Saúde

Mulher descobre que tem dois úteros 11 anos após dar à luz

Aos 31 anos, Jade Williams descobriu que o motivo do alto fluxo menstrual era decorrente do chamado útero didelfo ou útero duplo

30 Mai 2024 - 13h55 | Atualizado em 30 Mai 2024 - 13h55
Mulher descobre que tem dois úteros 11 anos após dar à luz  Lorena Bueri

A britânica Jade Williams, que vive em Basigstoke, Inglatera, descobriu ter uma rara e congênita condição conhecida como útero duplo ou útero didelfo onze anos após ter a primeira filha. Com cólicas fortes e intenso fluxo menstrual, a gerente de uma unidade do McDonalds procurou uma unidade hospitalar para investigar o problema, mas nenhum médico conseguiu explicar ou solucionar o caso. A suspeita inicial era do retorno de um cancêr descoberto ainda na gravidez, o que foi descartado quando a jovem de 31 anos buscou outro hospital e realizou um exame capaz de detectar a presença do segundo útero. 

Usando mais de 30 absorventes por ciclo, ela contou em entrevista com a imprensa que o sangramento intenso começou após o nascimento da filha, o que a impedia de sair de casa por conta de vazamentos que não cessavam mesmo com o uso de roupas íntimas, calças e protetores.

Segundo uma entrevista de Williams à agência de notícias SWNS, os médicos falavam que ela tinha uma chance em um milhão de ter a condição. Ainda de acordo com os profissionais, é normal que mulheres com  o útero duplo tenham parto prematuro e complicações durante a gestação. "Todos os meus bebês nasceram prematuros, então isso faz sentido", revelou a britânica. 

Útero duplo ou útero didelfo

Mayo Clinic, da organização americana sem fins lucrativos, afirma que útero didelfo é uma má formação uterina que se desenvolve nas primeiras semanas de vida intrauterina do feto quando define o sexo biológico, nestes casos, feminino. Neste período, o útero, ao invés de formar uma cavidade, forma duas pequenas cavidades que se fundem até formarem um órgão reprodutor só com dois colos uterinos, podendo conter tamanhos iguais ou diferentes (uma maior que a outra) e cada uma é ligado a uma tuba e um ovário.

Estudos explicam que essas cavidades não se unem por completo como deveria e se desenvolvem como dois na parte superior da vagina, o que é considerado uma falha no desenvolvimento embrionário. Richard Davis, médico especialista em gestação de alto risco, explica que 0,3% das mulheres nascem assim.


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O útero didelfo é uma condição rara (Foto: reprodução/Getty Images Embed)


Anomalias

Existem outros tipos de anomalias, como: útero unicorno, útero bicorno e útero septado, que intervêm nas funções uterinas, podendo afetar o funcionamento normal do útero e levar a problemas. O diagnóstico precoce é importante para amenizar os sintomas na saúde feminina e reduzir os riscos na gravidez. O pequeno espaço dos hemiúteros não impede a concepção, mas pdoe provocar abortamentos, restrição no crescimento fetal, perdas gestacionais no segundo trimestre e parto prematuro.

Os sinais e sintomas das malformações uterinas variam de acordo com o tipo de anomalia. No caso do útero didelfo pode não ter manifestações sintomáticas para algumas mulheres, enquanto em outras podem causar menstruação com frequência irregular ou fluxo escasso (oligomenorreia); cólicas menstruais intensas (dismenorreia); sangramento uterino disfuncional; dor durante a relação sexual (dispareunia). Os indícios também fazem parte da sintomatologia de várias doenças ginecológicas e podem ser confundidos com outros quadros.

Durante a gravidez, é possível levantar a suspeita de útero didelfo devido ao sangramento que pode ser persistentes na cavidade não grávida. Em alguns casos, a mulher pode ter superfetação, uma vez que a gestação é iniciada no segundo útero e  depois o primeiro já tem uma gravidez em desenvolvimento.

A cirúrgia é indicada em boa parte dos casos, com o objetivo de corrigir a estrutura uterina, preservar a fertilidade da mulher e minimizar os incômodos. As cirurgias ficam reservadas em casos de perdas gestacionais frequentes. Pacientes assintomáticas ou com fatores de infertilidade não podem se submetidas a intervenções cirúrgicas sem alta necessidade.

Mulheres com útero didelfo e dificuldade de engravidar podem tentar o tratamento com a FIV (fertilização in vitro), depois de avaliações médicas para analisar o nível de comprometimento do órgão. Em outros casos mais graves, com risco de perdas constantes, uma possibilidade é o útero de substituição.

 

Foto Destaque: mulher gestante (Reprodução: Getty Images Embed) 

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