Trump nega envolvimento em ataque israelense ao Catar
Trump culpa Netanyahu por ataque ao Catar; ofensiva israelense ameaça trégua em Gaza e provoca condenação de líderes internacionais

O recente bombardeio de Israel contra o Catar, em meio às negociações por um cessar-fogo em Gaza, desencadeou uma onda de reações internacionais e abriu uma nova frente de tensão diplomática. A ofensiva surpreendeu aliados estratégicos e gerou críticas de líderes globais, colocando ainda mais pressão sobre o governo de Benjamin Netanyahu e expondo divergências entre Israel, Estados Unidos e União Europeia quanto aos rumos do conflito.
Trump é informado em cima da hora e nega envolvimento
Autoridades dos EUA confirmaram que Donald Trump só soube da operação pouco antes de sua execução, informado pelo general Dan Caine, chefe do Estado-Maior Conjunto. Logo em seguida, o então presidente solicitou a Steve Witkoff, enviado especial da Casa Branca e interlocutor próximo ao governo do Catar, que alertasse Doha sobre a ofensiva iminente.
Em coletiva, Trump procurou se afastar da responsabilidade pelo ataque e direcionou críticas ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. “Não vejo essa situação como positiva. Queremos os reféns de volta, mas não concordamos com a forma como tudo foi conduzido”, afirmou.
Netanyahu justifica ataque, Hamas fala em sabotagem
Israel alegou que a operação foi uma resposta ao atentado em Jerusalém, ocorrido na véspera, que matou seis israelenses e foi reivindicado pelo Hamas. Netanyahu reforçou que a guerra poderia terminar “imediatamente” caso o grupo aceitasse a proposta de cessar-fogo apresentada por Trump.
O Hamas reagiu com dureza, acusando o governo israelense de inviabilizar a negociação: “Atacar os negociadores justamente quando discutiam a proposta de trégua confirma que Netanyahu não deseja chegar a nenhum acordo e busca deliberadamente fracassar os esforços internacionais, sem se importar com a vida de seus prisioneiros.”, afirmou o grupo em comunicado.
Explosões na capital de Doha, Catar, devido a ataque israelense contra autoridades do Hamas na cidade (Foto: reprodução/Jacqueline Penney/AFP)
Casa Branca e Catar criticam ação unilateral
O Catar, anfitrião de diversas rodadas de diálogo para uma trégua em Gaza, considerou o ataque uma violação de sua soberania. Washington também reagiu de forma contundente. A porta-voz Karoline Leavitt afirmou que “bombardear unilateralmente uma nação soberana e aliada próxima dos EUA, que atua corajosamente na busca da paz, não promove os objetivos de Israel nem dos Estados Unidos.”, disse Karoline.
Repercussão internacional
A resposta de Israel gerou indignação em várias capitais. A Turquia acusou Netanyahu de transformar o terrorismo em política de Estado, enquanto a Rússia classificou a ação como uma séria violação da Carta da ONU. O Reino Unido também se posicionou contra o ataque, destacando o risco de implosão das negociações em andamento.
Na União Europeia, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que apresentará uma proposta de sanções contra membros do governo israelense de linha dura e poderá rever parcialmente o acordo de associação com Israel. A iniciativa, motivada pelo agravamento da crise humanitária em Gaza, ainda enfrenta resistência de alguns países, mas reflete uma mudança de postura da UE em relação ao governo Netanyahu.