Saúde

Impressão digital pode revolucionar diagnóstico do câncer de mama

Pesquisa revolucionária pode tornar a identificação de câncer de mama mais acessível e menos invasiva substituindo mamografia com o uso de impressões digitais

04 Jan 2024 - 20h30 | Atualizado em 04 Jan 2024 - 20h30
Impressão digital pode revolucionar diagnóstico do câncer de mama Lorena Bueri

Pesquisadores da Universidade Sheffield Hallam, na Inglaterra, investigam a substituição da mamografia, um exame caro e doloroso, pela análise de impressões digitais em pacientes suspeitos de terem câncer de mama. A nova técnica promete aumentar significativamente o número de testes realizados e o número de vidas salvas pelo diagnóstico precoce.


Laboratório para exames de câncer de mama (Foto: reprodução/Thinkstock/Veja) 


Das investigações criminais para o diagnóstico do câncer de mama

As impressões digitais são bastante utilizadas na investigação forense, já que permitem traçar um perfil do suspeito, podendo incriminá-lo (ou não) por meio das informações levantadas sobre seu estilo de vida.

A identificação se dá pela análise da composição molecular do suor contido nas digitais, e o exame é feito por meio da espectrometria de massa, um sistema que mede o peso atômico das partículas e moléculas.

Simona Francese, professora de espectrometria de massa forense e bioanalítica na Sheffield Hallam University, explica como a descoberta aconteceu.

A maior parte da minha pesquisa tem sido, há quase 15 anos, em ciência forense, mas descobri há alguns anos a possibilidade de passar do diagnóstico forense para o diagnóstico médico usando o suor”.

A descoberta do novo método na Inglaterra 

Traçando perfis de supostos criminosos, Francese percebeu que o mesmo procedimento poderia ser usado para identificar marcadores cancerígenos.

O suor contém muitas moléculas diferentes, mas o que nos interessa são as proteínas […] Essas proteínas, os diferentes níveis de expressão e diferentes fatores de expressão dessas proteínas nos dizem se um paciente tem uma patologia benigna, se tem câncer em estágio inicial ou se é metastático. Usamos inteligência artificial para dar sentido a esses dados de espectrometria de massa”, afirma Francese.

Segundo o Dr. Jim Langridge, membro científico da Waters Corporation, é a partir das manchas das impressões digitais que se pode identificar, por meio da diferenciação, as amostras cancerígenas.


Mulher segurando símbolo do Outubro Rosa, mês de combate ao câncer de mama (Foto: reprodução/Angiola Harry/Unsplash)


A esperança é de que, no futuro, a detecção do câncer de mama seja possível pela simples análise da impressão digital, um procedimento não invasivo que substituiria a mamografia, exame doloroso e que obriga os pacientes a se dirigirem a centros especializados cujas consultas levam, no mínimo, 20 minutos.

Simona Francese lembra que, atualmente, apenas a mamografia e a biópsia são exames capazes de identificar o câncer de mama e finaliza dizendo: “Eu vou continuar a encorajar as mulheres para fazerem esses exames, porque eles ainda salvam vidas”.

Foto destaque: impressão digital, usada em investigações forenses, pode ajudar na luta contra o câncer (Reprodução/Imago Images/Science Photo Library)

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