No mês passado (novembro), o Ministério da Saúde comunicou a possibilidade de diminuição do intervalo entre a segunda dose da vacina contra a Covid-19 e a dose de reforço. Antes do anúncio, a dose extra do imunizante era aplicada após seis meses da aplicação de 2ª dose, ou seja, quando a pessoa estivesse com todo sistema vacinal completo. Conforme anunciado pelo órgão, o novo calendário será antecipado para cinco meses e a imunização será para todos os adultos com 18 anos ou mais. Anteriormente, a imunização era realizada apenas em idosos maiores de 60 anos, profissionais da saúde e imunossuprimidos.
Programa de imunização contra a covid-19 (Foto: Reprodução/Tomaz Silva/Agência Brasil)
O governo do estado de São Paulo resolveu reduzir ainda mais o intervalo e divulgou que aplicará a dose de reforço em indivíduos com o passaporte vacinal completo há pelo menos quatro meses. A decisão causou divergência entre especialistas.
Segundo o imunologista Gustavo Cabral, a decisão não teve base científica "É uma decisão política, nada científica. Não tem necessidade. Ideia era que fosse em 6 meses. Aí vem o Ministério da Saúde falar que precisamos levar em consideração 5 meses pelo possível decréscimo da imunidade. A gente até compreende, embora não seja preciso. Não vai fazer diferença. Agora tem resposta do governo do estado. Vamos para 4 meses. Fica bem claro que é briga política. Não está levando em consideração análises científicas.” declarou Cabral.
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A redução em São Paulo, inclusive, fez com que a Anvisa pedisse a reavaliação do calendário de aplicação da terceira dose. A Agência afirmou na sexta-feira (3) que não existem evidências de que os benefícios da antecipação superem potenciais riscos de uma aplicação diferente do que consta na bula do dos imunizantes. A Prefeitura manteve o calendário mesmo assim.
Uma informação que a antecipação poderia fazer mal à saúde foi repassada através das redes sociais e aplicativos de mensagens. A mensagem não tem base em estudos científicos e caracteriza ser mais uma Fake News envolvendo a campanha de vacinação no Brasil.
Para Alexandre Naime, infectologista e professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista), a diminuição para quatro meses não faz mal à saúde e não é pioneira, uma vez que outros países já adotaram a estratégia de controle da transmissão.
Foto Destaque: fachada do prédio do Ministério da Saúde. Reprodução/Bruno Rocha/Fotoarena.