Recentemente, a partir de estudos relacionados ao tema, foi desenvolvido um método capaz de identificar casos mais severos da esteatose hepática – FIB-4. A fórmula funciona como uma calculadora e, através da inserção de alguns dados, é possível chegar a um pré-diagnóstico.
Ela se funda em quatro informações que devem ser devidamente preenchidas: Idade, TGO (U/L), TGP (U/L) e Plaquetas (X1000/mm3). Tal calculadora pode ser acessada a partir do site https://www.endodebate.com.br/calculadora-fib-4/. Caso o resultado seja superior a 1.3, a situação deverá ser melhor estudada pelo médico, com a solicitação de exames mais específicos.
Segundo o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, a fórmula “é um recurso simples e valioso para investigarmos melhor quem tem um problema sério no fígado e às vezes não tem sintomas, nem faz ideia disso”. Mas uma coisa precisa estar clara – nada substitui a avaliação de um médico. Inclusive é interessante que a fórmula seja utilizada com a supervisão de seu endocrinologista.
Esteatose hepática é o termo usado para representar “o acúmulo de gorduras no fígado provocada, na maioria das vezes, pela obesidade. Pode, porém, ter outras causas, como o excesso de ingestão alcoólica, as hepatites, a exposição de trabalhadores da indústria a produtos químicos tóxicos para o fígado (exposição laboral) e o uso de anabolizantes”, informou o dr. Domingos Malerbi, médico endocrinologista no Hospital Israelita Albert Einstein.
A condição é muito comum em toda a população mundial. Há estudos que apontam que cerca de 30% das pessoas a possuem, sendo que no caso dos diabéticos do tipo 2, essa condição chega a atingir 80% dos casos. Em pessoas obesas essa estimativa se iguala.
Segundo o Hospital Albert Einstein mais de dois milhões de novos casos surgem no Brasil todos os anos.
“Nos Estados Unidos, a esteatose já se tornou a segunda maior causa de câncer de fígado. Fora isso, sabemos que sua presença está associada a maior risco de problemas cardiovasculares”, diz o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri.
Imagem de um fígado saudável e outro com esteatose hepática (Reprodução/site mdsaude)
A principal causa está relacionada a hábitos alimentares e ausência de exercícios físicos: “Se as pessoas comem uma refeição por dia em um restaurante fast-food, elas podem pensar que não estão fazendo mal. No entanto, se essa refeição for igual a pelo menos um quinto de suas calorias diárias, eles estão colocando seus fígados em risco”, afirma a hepatologista Ani Kardashian.
Ela informa ainda que “Fígados saudáveis contêm uma pequena quantidade de gordura, geralmente menos de 5%, e mesmo um aumento moderado de gordura pode levar à DHGNA (doença hepática gordurosa não alcoólica)”.
No geral, a condição não apresenta sintomas, ocorrendo o diagnóstico por exames de imagem abdominal (Ultrasom, Tomografia ou Ressonância).
Há tratamento a partir de remédios, mas a principal recomendação é a mudança de hábitos, como uma alimentação saudável e exercícios físicos. Carnes vermelhas e bebidas alcoólicas devem ser evitadas, assim como leite, laticínios, frituras e industrializados. Frutas, verduras e alimentos não gordurosos são muito bem vindos. A esteatose hepática, caso não tratada, pode evoluir para a cirrose e até mesmo o câncer de fígado.
Foto destaque: Fígado representado no corpo humano. Reprodução/Blog Esadi