Uma idosa de 81 anos identificou um bebê calcificado após ter um quadro de infecção grave. A condição, chamada de litopedia, foi identificada após a paciente dar entrada no hospital, onde identificaram que o feto estava guardado por mais de cinco décadas. Após o diagnóstico, a mulher sofreu uma infecção generalizada, provocada a partir de uma infecção urinária, e acabou falecendo.
O que é litopedia
A litopedia, uma condição extremamente rara, surge de uma gravidez ectópica, isto é, que o óvulo se desenvolve fora do útero e das tubas uterinas, evoluindo para a morte fetal e calcificação, sendo responsável por 1 a 2% das gestações.
A incidência estimada é de 1 por 10 mil nascimentos e 1,4% das gravidezes ectópicas. O feto, resultante de uma gravidez abdominal não reconhecida, pode se calcificar e não ser detectado por décadas, podendo causar complicações futuras.
O evento é raríssimo, ocorrendo em apenas 0,0054% de todas as gestações e resultando em cerca de 330 casos conhecidos em todo o mundo, segundo um estudo de 2019 publicado na SciELO. Além disso, cerca de 1,5 a 1,8% dos bebês abdominais podem se tornar litopédios.
A condição é identificada com exames de imagem (Foto: reprodução/skaman306/Getty Images)
Reação do corpo
A gravidez normalmente ocorre dentro do útero, mas em algumas situações pode acontecer fora dele. Quando isso ocorre, o feto pode não causar sintomas evidentes, passando despercebido até que o sistema imunológico da mãe o reconheça como um corpo estranho e o envolva com uma substância calcificada para protegê-lo de infecções. Esse "bebê de pedra" pode permanecer não detectado por décadas, podendo resultar em complicações futuras se não for diagnosticado corretamente.
O diagnóstico preciso é essencial para prevenir essas complicações. O ginecologista João Bosco Borges ressalta que esse tipo de complicação é mais comum em países em desenvolvimento, indicando uma possível falha no diagnóstico precoce.
Os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos indicam que a maioria das pacientes com essa condição não apresenta sintomas, e o diagnóstico normalmente ocorre de forma incidental em exames de imagem. Os sintomas podem incluir dor abdominal, constipação crônica, obstrução intestinal, formação de fístula e abscesso pélvico.
Foto destaque: Bebê pedra alojado no interior da idosa (Reprodução/G1)