresentou um manifesto visual que resgata os códigos da maison para o século XXI, sempre de forma sofisticada e ousada. A coleção masculina primavera-verão 2026, desfilada nos jardins circundantes aos “Les Invalides”, em Paris, caracterizou-se pela formalidade contemporânea, reverência ao legado do fundador e, acima de tudo, pela ascensão das bolsas como um aspecto central campo de montagem.

Com volumes, texturas e funções totalmente novos para os trajes reaproveitados dos arquivos da década de 1940, as bolsas eram sem dúvida as estrelas da produção. Elas não apenas marcavam o ritmo visual da coleção, mas também simbolizavam o anúncio de uma nova era, na qual os acessórios do homem deixam de ser meros acessórios e se tornam os verdadeiros protagonistas. Tiracolos cruzados ao peito, grandes e imponentes totes, sem mencionar as reinvenções chiques da bolsa modelo carteiro, esses acessórios constituíram os princípios fundamentais da linguagem de Anderson na Dior.

A bolsa como protagonista da vez

Funcionais, sofisticadas e adaptáveis a diferentes formas de uso, as bolsas que foram desfiladas na nova coleção de Anderson trazem agora uma abordagem híbrida que flerta com o universo genderless. A passarela foi tomada por modelos usados de maneira estratégica: cruzados sobre o tórax, pendurados nas costas ou apoiados sobre um dos ombros, em gestos que sugerem não apenas estilo, mas também movimento e praticidade.



Assim, a cartela de cores neutras, passando pelos tons de cinza, off-white ou preto, reforçou a versatilidade das peças. Ao mesmo tempo, o design que harmoniza estrutura e maleabilidade garante o impacto sem comprometer a usabilidade. Alças largas, fechos discretos e materiais de alta qualidade garantem, enfim, que as bolsas possam ser vistas como parte de um novo paradigma de luxo, no qual a forma e a função se encontram em proporções precisas.

A releitura literária da Book Tote

Entre os acessórios mais incríveis, entretanto, a nova versão da Dior Book Tote é incidental. Idealizada por Maria Grazia Chiuri em 2018 – um marco de seu design – recebeu uma reinicialização subversiva sob a direção de Anderson. Dessa vez, a peça clássica é revolucionada com as lombadas de clássicos como Drácula, A Sangue Frio, Bonjour Tristesse e Ligações Perigosas.



O efeito visual é imediato: trata-se de um acessório que não apenas carrega objetos, mas também carrega um significado. Robustas, em cores clássicas e proporções oversized, as novas totes sugerem uma pessoa ou um homem que viaja pelo mundo com estilo, repertório e intencionalidade. Ao trazer ícones literários para o universo estético da maison, Anderson insinua uma nova concepção de intelectualidade na moda que reúne desejo, cultura e identidade.

A estética do movimento

Mais do que a funcionalidade, as bolsas projetadas por Anderson revelam uma busca por fluidez. A forma como elas são usadas, com naturalidade, adaptadas aos gestos de cada modelo, aponta para uma moda que respeita o movimento do corpo e também abraça a multiplicidade de comportamentos. A ausência de rigidez reforça a abordagem contemporânea da Dior, agora comandada por um diretor que se mostrou sensível ao cruzamento entre tradição e liberdade.



Enquanto o traje revisitava peças icônicas como a barra, a alfaiataria eduardiana ou o short delft, os acessórios ancoravam o discurso visual, sem mais precisos. A bolsa masculina deixa de ser um tabu ou nicho e torna-se o centro da esfera masculina, manuseada, elegante e universal.

Entre passado e futuro

A escolha por tratar a bolsa como uma peça-chave da coleção também funciona como ponto de partida simbólico da nova fase da Dior. Jonathan Anderson, que já é reconhecido por sua abordagem artesanal e também por ressignificar os códigos clássicos na “Loewe”, traz agora à maison francesa um olhar que alia o savoir-faire tradicional à experimentação conceitual.


Desfile Dior Homme | Spring Summer 2026 (Vídeo: Reprodução/YouTube/FF Chanel)

Assim, ao recriar a Book Tote com títulos de obras literárias, o estilista carimba um ato de memória — trazendo de volta o logotipo tradicional da marca — e projeta um futuro em que a moda dos homens adota cultura, propósito e estilo de vida incorporados mais naturalmente.

Com isso, as bolsas ganham uma narrativa própria dentro da coleção, aproximando-se da arte e da autobiografia, ao mesmo tempo, em que mantêm sua função primordial: carregar o mundo de quem as usa.

Uma nova era na Dior Homme

A estreia de Anderson teve todos os ingredientes de um momento marcante: cenário simbólico, primeira fila estrelada — com nomes como Rihanna, Robert Pattinson e Daniel Craig —, estética apurada e peças com potencial de virar objeto de desejo. Mas, acima de tudo, deixou claro que o estilista norte-irlandês não pretende apenas dar continuidade à herança da Dior: ele quer ressignificá-la.

A Dior Book Tote literária, ao lado dos tiracolos arquitetônicas, não são apenas acessórios. São declarações. Em uma coleção que funde tradição e renovação, as bolsas surgem como emblemas de um tempo que pede leveza, inteligência e expressão — não apenas nos trajes, mas também nos detalhes.

Marc Jacobs transforma Biblioteca Pública de NY em passarela

Aconteceu ontem (30) na Biblioteca Pública de Nova Iorque, o desfile da coleção outono/inverno 2026, da grife americana Marc Jacobs. Ao total, foram apresentadas 18 peças, entre vestidos, calças, saias e camisas, com proporções maiores, indo para um lado mais teatral.

Marc Jacobs foge do óbvio em sua nova coleção

Fugir do óbvio sempre foi uma das marcas do americano Marc Jacobs, e isso fica claro em todas as suas coleções. Na noite de ontem (30), a grife americana apresentou uma coleção de 18 peças. Intitulada “Beauty”, a coleção apresentou peças cheia de volume e silhuetas, indo na contramão do minimalismo.

Na coleção é possível ver peças inspiradas na Era Vitoriana, calças cargos extra-largas e também estampas florais. O contraste entre as texturas também chamou do público presente, mostrando a ideia de Jacobs tendo a moda como uma ferramenta de provocação e expressão. Suéteres acolchoados, calças com pregas e vestidos extra-volumosos tomaram conta da passarela.



Os acessórios e calçados também foram um show à parte. Botas com curvas foram um dos pontos altos nessa coleção. Além disso, os laços – apresentados de forma maximalista -, estavam presentes tanto como acessório nos cabelos das modelos, quanto nas roupas. Já a maquiagem possuía tons mais terrosos, como marrom e vinho, combinando com os lábios mais claros, deixando o destaque do desfile para as peças.



Sobre Marc Jacobs

Nascido em Nova Iorque em 1963, Marc Jacobs se formou na Parsons School of Design e, 1984. No ano de 1986, lançou sua marca homônima, com ajuda de Robert Duffy. Em 1997, foi nomeado diretor criativo da Louis Vuitton – onde permaneceu no cargo até 2013 -, e lá ajudou a transformar a maison, com diversas colaborações. Entre essas colaborações, estavam artistas como Stephen Sprouse e Takashi Murakami.

Ainda nos anos 2000, o designer cria a linha Marc by Marc Jacobs, que tinha uma pegada mais jovial e acessível para as pessoas, além de criar linhas de perfumes icônicas, como os perfumes Marc Jacobs Women e Marc Jacobs Men e Lola. Além da perfumaria, Marc Jacobs também expandiu seus negócios para bolsas e acessórios. Marc Jacobs é conhecido por fugir do minimalismo e focar no exagerado, com peças quase teatrais. Os volumes e sobreposições também fazem parte da identidade do designer e da marca.

Celebridades brilham no desfile de Jacquemus

O estilista Simon Porte Jacquemus transformou o Palácio de Versailles em uma verdadeira passarela de sonhos ao apresentar sua nova coleção neste domingo (29), durante a Paris Fashion Week. Com um cenário histórico de tirar o fôlego, a apresentação atraiu uma constelação de estrelas do cinema, da música e do universo fashion e fez mais uma vez que seus desfiles memoráveis da marca.

Famosos que compareceram ao desfile

Entre os destaques, Matthew McConaughey surgiu acompanhado da esposa Camila Alves, exibindo sintonia em looks sóbrios e refinados. O casal chamou atenção ao posar com tranquilidade em meio ao glamour francês, provando mais uma vez que elegância e carisma caminham juntos. Camila apostou em alfaiataria oversized, enquanto Matthew surgiu com blazer claro e sapatos clássicos.


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Matthew McConaughey e Camila Alves McConaughey no desfile do Jacquemus (Foto/Reprodução/Pascal Le Segretain/Getty Images)

Emma Roberts foi uma das primeiras a atrair os flashes. Com saia de tule volumosa e top preto, ela combinou feminilidade e atitude. O look foi finalizado com óculos escuros e cabelo preso, em um visual moderno e ousado. Ao seu lado, Gillian Anderson manteve a aura de sofisticação com um vestido preto de gola alta e acessórios discretos, apostando em um styling mais  atemporal para o desfile.


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Emma Roberts e Gillian Anderson no no desfile do Jacquemus (Foto/Reprodução/Pascal Le Segretain/Getty Images)

Desfile em um lugar histórico

O desfile de Simon Porte Jacquemus ocorreu no histórico Palácio de Versailles, trazendo uma coleção que une simplicidade e elegância de forma impecável. As peças apresentadas refletiram a essência da marca, destacando cortes minimalistas, uma paleta de cores neutras e tecidos fluidos que remetem à leveza e ao frescor característicos do estilista. O desfile explorou formas suaves e naturais, criando um contraste harmonioso com a grandiosidade do cenário histórico.

Jacquemus transforma raízes rurais em alta-costura em nova coleção

O estilista Simon Porte Jacquemus mostrou mais uma vez seu domínio em transformar sua própria história em arte no encerramento da temporada masculina de Paris, neste domingo (29). No suntuoso Palácio de Versalhes, seu desfile foi um lembrete de que o designer é um contador de histórias visuais e, com certeza, um mestre da alta-costura.



Imagens da memória da família de Jacquemus como inspiração para sua nova coleção (Foto/reprodução: Instagram/@jacquemus)

Uma leitura bucólica da moda no Campo de Versalhes

O desfile da coleção “Le Paysan” (O Camponês) para o inverno 2025/2026 foi uma onde às raízes rurais de Jacquemus. Na Orangerie, que é não só uma estufa de cítricos luxuosa, mas um grande e elegante jardim de inverno, parte da magnificência do Palácio, o designer teceu uma narrativa que combinou elegância rústica com habilidade artesanal.


Jacquemus apresenta "Le Paysan", coleção inverno 2025/2026 da marca, em 29 de junho, no Palácio de Versalhes, França (Foto/reprodução: Instagram/@jacquemus)

Com “Le Paysan”, o designer quis ir além da sua bolsa micro-mini que dominou as redes sociais e fez um convite para observarmos como ele vem aprimorando sua técnica e execução. Em peças majoritariamente “planas”, ele expandiu, plissou e inverteu silhuetas, como vestidos que pareciam ter sido usados do avesso. Havia claras referências ao ‘New Look’, volumes estratégicos e, sobretudo, um desejo evidente de mostrar a lapidação de seus acabamentos.



“Le Chiquito", bolsa minúscula lançada em 2018 na coleção outono/inverno que causou alvoroço nas redes sociais e na imprensa de moda (Foto/reprodução: Instagram/@my.bag.diary)

A arte do storytelling dominada

As imagens de Jacquemus se tornam instantaneamente virais, quase nos fazendo esquecer que estamos consumindo moda. Ele é um expert em nos levar para seu universo pessoal, seja por pores do sol paradisíacos, campos de lavanda ou pomares de frutas.

Em “La Croisière” (FW 2025) ele resgatou a alta-costura francesa e o glamour de Hollywood em um cenário intimista de um apartamento projetado por Auguste Perret. A coleção foi apresentada em janeiro, marcando seu retorno ao calendário oficial da Paris Fashion Week, após um hiato de alguns anos, como uma imersão nos anos 1950. Silhuetas A-line, casacos ópera com estampa animal, luvas de couro longas e saias de poá com caudas dramáticas, remetiam a um estilo mais “adulto” e clássico.


"La Croisière" desfile da Fashion Week 2025 de Jacquemus (Foto/reprodução: Instagram/@jacquemus)

Antes disso, para celebrar os 15 anos da marca com a coleção Cruise 2025 (AW24), Jacquemus transportou seu público para a icônica Casa Malaparte, em Capri, em uma homenagem vibrante ao filme ‘New Wave’ e à sensualidade descontraída de Brigitte Bardot, reafirmando sua conexão com o Mediterrâneo e a arte de criar atmosferas inesquecíveis.


Coleção Cruise 2025, Casa Malaparte, em Capri, ilha da Itália (Foto/reprodução: Instagram/@jacquemus)

A coleção “Le Paysan” sinaliza um amadurecimento na marca, onde o produto e sua confecção são tão importantes quanto a imagem. Ele nos levou de volta à sua infância no campo, mas com a bagagem de quem domina a técnica e a narrativa, provando que sua trajetória é um contínuo aprimoramento entre raízes, arte e sofisticação.

Desfile da Louis Vuitton une cultura e espetáculo no alto do Pompidou

Pharrell Williams transformou o primeiro dia da Semana de Moda Masculina de Paris em um espetáculo visual e simbólico. No topo do Centre Pompidou, um dos cartões-postais culturais da cidade, a Louis Vuitton apresentou sua coleção primavera-verão 2026 com uma cenografia inspirada no tradicional jogo “Cobras e Escadas”. A metáfora visual se estendia à passarela, pintada com serpentes e quadrados gigantes em marrom e bege, e ao convite do desfile: um conjunto de dados dentro de uma elegante miniatura de baú da maison.

O cenário, assinado pelo arquiteto Bijoy Jain, do “Studio Mumbai”, antecipava a fusão que viria: uma coleção que conecta elementos da estética indiana com os códigos históricos da Louis Vuitton, agora mediados pelo olhar contemporâneo e urbano de Pharrell.

Entre o dandismo e o streetwear

As primeiras entradas já davam o tom: alfaiataria estruturada, mas reinventada, com peças como calças de gancho baixo, inspiradas na tradicional dhoti indiana, combinadas a blazers com bordados marcantes e bolsos cargo. Apostando em camisas abertas, regatas de malha, meias brancas com sapatos clássicos, até chinelos de dedo foram incorporados ao styling da grife, em uma forma de quebrar as convenções da formalidade masculina.



A coleção transita com certa fluidez entre o dandismo elegante e o streetwear descontraído, refletindo assim o estilo pessoal do diretor criativo e também a sua visão de um homem global, urbano e sensível à cultura. A cartela de cores avança do neutro ao vibrante: cinza, marinho e marrom ganham a companhia de roxo, amarelo, vinho e verde — especialmente nas bolsas.

Arquivo, cinema e desejo

Pharrell recorreu aos arquivos da maison para revisitar um capítulo icônico: as malas criadas em 2007 por Marc Jacobs para o filme “Viagem a Darjeeling”, de Wes Anderson. Com estampas de elefantes, girafas e coqueiros, os elementos gráficos foram reeditados não apenas nas bolsas, mas também em peças de vestuário, evocando uma estética nostálgica e artesanal, que conversa tanto com o cinema quanto com o turismo de luxo.


Malas criadas por Marc Jacobs para "Viagem a Darjeeling" (Foto: Reprodução/Fashion Network)

O humor e a ousadia também apareceram em forma de acessórios como a bolsa com estampa animal e nas mochilas de couro com efeito dégradé. Ao final, Pharrell surgiu de moletom e bermuda esportiva, sintetizando assim em seu próprio look o espírito da coleção: leve, híbrida e carregada de significados.

Encantamento em forma de desfile

Mais do que apresentar uma coleção, Pharrell Williams utilizou o desfile como uma ferramenta narrativa e também de branding. A música ao vivo com o coral gospel “Voices of Fire” e a escolha do Pompidou como o palco, símbolo da arte moderna e da experimentação cultural, reforçam a ideia de espetáculo multimídia, em que moda, som e arquitetura dialogam com grande naturalidade.


Desfile Louis Vuitton Menswear 2026 na Paris Fashion Week (Vídeo: Reprodução/YouTube/Fashion Feed)

A estratégia também se alinha à lógica atual do luxo, que exige mais do que roupas: requer encantamento, valor simbólico e relevância cultural. Pharrell entende que o desfile é, antes de tudo, um evento que precisa ser lembrado e compartilhado, de forma orgânica, por uma audiência global conectada.

Luxo sob nova direção

O desfile marcou o quinto de Pharrell à frente da linha masculina da Louis Vuitton e acontece em um momento bem sensível para a indústria. A desaceleração global no consumo de artigos de luxo, apontada em diversos relatórios recentes, já impacta o desempenho de grandes grupos como o LVMH. Em meio a essa maré atual, a grife tem se posicionado com grande força estética, apelo midiático e também uma estratégia de soft power cultural, alinhando assim moda, arte, performance e memória afetiva.

Enquanto parte do setor aposta em coleções conservadoras para garantir estabilidade, Pharrell investe em narrativas visuais e afetivas que miram não apenas o cliente fiel da maison, mas também uma nova geração de consumidores, aqueles para quem a moda também é entretenimento, identidade e expressão global.

Saint Laurent resgata silhuetas leves e descontraídas na Paris Fashion Week masculina

A Saint Laurent deu início à temporada primavera-verão 2026 da Semana de Moda Masculina de Paris com um desfile que apontou para o desejo de leveza, sensualidade e espontaneidade. A apresentação, realizada na Bourse de Commerce, centro de arte contemporânea de François Pinault, dono do grupo “Kering”, marcou o retorno oficial da maison ao calendário masculino após mais de dois anos de ausência.

Assinada pelo estilista belga-italiano, e atual diretor criativo, Anthony Vaccarello, a coleção apostou em desconstruir a formalidade da alfaiataria com códigos de conforto e também uma dose de melancolia elegante. Camisas acetinadas, shorts com corte de alfaiataria, blazers amplos e tecidos translúcidos deram o tom da passarela que mesclava certas referências da juventude de Yves Saint Laurent à estética andrógina já consolidada sob o comando atual da grife.

Fluidez em meio à alfaiataria

O primeiro look da grife na passarela, uma camisa amarela açafrão com microshorts marrom de alfaiataria, já anunciou o espírito que a coleção traria: solar, solto e com leve toque de hedonismo urbano. A ideia de leveza se traduziu em peças com alguns volumes estratégicos, tecidos maleáveis e gestos aparentemente despreocupados, como as mangas arregaçadas das camisas ou os cintos desfeitos, pendendo pelas calças de cintura marcada.


Primeiro look do desfile de Saint Laurent na Semana de Moda Masculina de Paris 2026 (Foto: Reprodução/Fashion Network)

A alfaiataria perdeu a rigidez clássica: os ombros não eram mais armaduras, mas curvas suavizadas; os tecidos, como o nylon translúcido e o algodão leve, escorriam pelo corpo. Em vez do“power dressing” típico da estética corporativa, surgia um convite ao despojamento consciente, um romantismo seco, quase pragmático. A gravata, usada para dentro da camisa em alguns looks, fazia alusão às imagens de bastidores do próprio Yves nas décadas de 1980 e 1990.

Um retorno estratégico ao calendário oficial

A presença da Saint Laurent na abertura da temporada masculina foi estratégica. A maison que estava ausente do calendário da moda desde janeiro de 2023, retornou em meio a um cenário instável atualmente para o setor de luxo, com grande retração de consumo global e mudanças aceleradas nas diretorias criativas de diversas grifes.


Postagem com cortes de alguns looks desfilados pela Saint Laurent (Vídeo: Reprodução/Instagram/@hypnotique)

Com isso, o desfile carregou muito mais do que valor estético: serviu como reposicionamento. Vaccarello, à frente da Saint Laurent desde 2016, entregou consistência visual e coesão com a consolidada identidade da marca. No entanto, a pressão por renovação e impacto cresce, principalmente entre os investidores, compradores e também o público jovem, hoje mais volátil e sensível a movimentos de ruptura.

A urgência por frescor criativo

Apesar do domínio técnico e da clara leitura da herança da grife, a coleção não escapou das comparações com temporadas anteriores. As paletas de cores, como ameixa, ocre, verde musgo, azul piscina e laranja queimado, foram quase idênticas às da linha feminina anterior. A silhueta manteve a assinatura já conhecida de Vaccarello, mesmo que de forma mais solta.



É nessa zona de conforto que reside o dilema: até que ponto a continuidade é uma força e não uma limitação? Em tempos de queda de lucros e troca de cadeiras no topo das maisons, o mercado exige não só beleza e técnica, mas também desejo. Se a moda masculina vive um momento de esgotamento criativo, como apontam especialistas e compradores, talvez a próxima coleção precise arriscar mais, explorar novas proporções, narrativas ou até colaborações.

Moda masculina em transição

A Saint Laurent inaugura uma semana de moda que, apesar das incertezas, promete redefinir os rumos da moda masculina. Com nomes como Jonathan Anderson (estreando na Dior), Pharrell Williams (pela Louis Vuitton) e a chegada de jovens estilistas como Julian Klausner (na Dries Van Noten), Paris tenta responder a uma demanda por renovação, autenticidade e novas formas de expressar masculinidades.

No contexto atual, a coleção de Vaccarello funciona como um tipo de transição: não revoluciona, mas reposiciona a marca. Ao evocar o passado com sofisticação e também desacelerar a silhueta sem abandonar o rigor da construção, ele propõe um olhar mais suave e consciente sobre o vestir masculino, ainda que o futuro exija mais ousadia.