Saúde

Reino Unido se torna o primeiro país do mundo a aprovar tratamento que usa a edição genética

O governo britânico autorizou a realização do procedimento em pacientes com mais de 12 anos, com um quadro de anemia falciforme ou β-talassemia. Estima-se que 2 mil pessoas vão se beneficiar com o tratamento

20 Nov 2023 - 10h30 | Atualizado em 20 Nov 2023 - 10h30
Reino Unido se torna o primeiro país do mundo a aprovar tratamento que usa a edição genética Lorena Bueri

O Reino Unido se tornou o primeiro país do mundo a aprovar a regulamentação de um tratamento médico que envolve uma ferramenta de edição genética, chamada CRISPR. A técnica fez com que suas duas criadoras, Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna,  ganharam o Prêmio Nobel de Química no ano de 2020. Ele foi aprovado pelo governo britânico para tratar de duas doenças de sangue: a anemia falciforme e a β-talassemia.

A Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA) do país afirmou na última quinta-feira (16), que deu luz verde a um tratamento conhecido como Casgevy, baseado em dois ensaios clínicos. Neles, 28 dos 29 pacientes com anemia falciforme deixaram de apresentar dores intensas e 39 dos 42 pacientes com β-talassemia não precisaram mais  fazer transfusões de sangue por pelo menos um ano. As pesquisas com novos tratamentos continuaram acontecendo no Reino Unido, nos Estados Unidos, na França, na Alemanha e na Itália. 

No Reino Unido estima-se que cerca de 15 mil pessoas têm a doença, a maioria com raízes familiares africanas e caribenhas. Quase 300 bebês nascem no Reino Unido com doença falciforme todos os anos. Já a doença,  β-talassemia , é estimada em afetar diretamente mais de mil pessoas. Elas geralmente têm origens familiares de regiões como o Mediterrâneo, o Sudeste Asiático e o Oriente Médio. 

Como o tratamento funciona

O tratamento Casgevy começa quando os médicos retiram as células-tronco produtoras de sangue da medula óssea dos pacientes. Depois disso, eles utilizam a enzima CRISPR–Cas9 para editar os genes dos pacientes que codificam a hemoglobina nas células que são tratadas. O processo depende da molécula do RNA que guia a Cas9 para a região correta do DNA. Essa enzima corta o gene alvo,  que é chamado de BCL11A. 

Em seguida, esse gene impede a produção de uma forma de hemoglobina saudável. Dessa forma, ao interromper este gene, o tratamento Casgevy libera a produção da hemoglobina fetal. Esta, por sua vez, não possui as anormalidades que causam a doença falciforme ou a β-talassemia.

Depois disso, é feita a transfusão do material genético que é editado geneticamente pelo paciente. Porém, antes de fazer isso é preciso preparar a medula óssea para que ela possa receber as células que foram modificadas. 

Após isso, os médicos administram as células-tronco e elas dão origem a glóbulos vermelhos que têm a hemoglobina fetal. O resultado é que as dores da anemia falciforme diminuem e o fornecimento de oxigênio da β-talassemia é  restabelecido.

Neste tratamento existem possíveis efeitos colaterais, como náuseas, fadiga, febre e um aumento de riscos de infecções. Por conta disso, após o tratamento os pacientes precisam pelo menos passar um mês internados, com acompanhamento profissional. 


Reino Unido se tornou o primeiro país do mundo a aprovar o tratamento de edição genética. (Foto: reprodução/ Claudioventrella/Envato)


Futuro do tratamento 

A revista Natura destacou que a abordagem feita pelo CRISPR às vezes pode fazer modificações genéticas que não são intencionais. Com isso, podem ter efeitos colaterais que ainda são desconhecidos. A MHRA quanto o fabricante do tratamento afirmam que estão monitorando a segurança da tecnologia.

No momento, a agência reguladora dos EUA (FDA) e a Agência Europeia de Medicamentos também estão revisando o tratamento para decidir a sua aprovação para o uso no tratamento de ambas as doenças. Porém, os especialistas acreditam que esse novo tratamento ficará disponível apenas para países ricos ditos “ricos”. 

No Reino Unido, é especulado que o preço do tratamento do Casgevy possa custar cerca de 1 milhão de libras (R$ 6 milhões, na cotação atual) ou pode ser ainda mais caro, que pode ser considerado um preço muito alto para os serviços públicos de saúde.

Em abril deste ano, o Instituto de Revisão Clínica e Econômica dos Estados Unidos calculou que o tratamento só seria rentável caso seu preço ultrapassasse a casa de 1,5 milhão de libras (R$ 9 milhões, na cotação atual). 

O Casgevy é um tratamento que é personalizado e único, ele é feito a partir de ajustes nas células do próprio paciente — o que faz com que o processo seja caro e demorado. Além disso, os responsáveis também acrescentam na conta os custos com a pesquisa e o desenvolvimento.

A Vertex, empresa farmacêutica americana que é  responsável pela terapia gênica, deseja que o produto seja utilizado de forma ampla. Para isso, precisará estabelecer um preço que os serviços públicos de saúde estejam preparados para pagar.

 

Foto destaque: pesquisadora trabalhando em um laboratório. (Reprodução/Freepick)

Lorena Bueri CEO, Lorena Bueri, madrinha perola negra lorena bueri, lorena power couple, lorena bueri paparazzi, Lorena R7, Lorena Bueri Revista Sexy, Lorena A Fazenda, Lorena afazenda, lorena bueri sensual, lorena gata do paulistão, lorena bueri gata do paulistão, lorena sexy, diego cristo, diego a fazenda, diego cristo afazendo